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Descoberto fóssil raro de planta primitiva extinta na região do Bussaco

"Descoberta espetacular" tem cerca de 300 milhões de anos.

Notícias ao Minuto

11:22 - 28/08/24 por Notícias ao Minuto

País Fóssil

Um investigador do Centro de Geociências do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) descobriu um fóssil de uma planta primitiva que existiu na região do Bussaco há cerca de 300 milhões de anos. 

 

Numa nota enviada esta quarta-feira ao Notícias ao Minuto, a faculdade explica que o especialista "encontrou um estróbilo fóssil de um novo género e nova espécie de planta articulada extinta - Bussacoconus zeliapereirae gen. et sp. nov. (Sphenophyllales, Polypodiopsida)".

A descoberta, descrita no artigo científico 'The evolutionary macromorphological novelties of Bussacoconus zeliapereirae gen. et sp. nov. (Sphenophyllales, Polypodiopsida) from the Upper Pennsylvanian of Portugal' foi publicada recentemente no jornal internacional Historical Biology.

Além da descoberta, o estudo, liderado por Pedro Correia e realizado em colaboração com Artur Sá, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), "permite saber como estas plantas primitivas evoluíram e se adaptaram em ambientes tropicais em mudança durante o final de uma glaciação, no fim do Período Carbonífero, há 300 milhões de anos".

As Sphenophyllales são uma ordem extinta de plantas terrestres articuladas e um grupo irmão das atuais cavalinhas da ordem Equisetales. Estas plantas primitivas eram relativamente pequenas (inferiores a um metro de altura) e produtoras de esporos que existiram durante o Devónico até ao Triássico. A classificação das esfenofilídeas baseia-se principalmente nos seus órgãos vegetativos e reprodutivos (caules, folhas e estróbilos).

"Descoberta espetacular"

"Uma descoberta espetacular", descreveu Pedro Correia, que é especialista em paleobotânica", uma vez que "este tipo de frutificações de Sphenophyllales são raras no registo fóssil, o qual é muito fragmentado e pouco se conhece sobre a sua verdadeira diversidade taxonómica".

Segundo o investigador, no fóssil encontrado no Bussaco, "os esporangióforos secundários e esporângios estão notavelmente bem preservados na matriz rochosa em diferentes ângulos, o que permitiu descrever um conjunto de caracteres diagnósticos essenciais para uma comparação próxima com outros estróbilos do mesmo grupo".

Notícias ao Minuto Fóssil encontrado no Bussaco© Universidade de Coimbra  

Esta é, por isso, "uma descoberta cientificamente muito relevante que se vem juntar à de uma nova espécie de barata primitiva e outra nova espécie de gimnospérmica, encontradas no mesmo afloramento e recentemente publicadas".

Já o coautor do artigo, Artur Sá lembra que "estas novas descobertas científicas revelam o quanto ainda há para conhecer acerca das dinâmicas da evolução da biodiversidade no Carbonífero terminal, período desafiante da história da vida na Terra. O afloramento onde estes fósseis foram recolhidos constitui um novo Sítio de Interesse Geológico em Portugal, sendo que a relevância dos achados paleontológicos recentes lhe confere um valor científico internacional".

"Registo fóssil terreste necessita de verdadeira criatividade"

As floras do Carbonífero do Bussaco viveram em condições ambientais e climáticas confinadas a uma região intramontanhosa, na qual sistemas fluviais funcionaram como mecanismos de transporte de muitos restos vegetais e de sedimentos erodidos de rochas circundantes. A combinação de um ambiente intramontanhoso e clima restritivos favoreceu um endemismo local, razão pela qual os cientistas têm descoberto fósseis de várias novas espécies de flora e fauna com características endémicas neste tipo de ambientes.

"Estes géneros de ocorrências demonstram por que o registo fóssil terreste necessita de verdadeira criatividade e compreensão da ecologia, bem como da geologia, para ser interpretado", conclui Pedro Correia. 

A nova espécie é dedicada a Zélia Pereira, especialista em Palinologia, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG).

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