O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou, esta sexta-feira, acerca do Orçamento de Estado, tema que está 'tremido' e pode mesmo causar uma crise política, caso não seja aprovado. Em declarações aos jornalistas, Marcelo disse ainda que não vai falar com qualquer um dos "protagonistas" neste caso, e que vai ficar em Portugal para "acompanhar", e não "intervir" na situação.
Questionado sobre se acredita que hoje se está mais próximo da aprovação, Marcelo respondeu: "A melhor maneira que eu tenho de servir o interesse nacional neste momento é não dizer nada sobre isso. Porque estamos muito perto do termo do prazo de entrega da proposta, que é dia 10, porque estamos num momento que é importante. É o momento em que as posições se definem, de um lado e de outro".
As declarações foram feitas em tomar, no distrito de Santarém, e um dia depois de o governo anunciar cedências em negociações com o Partido Socialista - e de ter garantido que apresentou uma proposta "irrecusável", que já é conhecida. Entretanto, os socialistas já consideram que esta não é assim tão "irrecusável".
"Tudo o que o Presidente da República dissesse agora funcionaria negativamente e não positivamente. O que posso dizer é que, atendendo a esta sobreposição temporal que existe - que é os próximos dias são verdadeiramente importantes, e o dia 10 é verdadeiramente importante, tinha coincidência de duas deslocações ao estrangeiro, marcadas já há muitos meses e até há um ano", afirmou, referindo-se ao adiamento das viagens à Polónia e à Estónia, e sublinhando que vai acompanhar de perto a situação.
"Acompanhar não quer dizer intervir", garantiu.
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu adiar as viagens à Estónia e à Polónia previstas para a próxima semana e manter-se no país, tendo em conta as negociações orçamentais em curso.
Lusa | 14:26 - 04/10/2024
Marcelo foi ainda questionado sobre se a situação significava que estava preocupado depois dos acontecimentos de ontem, ao que respondeu: "Não quer dizer rigorosamente nada. Quer dizer é que aquilo que poderia ter chegado a uma definição mais cedo, não chegou. Podia ter chegado mais cedo. Podia ter chegado a uma definição mais tarde, também pode não chegar", atirou, sublinhando a "coincidência de dias" dos planos 'para viagens' e o Orçamento. "Não significa nada nomeadamente a nada que tenha a ver com o andamento" das conversas", afirmou.
Marcelo rejeitou que este adiamento não está relacionado com qualquer influência em relação às contas do país, e explicou: "A pressão que eu reconheci ter feito parou no Conselho de Estado. A partir do Conselho de Estado quem tinha de intervir - os protagonistas - intervieram e estão a intervir. O Presidente não deve fazer mais nada. Não falará com nenhum dos protagonistas".
Marcelo rejeitou ainda comentar a proposta apresentada pelo Executivo na noite de quinta-feira, reforçando que tudo o que pudesse dizer "não seria um bom contributo".
[Notícia atualizada às 15h58]
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