Vários ministros que integram o XXIV Governo, liderado por Luís Montenegro, saíram em defesa do primeiro-ministro após o líder do Chega, André Ventura, ter dito que o chefe do Executivo ofereceu um acordo ao partido para viabilizar o Orçamento do Estado para 2025.
Em causa está uma entrevista de André Ventura à CNN Portugal, na qual adiantou que, ao longo das últimas semanas, Montenegro apresentou um acordo "para este ano" que "admitia que o Chega viesse a fazer parte do Governo".
O primeiro membro do Governo a reagir às acusações foi o próprio primeiro-ministro, que assegurou, através das redes sociais, "nunca o Governo propôs um acordo ao Chega". "O que acaba de ser dito pelo presidente desse partido é simplesmente mentira. É grave, mas não passa de mentira e desespero", frisou no X.
Na mesma rede social, Ventura 'respondeu' a Montenegro, acusando-o de "mentir" novamente. "Senhor primeiro-ministro, mentiu no passado e voltou a mentir. É tempo de dizer a verdade aos portugueses! E sabe bem qual é a verdade! Boa sorte a tentar enganar o PS", escreveu.
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defendeu que "André Ventura não é credível" e o que "diz não pode ser tomado a sério".
"O que ele disse hoje é um sinal de quem não tem nada para dizer. Já disse tudo e o seu contrário", disse, em declarações à estação Now. "Não tem fundamento nenhum".
E acrescentou: "O que diz André Ventura tem credibilidade zero. Disse isso e amanhã ou depois está a dizer outra coisa completamente diferente".
Já o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, descreveu como "inqualificáveis" a "postura e a atitude" de André Ventura e negou que o Governo tenha feito qualquer acordo com o partido de extrema-direita.
"A resposta é muito simples, é categoricamente 'não'. Confesso que tenho até alguma dificuldade em comentar e muito mais em qualificar a postura e a atitude do líder do Chega. São de facto inqualificáveis", afirmou, quando questionado sobre a veracidade das declarações de André Ventura, em entrevista à SIC Notícias.
O ministro disse ser necessário fazer um "esforço para desvalorizar e não dar a relevância" que André Ventura "pretende". "A falta de credibilidade absoluta por parte de André Ventura e do seu partido mostra que seria perigoso - muito perigoso - para o país se tivessem capacidade de influenciar, de alguma maneira, o destino do país", atirou.
Por sua vez, o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, lembrou que "o primeiro-ministro já desmentiu o líder do Chega" e disse que "o país sabe quanto vale a palavra do primeiro-ministro e quanto vale a palavra do líder do Chega" porque "o país sabe muito bem em quem confiar".
"Não sei se vale a pena discutir o que acabou de dizer André Ventura porque o melhor é esperar pelo que ele vai dizer amanhã. O normal é desdizer no dia seguinte o que disse no dia anterior. Não é para levar a sério", ironizou, em entrevista à CNN Portugal.
Afinal, o que disse André Ventura?
Em entrevista à CNN Portugal, o líder do Chega revelou que o primeiro-ministro colocou em cima da mesa um "acordo para este ano" para o partido viabilizar o Orçamento do Estado para 2025.
"O senhor primeiro-ministro disse que o Chega não era um parceiro confiável, que nunca contou com o Chega e que o Chega foi arredado das negociações", começou por referir, acrescentando que "num frente a frente com o primeiro-ministro, ele propôs um acordo para este ano".
O líder de extrema-direita disse que a proposta aconteceu "nas últimas três semanas", inclusivamente na última reunião entre o primeiro-ministro e o Chega, a 23 de setembro. No entanto, disse Ventura, esse acordo "não foi aceite" pelo Chega porque só aceitaria um acordo a quatro anos, para a legislatura.
André Ventura disse que a proposta aconteceu "nas últimas três semanas", inclusivamente na última reunião entre o primeiro-ministro e o Chega, a 23 de setembro.
Márcia Guímaro Rodrigues | 20:59 - 10/10/2024
Acusando Montenegro de "mentir ao povo português", Ventura explicou que o "acordo admitia que o Chega viesse a fazer parte do Governo".
"Eu não aceito que Portugal tenha um primeiro-ministro que venha dizer uma coisa para espezinhar um partido que eu represento e, ao mesmo tempo, tente fazer jogo duplo com o Partido Socialista (PS) para que um ou outro viabilize um Governo que ele sabe que em 2025 não pode cair", atirou.
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