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Do anti-ageing ao cancro: Práticas não reguladas ameaçam saúde da mulher

A presidente da Associação Portuguesa de Menopausa alertou hoje para práticas não reguladas exercidas por profissionais de saúde, no âmbito da medicina antienvelhecimento, que constituem uma "ameaça à saúde pública" com prejuízo para a saúde das mulheres.

Do anti-ageing ao cancro: Práticas não reguladas ameaçam saúde da mulher
Notícias ao Minuto

18/10/24 12:35 ‧ Há 4 Horas por Lusa

País Dia Mundial da Menopausa

O alerta foi feito por Cristina Mesquita de Oliveira na comissão parlamentar de Saúde, onde a associação foi ouvida a propósito do Dia Mundial da Menopausa, hoje assinalado.

 

Na sua intervenção, a responsável destacou um alerta feito pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, pelo Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e pelos colégios da especialidade de Endocrinologia e Nutrição e da Competência de Geriatria sobre o uso de terapêuticas hormonais no âmbito da 'Medicina Anti-Ageing'.

"Emitiram um parecer e um alerta em relação a este tipo de desinformação que está a acontecer e em relação a termos usados como consultas 'anti-ageing' ou medicina 'anti-ageing', medicina integrativa, e outras, que induzem as pessoas em erros, que são utilizados por profissionais de saúde não reconhecidos pelos pares em práticas não reguladas e também não reconhecidas nem pelas ordens científicas, nem pelos pares", salientou.

Cristina Mesquita de Oliveira alertou que estas práticas "caras e perigosas para a saúde" estão a acontecer em Portugal, com "estratégias de marketing agressivas".

"Aumentaram o número de cancro do endométrio e de espessamento do endométrio. Portanto, isto é realmente uma ameaça à saúde pública e é isto que chega às mulheres, que estão desprotegidas e sujeitas à manipulação da desinformação, muitas vezes propagadas por interesses comerciais", lamentou.

A responsável salientou que o objetivo da associação é "dar voz" a estas mulheres e "pôr fim ao silêncio que as tem deixado desprotegidas", mas sobretudo criar o apoio que necessitam.

"Elas enfrentam a pior das ameaças conhecidas, a indiferença, o desleixo e a negligência mantida e reiterada quanto à sua vida pós-reprodutiva numa sociedade impreparada para as acolher num sistema de saúde que até agora não conseguiu responder adequadamente às suas necessidades, estando expostas à manipulação da desinformação", sublinhou.

Observou que há 2,8 milhões de mulheres em menopausa em Portugal, sendo que oito em cada 10 vivem diretamente o seu impacto negativo, que as faz percorrer especialidades médicas, "muitas das quais apenas quando têm dinheiro para as pagar essas consultas e muitas delas sem que lhes seja apontado um caminho coincidente com a sua condição de saúde".

Esta realidade faz com que o sentimento "mais comum que se instala" e que as mulheres manifestam diariamente à associação seja "o abandono".

Dirigindo-se aos deputados, Cristina Oliveira afirmou que, "para cada desconforto relacionado com o processo de menopausa, há uma solução validada cientificamente, segura e eficaz e que evita doenças incapacitantes", mas questionou porque é que esta informação não chega aos seus destinatários principais.

Para a associação, é urgente haver intervenções sociais e políticas de saúde pública que reconheçam e mitiguem os impactos da menopausa na vida das mulheres, especialmente das mais vulneráveis.

Defendeu a criação de um ambiente de trabalho que reconheça a menopausa como uma fase natural e inevitável da vida, fornecendo esclarecimento e apoio médico e ajustamentos laborais que permitam às mulheres continuar as suas carreiras sem comprometer a sua saúde.

A associação propôs também a criação de políticas públicas de saúde focadas na menopausa, aproveitando a capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente o alargamento das consultas de planeamento familiar à menopausa, e a comparticipação de todos os medicamentos prescritos por médicos para gestão dos seus impactos.

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