Sindicato dos Motoristas considera demagogia presença de polícia nos autocarros
O Sindicato Nacional dos Motoristas considerou hoje uma demagogia a presença de um agente da PSP nas carreiras noturnas e da madrugada dos autocarros, defendendo o patrulhamento de proximidade nas cidades, que parece "ter desaparecido".
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País Motoristas
A presença de um agente da PSP nas carreiras noturnas e da madrugada dos autocarros foi defendida hoje pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) na sequência dos incidentes de desordem pública que se têm registado nos últimos dias, desde a morte de um homem baleado pela PSP na madrugada de segunda-feira, na Amadora, no distrito de Lisboa.
No âmbito desses tumultos, foram incendiados quatro autocarros (três da Carris Metropolitana e um da Carris) e um motorista ficou com queimaduras graves.
Em declarações à Lusa, o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas considerou a proposta da Fectrans uma "demagogia do tamanho do mundo".
"O que é que se pode fazer pela segurança dos motoristas, isso é uma pergunta para milhões de dólares", desabafou Manuel Oliveira, explicando que, primeiro que tudo, é preciso analisar também se "a quantidade de polícias é proporcional para a população e para o eventual risco".
De acordo com o sindicalista, o corpo de intervenção da PSP "tem de ser reforçado e especializado" para garantir a segurança das pessoas e bens e ver onde se encontram os "riscos mais elevados".
Além disso, defendeu que "há um problema à nascente: falta de educação, associado à impunidade sentida por estas pessoas [prevaricadores], que são detidas e depois libertadas".
"A questão de fundo é também o legislador, criticam-se juízes mas, até ver, o tribunal aplica a lei", afirmou.
Para Manuel Oliveira deve retomar-se o caminho do "patrulhamento de proximidade a pé, como se via antigamente" nas cidades, para passar "uma imagem mais musculada das autoridades".
Embora admita que esse patrulhamento a pé possa ser entendido pelos desordeiros como "um desafio, um confronto", o sindicalista considerou que é uma das medidas a ser tomada para "segurança de todos".
"Não é colocar num autocarro, que passa numa zona C ou D, um polícia e depois os confrontos acontecerem na zona A ou B. O que vai impedir os prevaricadores de se deslocarem antes para uma área onde não há esse policiamento?", questionou.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira que se registaram desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.
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