O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Sérgio Dias Janeiro, assegurou, esta sexta-feira, que "a população portuguesa pode estar descansada", uma vez que o organismo está a "desenvolver todos os esforços no sentido de normalizar" o aumento do tempo de espera de resposta, ao mesmo tempo que confessou que os atrasos que provocaram pelo menos sete mortes nos últimos dias "são os piores relativamente a períodos de normalidade".
"Neste momento, estamos com um inquérito para englobar todos estes casos e todo o funcionamento dos CODU durante este período de greve, […] se assim houver indícios, com consequências", disse o responsável, em entrevista à CNN Portugal, face aos sete casos de doentes que morreram à espera de socorro.
Sérgio Dias Janeiro apontou, ainda assim, ser "importante não nos focarmos apenas nos casos pontuais, que não podem nunca ser desvalorizados", enquanto sublinhou que "importa corrigir o que possa estar menos bem, otimizar circuitos, criar redundâncias no sistema".
"Confirmo que tem havido alguns momentos de maior stress ao sistema em que os tempos de atendimento e de resposta têm estado acima do ideal, mas é importante salientar que, ao longo dos últimos anos, também já tem havido alguns momentos de atraso", disse, tendo confessado que os tempos de espera atuais "são os piores relativamente a períodos de normalidade".
O presidente destacou, por isso, que "a população portuguesa pode estar descansada, que o INEM está a desenvolver todos os esforços no sentido de normalizar esta situação".
"Este conselho diretivo do INEM tem-se inteirado de todos os problemas estruturais que o INEM atravessa, que passam principalmente por uma carência importante de recursos humanos, que é mais marcada nos técnicos de emergência pré-hospitalar. É muito importante salientar que, nos últimos anos, o saldo entre entradas e saídas tem sido negativo", explicou, tendo dado conta de que, relativamente ao ano passado, verifica-se um decréscimo de 13% no efetivo, o que "exige um esforço acrescido dos técnicos de emergência pré-hospitalar que estão no instituto em numero deficitário para garantir todo o socorro à população".
O responsável indicou que "foi imediatamente aberto um concurso para a admissão de 200 técnicos", já que a capacidade logística do INEM é apenas capaz de "formar 200 de cada vez", que deverão ser admitidos já em janeiro.
Uma nova 'tensão' afeta nos últimos dias o Governo, com várias pessoas a morrerem, alegadamente, devido a atrasos no atendimento da linha 112 - perturbações estas causadas por falta de recursos, de acordo com o que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar denunciou. Numa reunião que decorreu hoje, este sindicato suspendeu ainda uma greve que decorria desde 30 de outubro.
Teresa Banha | 19:00 - 07/11/2024
"Estou confiante que vamos ultrapassar estas carências. Temos mais de 500 candidatos em prova", disse, avançando que o instituto conta abrir um novo processo de recrutamento em 2025.
Sérgio Dias Janeiro adiantou também que, na sua experiência, "disponibilidade da tutela tem existido".
Recorde-se que os técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM - uma estrutura que tem menos de metade de elementos do que o previsto no quadro - estavam a fazer greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que criou vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.
Ontem à tarde, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar decidiu suspender a greve, na sequência de uma reunião com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
[Notícia atualizada às 09h56]
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