A notícia da morte de Celeste Caeiro, que se eternizou no dia 25 de abril de 1974 ao distribuir cravos pelos militares – um ato que acabou por se tornar símbolo da Revolução portuguesa – também chegou além-fronteiras.
O The New York Times deu conta, este domingo, da morte da "Senhora dos Cravos", aos 92 anos, na passada sexta-feira, em Lisboa.
Recorda o jornal norte-americano que foi o "ato patriótico espontâneo" de Celeste de distribuir cravos aos militares – que depois colocaram nas armas – que deu o nome o nome de Revolução dos Cravos ao 25 de Abril.
"No meio da euforia da revolta, um jovem militar pediu um cigarro à senhora Caeiro. Ela disse que não fumava, mas deu-lhe um cravo vermelho. Ele, rindo, enfiou a flor no cano da sua arma. E outros militares fizeram o mesmo. O gesto foi ainda repetido pelo comandante de um carro blindado que colocou um cravo na boca do canhão do seu veículo o que gerou aplausos de quem assistia", descreve a publicação, lembrando que durante a Revolução portuguesa quase não "derramou sangue", "morreram quatro civis com disparos da polícia secreta".
Celeste Caeiro foi a mulher que, a dia 25 de Abril de 1974, distribuiu cravos pelos militares que davam o passo derradeiro da Revolução. Morreu hoje aos 92 anos de idade.
Anabela Sousa Dantas com Lusa | 14:50 - 15/11/2024
Celeste Martins Caeiro nasceu a 2 de maio de 1933, no bairro operário do Socorro, em Lisboa. O pai abandonou a família quando Celeste tinha apenas 18 meses. A mãe, Teodora Caeiro, era natural da Galiza e, viu-se obrigada, devido à pobreza, a deixar as crianças em orfanatos, onde as visitava frequentemente.
Tal como recorda o The New York Times, Celeste passou, ao longo da sua vida, não só por dificuldades como por várias provas de fogo, como um incêndio no quarto onde morava com a filha, Helena.
Além disso, sempre se sentiu "esquecida pelos sucessivos governos que, segundo ela, nunca reconheceram oficialmente o seu importante papel na Revolução", como notou a neta, Carolina a diferentes meios de comunicação social portugueses.
No entanto, como salienta o jornal norte-americano, Celeste permaneceu como "uma espécie de lenda em Portugal" e foi mesmo acalmada, no passado dia 25 de Abril, durante as comemorações do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, onde marcou presença com um ramo de cravos vermelhos nos braços.
O Notícias ao Minuto entrevistou Celeste em 2016, que confessou que ainda se “comove” ao recordar aquele dia.
Quando um soldado lhe pediu um cigarro, Celeste Caeiro não tinha nenhum para lhe dar. Sentiu-se mal por não poder ajudar a revolução com um pedido tão simples e ofereceu antes um cravo.
Carolina Rico | 08:20 - 25/04/2016
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