O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, manifestou-se, esta quarta-feira, "preocupado" com o "ultimato" do primeiro-ministro, Luís Montenegro, às forças de seguranças, considerando que representa um "bloqueio" nas negociações, e acusou o Chega de "instrumentalizar os descontentamentos legítimos" destes profissionais.
"Durante a campanha [eleitoral], o primeiro-ministro, Luís Montenegro, estabeleceu como objetivo iniciar negociações com a intenção de chegar a bom porto [com as forças de segurança]. Em nenhum momento eu me lembro de ter visto preocupação com a despesa orçamental durante a campanha. Aliás, até durante a governação, é a primeira vez que ela é invocada", começou por referir o líder socialista na 'Grande Entrevista', na RTP 3.
Em causa está uma declaração de Luís Montenegro, que afirmou que o Governo não vai colocar "nem mais um cêntimo" na proposta para as forças de segurança, uma vez já fez "um esforço medonho" e não está disponível para "trazer de volta a instabilidade financeira".
Reconhecendo tratar-se de uma "preocupação legítima" e "com sentido", Pedro Nuno Santos alertou que "não se pode ignorar" o facto de o primeiro-ministro ter "encerrado as negociações" com as forças de segurança "quando supostamente ainda estão em curso".
"No mesmo momento em que a ministra [da Administração Interna] anuncia que há uma reunião marcada, o primeiro-ministro diz que não está disponível para dar nem mais um cêntimo. Parece-me uma forma errada de se proceder a um processo negocial", considerou, acrescentando que "o que o primeiro-ministro fez foi um ultimato que agora gera um bloqueio nas negociações".
Questionado sobre o apelo do presidente do Chega, André Ventura, para os polícias e forças de segurança se "mobilizem e compareçam no Parlamento" na quinta-feira, data em que o partido irá apresentar um projeto de lei sobre um subsídio adicional a estes profissionais, Pedro Nuno Santos acusou o líder da extrema-direita e os deputados do Chega de terem "instrumentalizado os descontentamentos legítimos das forças de segurança".
"Essa instrumentalização é evidente e é perigosa. Gera insegurança nos cidadãos. Um partido que se apresenta como defensor da ordem é ele próprio um promotor da desordem. Não é bom que um líder político com a responsabilidade que tem o líder do Chega ter um tipo de discurso de promoção da manifestação", alertou.
Pedro Nuno Santos reiterou que "as forças de segurança têm razão para reivindicar", uma vez que "os polícias em Portugal ganham pouco" e "têm condições de trabalho que não são as melhores".
Sobre o aumento do subsídio de risco para a Polícia Judiciária, que originou os protestos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR), o socialista considerou que "tinha de acontecer". No entanto, as negociações com as restantes forças de segurança "não podiam decorrer num momento em que havia um governo demissionário".
"Neste momento, o que me preocupa é ter um primeiro-ministro a fazer um ultimato em público. Apelo a que o Governo continue as negociações com as forças de segurança porque é fundamental para o funcionamento do nosso estado de direito termos polícias e guardas que se sintam motivados e respeitados no exercício da sua profissão", acrescentou.
Sublinhe-se que Luís Montenegro considerou, na segunda-feira, que a proposta que o Governo já apresentou à PSP e GNR corresponde a "um esforço máximo, um esforço como nunca nenhum Governo fez até aqui". Por isso, adiantou, o Governo apenas está disponível para fazer "acertos no acordo, não nos valores".
O primeiro-ministro afirmou hoje que o Governo não vai colocar "nem mais um cêntimo" na proposta para as forças de segurança, dizendo que já fez "um esforço medonho" e não está disponível para "trazer de volta a instabilidade financeira".
Lusa | 13:35 - 02/07/2024
"O Governo não vai colocar nem mais um cêntimo na proposta que apresentou porque nós fizemos um esforço medonho", referiu, dizendo ser importante valorizar estes grupos profissionais, mas não estar disponível para colocar em causa a "credibilidade interna e externa" ou para abdicar de recursos para poder estimular a economia.
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