O antigo ministro das Infraestruturas João Galamba comentou esta quinta-feira a entrevista da Procuradora-Geral da República (PGR). Parco em comentários, acusou Lucília Gago de não falar a "verdade" e afirmou: "As escutas tendem a ser feitas exatamente porque não se encontra e é preciso continuar a escutar".
João Galamba asseverou que quer "limitar um bocadinho" os seus comentários relativamente à entrevista de Lucília Gago, "por razões que são públicas" e, por isso, considerou que não lhe "ficaria bem estar a comentar", começou por dizer, no seu espaço de comentário no 'CrossFire' da CNN Portugal.
No entanto, Galamba ressalvou apenas dois breves comentários sobre o tema: os ataques de que a Procuradora-Geral diz ser alvo - a chamada "campanha orquestrada" contra o Ministério Público - e as escutas telefónicas continuadas de que foi alvo durante quatro anos.
"Todos aqueles que assumem funções públicas e todas as instituições que são pilares fundamentais da nossa vida democrática podem e devem ser escrutinadas. É muito negativo quando um membro dessa instituição reage a críticas legítimas e equilibradas, [porque] mostra desconforto com a confiança democrática", afirmou o ex-governante, que adiantou que esta 'pressão' "não vem só de elementos da PGR", mas sim "de alguns jornalistas que fazem a sua carreira com fontes privilegiadas com o MP" e, por isso, "devem-se sentir particularmente ameaçados por essa relação ser posta em causa".
Sobre as escutas telefónicas de que foi alvo - que se terão prolongado por quatro anos no âmbito da Operação Influencer - Galamba acusou, de forma prudente, que "não é verdade o que a senhora procuradora disse" - que as escutas são feitas foi porque, no seu decurso, se encontrou alguma coisa.
"As escutas tendem a ser feitas exatamente porque não se encontra e é preciso continuar a escutar. É o único comentário que farei sobre essa matéria", atirou Galamba.
De recordar que, quando questionada sobre as escutas telefónicas a Galamba, Lucília Gago disse que tal "não é desejável nem é comum", mas defendeu que se foi decidido manter as escutas foi porque no seu decurso "se foram conhecendo elementos".
"Ter-se enveredado pela continuação [das escutas] apenas significa que no seu decurso se entendeu que era muito relevante continuar a escutá-lo", disse a PGR, sublinhando que o prolongamento foi "sujeito, a espaços, a autorização" judicial.
A procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, afirmou hoje que "não é desejável nem comum" que escutas telefónicas se prolonguem durante quatro anos, mas se isso aconteceu com o ex-ministro João Galamba foi porque se considerou relevante continuar a escutá-lo.
Lusa | 23:33 - 08/07/2024
João Galamba é arguido no âmbito da Operação Influencer, que investiga negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines.
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