Apenas uma semana depois de ter sido nomeado pelo Governo para presidente do INEM, Vítor Almeida demitiu-se. Esta é a segunda demissão no INEM em pouco mais de uma semana, uma vez que o antigo presidente Luís Meira já tinha apresentado a demissão à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na sequência de uma polémica sobre a renovação do contrato dos helicópteros de assistência médica.

A nova demissão terá sido motivada por condições impostas por Vítor Almeida e com questões relacionadas com os helicópteros de emergência, que o Governo não terá aceitado.

A 'troca de cadeiras' no INEM criou um novo reboliço no universo político nacional, com a Iniciativa Liberal e o Chega a pedirem a audição urgente do ex-presidente Vítor Almeida. Os partidos entendem que, "dada a importância crítica do INEM na prestação de serviços de emergência médica e a necessidade de garantir a continuidade e eficácia das suas operações, é imperativo que o Parlamento compreenda os motivos subjacentes" à desistência de Vítor Almeida.

O presidente do Chega, André Ventura, considerou que "o que se passou no INEM, e nestas demissões, para além de estranhas e bizarras", levantam "as maiores suspeitas em relação ao seu funcionamento e às ligações mais ou menos obscuras a entidades privadas".

"Monumental trapalhada na resposta ao INEM"

Já para o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, "estamos a assistir a uma monumental trapalhada na resposta ao INEM". O socialista considerou que as sucessivas demissões no INEM geram "insegurança em todos nós e é o espelho da incompetência do Governo".

Pedro Nuno realçou ainda que a ministra da Saúde "já leva com duas demissões no INEM em pouco tempo", o que é um "sinal da incompetência". 

Ministra é prepotente e tenta "escapar às responsabilidades"

Já a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, deixou um aviso ao Governo ao garantir que mudar responsáveis em cargos públicos não vai resolver problemas que têm "raízes muito mais profundas". Mortágua alertou ainda para a falta de meios e investimento no INEM.

A bloquista acusou também a ministra da Saúde de prepotência. "Perante problemas que são estruturais, que têm a ver com falta de meios, atira sistematicamente para as direções hospitalares, para as administrações hospitalares, para os responsáveis de cada serviço", atirou, garantido que esta é uma forma de Ana Paula Martins "escapar às suas responsabilidades". 

Para a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, as razões que levaram Vítor Almeida a abandonar a presidência do INEM "não estão claras" e acusou o Governo de fazer "quase uma política de propaganda, seja nas agendas que apresenta, seja depois nas medidas estruturais e nas reformas que são feitas".

Sérgio Dias Janeiro eleito novo presidente do INEM       

O médico e atual Diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, Sérgio Dias Janeiro, foi o escolhido pelo Governo para suceder a Vítor Almeida. 

A decisão foi saudada pela Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), que alertou que o INEM "precisa urgentemente de um rumo".

Por sua vez, sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar (STEPH) pediu "estabilidade", assumindo que as saídas e entradas na liderança do instituto "não contribuem para que os profissionais se sintam seguros num futuro certo".

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