Livre acusa Governo de sugerir que conversas sobre OE "não servem para nada"
O porta-voz do Livre acusou hoje o Governo de querer transmitir a ideia de que as conversas com os partidos sobre o orçamento do Estado "não servem para nada" e de distribuir excedente orçamental entre os "que menos fizeram".
© Reinaldo Rodrigues
Política Estado da Nação
"Onde nos diz que quer fazer estes gastos e pretende manter as contas certas no orçamento, se já usou o excedente, o que nos está a dizer é que as nossas conversas de sexta-feira não servem para nada, porque está a dizer que já usou o dinheiro que tinha a usar.", atirou Rui Tavares no primeiro pedido de esclarecimento ao primeiro-ministro, no debate sobre o estado da nação.
O porta-voz do Livre defendeu que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, está agir "como alguém que chega casa e diz 'eu gastei o dinheiro pagando o jantar aos meus amigos ricos'" e agora quer "discutir como é que gasta os restos" e defendeu um maior investimento em medidas como o IRS Jovem ou o passe ferroviário nacional.
Rui Tavares afirmou que o governo não está a garantir a equidade na "utilização do excedente orçamental", fruto do "sacrifício de pessoas comuns destes país" e "que está a ser distribuído de mão beijada aos que menos fizeram".
O deputado lamentou ainda que, na sua intervenção inicial, o primeiro-ministro não tenha dirigido "uma palavra" a questões como a crise ecológica, a "revolução da inteligência artificial", o alargamento da União Europeia ou os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Pediu também uma estratégia do Governo para posicionar o país no mundo "de uma maneira que não passe apenas por ter alguém num cargo de topo da União Europeia":
Na réplica, Luís Montenegro apontou que "não deixa de ter uma certa graça" o conjunto de matérias apresentados pelo Livre como em falta no discurso do primeiro-ministro, defendendo que se os mesmos tivessem sido abordados o Livre estaria a questionar sobre os temas nacionais como a educação, a saúde ou a habitação.
"O senhor deputado tem muito talento retórico, mas devia usar o seu talento para cair na real e para falar dos problemas que hoje afetam verdadeiramente o dia a dia dos portugueses e que são herdados de uma governação com a qual o senhor deputado de vez em quando até foi cúmplice", respondeu.
Em relação às questões levantadas por Rui Tavares sobre o uso do excedente orçamental, Montenegro questionou, com ironia, se o porta-voz do Livre sobre se estava contra a atualização dos salários das forças de segurança, professores, oficiais de justiça e profissionais de saúde.
"Eu já disse isto e vou dizer-lhe olhos nos olhos, é um esforço medonho. E é um esforço medonho que nós fazemos nos funcionários públicos, na administração pública, para valorizar a sua capacidade de atrair e de reter capital humano para servir o interesse da sociedade", concluiu.
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