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Montenegro acusa PS de ser "maior usurpador de herança política" em 2015

O primeiro-ministro acusou hoje o PS de ter sido "o maior usurpador de uma herança política" quando, em 2015, encontrou uma solução para governar, apesar de ter ficado em segundo lugar nas eleições legislativas.

Montenegro acusa PS de ser "maior usurpador de herança política" em 2015
Notícias ao Minuto

13:31 - 17/07/24 por Lusa

Política Estado da Nação

Na resposta a uma longa ronda de 22 pedidos de esclarecimento, Luís Montenegro dirigiu-se, sem nomear, ao deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro, que tinha afirmado haver um padrão de atuação do Governo, de "propaganda, desculpas e usurpação", referindo-se em concreto à inauguração pelo executivo da variante da EN14, entre a Maia e a Trofa, obra que disse ter sido consignada pelo então ministro das Infraestruturas e atual líder do PS Pedro Nuno Santos.

 

"Houve até alguém que ousou dizer a este Governo, a este primeiro-ministro que está a usurpar o trabalho feito pelos anteriores governos, naturalmente que o fizeram, nunca deixo de registar isso", começou por afirmar Montenegro.

No entanto, o primeiro-ministro questionou a legitimidade de usar esta expressão "vindo de quem estava neste parlamento na altura em que os portugueses escolheram o PSD e o CDS-PP para governar" e o PS ficou em segundo, "a seis pontos, não foi por poucochinho", referindo-se às legislativas de 2015.

"Quem é que foi o maior usurpador de uma herança política que não o PS em 2015? Isso sim foi usurpar a herança de um caminho que estava na direção certa e os senhores interromperam", criticou.

Para Montenegro, foi essa interrupção que "trouxe menos desenvolvimento, mais pobreza" e colocou os serviços públicos de saúde, educação e a situação da habitação "no seu pior momento de sempre dos 50 anos de liberdade".

"Na saúde, na educação, no acesso à habitação, é verdade: nunca tínhamos batido tão no fundo, todos os apelos que aqui fizeram para que sejamos rápidos, isso é tudo verdade, mas só é verdade porque ficou por fazer ao longo dos últimos 3.050 dias", disse.

A fase de respostas da segunda ronda ao primeiro-ministro começou com um incidente, já que só sobravam 18 segundos a Luís Montenegro para responder às mais de duas dezenas de perguntas das várias bancadas.

Por consenso, e apesar das críticas do PS de má gestão do tempo por parte do primeiro-ministro (que usou 32 minutos dos 40 de que dispunha para a sua intervenção inicial), foi alterada a grelha acordada e concedidos dez minutos extra a Montenegro.

No final, e perante as respostas do chefe do Governo, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, concluiu que "a cedência de tempo não serviu para nada, não respondeu a nada", a não ser para uma espécie de comício.

"Os dez minutos que foram dados para os portugueses serem esclarecidos não serviram para esclarecer os portugueses", lamentou.

Pela bancada do PSD, o líder parlamentar Hugo Soares salientou que "cada um dos deputados e membros do Governo usam da palavra conforme se entende", dizendo não entender que se desvalorizem as respostas concretas que Montenegro deixou às perguntas dos deputados sobre os Açores e a Madeira.

Também o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, saiu em defesa do primeiro-ministro, que disse ter feito "um esforço quase diria desumano" para responder a todas as questões.

Sem resposta concreta por parte de Montenegro ficaram, por exemplo, pedidos de esclarecimento de várias bancadas sobre a situação do INEM, a construção de novos hospitais, um alegado défice no fundo de reserva da segurança social, a necessidade de "despartidarizar as empresas públicas" ou mais detalhes sobre a proposta de descida do IRS para os jovens.

Dos dez minutos de que dispunha, Montenegro gastou cerca de cinco minutos a responder a perguntas das bancadas do PS e do PSD sobre Açores e Madeira, atualmente com executivos liderados pelos sociais-democratas.

"Nós estamos a trabalhar com os governos regionais, vamos inclusivamente fazer uma cimeira tripartida para podermos aprofundar matérias que são comuns com, por exemplo, a revisão da Lei das Finanças Regionais", afirmou Montenegro, sem dar mais detalhes sobre esta iniciativa.

O primeiro-ministro aproveitou para responder às críticas do PS sobre a governação das Regiões Autónomas.

"Tivemos duas eleições regionais na Madeira e vencemos as duas, tivemos eleições regionais nos Açores e vencemos essa eleição. Tivemos uma eleição legislativa e vencemos essa eleição. Não vencemos as eleições europeias no contexto global, mas por acaso também ganhámos as eleições europeias nos Açores e na Madeira", disse, pedindo "mais humildade" ao PS.

Sobre os Açores, o primeiro-ministro adiantou que o Governo já estendeu "a possibilidade do Fundo Ambiental poder incluir intervenções na região autónoma dos Açores, ao contrário daquilo que o governo anterior fez".

[Notícia atualizada às 13h46]

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