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"As crianças não são do Estado nem das famílias: Têm direito próprio"

Ex-ministro da Educação acusou Paulo Núncio de trazer não só exemplos falsos para debate, como usar "frequentemente um termo cunhado pelos mais conservadores para não falarem de igualdade".

"As crianças não são do Estado nem das famílias: Têm direito próprio"
Notícias ao Minuto

22/10/24 15:13 ‧ Há 4 Horas por Notícias ao Minuto

Política Cidadania

O Governo PSD/CDS anunciou que vai rever a disciplina de Educação para a Cidadania para a "libertar de amarras ideológicas", o que tem provocado controvérsia. Num frente a frente na SIC Notícias, o ex-ministro da Educação, João Costa, e o deputado do CDS-PP Paulo Núncio debateram o tema, entre várias acusações.

 

"Muitas vezes fala-se desta disciplina como se fosse a disciplina que aborda apenas os temas ligados à igualdade de género ou à educação sexual, é uma disciplina com uma abrangência grande, temos temas como as instituições democráticas, onde se estuda a Constituição, a organização do Estado, a prevenção para o risco, a literacia financeira, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável, temas que são consensuais e também há um amplo consenso a nível internacional sobre a importância de ter as escolas como instrumentos de combate à discriminação, à segregação e também como apoio à educação sexual das crianças e dos jovens", começou por dizer João Costa.

Já Paulo Núncio admitiu que "a questão central é da ideologia de género e da sexualidade".

"É isso que causa a preocupação dos pais porque há aqui a abordagem de temas marcadamente ideológicos, desde logo, o entendimento do que é uma pessoa, o que é um homem, o que é uma mulher, do que é a família e mais do que isso esse entendimento é imposto de uma forma exclusiva e sem contraditório. A cidadania não pode ser ideologia e muito menos ideologia de género porque os alunos são filhos de pais e não filhos do Estado e a educação compete essencialmente aos pais e à família", evidenciou, contrariamente ao que pensa o ex-ministro da Educação.

"As crianças não são do Estado nem das famílias: são cidadãos que têm direito próprio. Nem o Estado tem o direito de impor seja o que for, nem a família tem o direito de negar informação às crianças. É por isso que existe escolaridade obrigatória, porque não está ao dispor das famílias decidir se o seu filho vai aprender a ler ou não", atirou João Costa.

Para o ex-governante, não está em causa a revisão da disciplina, mas sim a forma como ela é revista e a "seriedade" como esse processo é feito.

"O currículo deve ser sempre objeto de revisão em qualquer disciplina. Isto é tudo absolutamente natural. O que é estranho é o primeiro-ministro anunciar os resultados da revisão antes de ter sido feita a avaliação, o que me deixa dúvidas sobre a seriedade da mesma", notou, acusando também Paulo Núncio de trazer ao debate "pseudo exemplos fantasiosos" que podem "cavalgar em discursos ideológicos à margem daquilo que é a realidade".

"Paulo Núncio usa frequentemente o termo ideologia de género. Esse é um termo inexistente. Cunhado pelos movimentos mais conservadores, mais reacionários para não falarem de igualdade", concluiu o ex-ministro da Educação.

Leia Também: Revisão da disciplina de Cidadania? O que dizem partidos, escolas e pais

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