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Influenciador Felipe Neto defende regulamentação das 'big tecs'

O influenciador digital Felipe Neto defendeu a regulamentação dos algoritmos e práticas de mercado das 'big tecs' e considerou que é preciso tempo para avaliar a eficácia da Lei dos Serviços Digitais da União Europeia (UE).

Influenciador Felipe Neto defende regulamentação das 'big tecs'
Notícias ao Minuto

26/10/24 10:22 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Tech Felipe Neto

"O exemplo europeu [de legislação] servirá para vermos o que funciona e o que não funciona", disse, referindo que a legislação, que "está muito no início", tem "coisas boas, como o dever de cuidado", que passa a responsabilidade de moderação do conteúdo para as plataformas, exigindo-lhes uma "moderação ativa", afirmou o influenciador e empresário luso-brasileiro em entrevista à agência Lusa.

 

A UE tornou-se, desde final de agosto passado e após um período de adaptação, a primeira jurisdição do mundo com regras para plataformas digitais como X, Facebook e Instagram, que passam a estar obrigadas a remover conteúdos ilegais.

As empresas que não cumprem esta nova legislação podem ter coimas proporcionais à sua dimensão, sendo que as companhias maiores podem ser sancionadas até 6% do seu volume de negócios global.

Felipe Neto, que construiu uma carreira de sucesso na internet e tem forte presença no Youtube, onde mantém um canal com mais de 46,7 milhões de seguidores, considerou, porém, que apesar de trazer iniciativas importantes, a legislação europeia não mitigou o risco de que sua a aplicação provoque um 'over-blocking', termo em inglês usado para nomear uma censura técnica que ocorre quando é impossível bloquear exatamente o conteúdo pretendido sem bloquear material permitido de sites, domínios, endereços IP, protocolos ou serviços.

Para explicar porque é a favor da regulação das plataformas, Felipe Neto citou uma experiência que fez no Tik Tok usando o seu próprio perfil para verificar o funcionamento da indicação automática de conteúdo na 'timeline'.  

"Moldei meu TikTok para ver apenas conteúdo sobre futebol. Passei uma semana vendo todo vídeo sobre futebol que aparecia e também curti esses vídeos. Quando [o conteúdo] não era sobre futebol pulava e marcava que não tinha interesse. Percebi é que é impossível fazer com que o TikTok ou o Shorts [vídeos curtos de 60 segundos] do YouTube recomendem apenas um estilo, um segmento de conteúdo. Eles sempre vão tentar indicar coisas que, baseadas na experiência do algoritmo, têm tração com determinado público-alvo", referiu. 

Como estava consumindo conteúdo de interesse dos usuários que gostam de futebol, o influenciador luso brasileiro percebeu que o algoritmo avaliou que ele faria parte de um público que costuma assistir também a vídeos do Jordan Peterson, um dos intelectuais mais citados entre adeptos da extrema direita mundial, e passou receber esses vídeos. 

"Ele [algoritmo] vai te radicalizando, porque esses conteúdos de extrema-direita radicalizantes são sempre conteúdos com um altíssimo poder de adesão e permanência. São conteúdos que as pessoas veem até o final, que as faz ficarem obcecadas", acrescentou.

O influenciador digital explicou que os algoritmos são usados pelas plataformas para manterem os utilizadores ligados o maior tempo possível, o que eleva o lucro dessas empresas.  

"A única forma de colocar a ética acima do lucro é através da lei porque a autorregulamentação das plataformas já se provou ineficiente. O público não deixa de acompanhar uma plataforma, não boicota uma plataforma, quando ela dissemina conteúdos radicalizantes", disse. 

Questionado sobre as razões pelas quais um projeto de lei inspirado no modelo europeu em discussão no Brasil acabou descartado antes de ir à votação, Felipe Neto referiu que expoentes da extrema-direita dominaram o debate no momento em que o projeto foi discutido e opuseram-se por medo de serem punidos se utilizassem as redes para divulgar desinformação.

O influenciador luso-brasileiro também citou a interferência das plataformas, que fizeram campanhas de publicidade e 'lobby' no Congresso.

"O Google, inclusive, investiu mais de 2 milhões de reais (324 mil euros) na compra de publicidade para atacar o projeto de lei. Foi um momento de muita briga minha com o YouTube, inclusive, e o YouTube é uma das minhas principais fontes de renda", destacou.

"É muito cansativo você ver as plataformas o tempo todo dizerem que para agirem precisam de uma regulamentação e depois diante de toda tentativa de regulamentação essas mesmas 'big techs' vão a público tentar derrubar qualquer tentativa de legislar", concluiu.

Leia Também: EUA adotam novas regras de utilização de IA na segurança nacional

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