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Se digitalização e IA não funcionarem para todos é "oportunidade perdida"

A embaixadora da Finlândia em Portugal, Titta Maja-Luoto, afirma, em entrevista à Lusa, que se a digitalização e a inteligência artificial (IA) não funcionarem para todos "é uma oportunidade definitivamente perdida".

Se digitalização e IA não funcionarem para todos é "oportunidade perdida"
Notícias ao Minuto

17/11/24 14:01 ‧ Há 4 Horas por Lusa

Tech Finlândia

Se não funcionar "para toda a humanidade, então é uma grande oportunidade que perdemos", diz a diplomata.

 

Questionada sobre o desafio digital da Europa, face aos EUA e à China, a embaixadora começa por dizer que, em certo sentido, a Europa é "o continente honesto".

"Sempre admirei a maneira como falamos porque não fazemos rodeios, no sentido em que dizemos que temos coisas que precisam ser desenvolvidas", por exemplo, "para atrair mais capital e mais pessoas, nós temos que manter as fronteiras abertas", refere.

E, ao mesmo tempo, ter "um ambiente de regulação conjunta de, pelo menos, 27 países", acrescenta Titta Maja-Luoto, e a Europa tem sido "'port runner' [pioneira] em muitos padrões de digitalização" e não se vê "isso acontecer em lado algum".

Muitas das 'startups' de IA "que temos na Europa não visam apenas o mercado europeu, mas também os EUA, o mercado chinês e asiático e acho que eles são muito experientes em tecnologia para entender como todos esses mercados funcionam e gostam de extrair os melhores elementos" de todos eles, prossegue.

"E talvez seja assim que o mundo global deveria funcionar. Não queremos competir um contra o outro. Acho que as empresas já entenderam que temos que trabalhar em conjunto para obter os melhores lucros", argumenta a embaixadora finlandesa.

A IA deve respeitar os direitos individuais e também precisa de ser orientada comercialmente, refere.

O que se pretende "em termos de políticas da União Europeia é que a matriz seja gratuita e, em seguida, as aplicações comerciais" que são construídas nesta espécie de base gratuita, "possam ser obviamente comercializadas".

Contudo, "se a base, como as funções básicas, são dadas às grandes empresas tecnológicas, então penso que acabaremos todos, como humanidade, muito infelizes", considera.

E a UE "está a tentar promover exatamente isso". Aliás, "não temos absolutamente nada contra a economia de mercado, mas há certas questões básicas que devem estar disponíveis para todos", defende.

É ponto assente que a próxima Comissão Europeia tem de "compreender" que se a Europa não tiver conhecimentos tecnológicos, como literacia mediática e tecnológica "desde cedo, estaremos todos condenados porque há muitas informações falsas disponíveis", sublinha.

E porque "os valores profundos na União Europeia que nos mantêm unidos são construídos sobre uma fundação onde os Direitos Humanos pertencem a todos", como direitos económicos, políticos, "se seguirmos esses princípios básicos não podemos errar muito com o desenvolvimento tecnológico", argumenta.

Tal "significa que temos também de ajudar as pessoas, quer estejam na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo, a beneficiarem do desenvolvimento tecnológico".

Não é apenas responsabilidade da Europa, "mas uma coisa certa a fazer pela Europa", de "reunir todos a bordo através da ONU, organizações regionais e dar-lhes as ferramentas" para que tenham um desenvolvimento tecnológico que beneficie os cidadãos desses países.

"Acho que na Europa temos um equilíbrio quase perfeito para fazer tudo isso. E eu não vejo como com este tipo de equação perder essa corrida", conclui.

Leia Também: Xi e Biden concordam em não ceder controlo nuclear a IA

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