"Nunca deitei nada fora, só não fiz o que não tive tempo para abraçar"

Com um rasgado sorriso e a alegria que o caracteriza, João Baião abriu o coração numa entrevista onde fala da sua carreira e da energia que tanto o distingue.

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© Teatro Politeama

Marina Gonçalves
15/06/2018 09:20 ‧ 15/06/2018 por Marina Gonçalves

Fama

João Baião

Conhecido pela energia que contagia qualquer um, João Baião é um dos rostos mais acarinhados pelo público português.

Com uma vasta carreira no mundo televisivo, sem dúvida que o programa em que mais se destacou e que ficará para sempre na memória é o 'Big Show SIC'. 

Além do pequeno ecrã, João Baião também é feliz em cima do palco. Depois de 'A Volta ao Mundo em 80 Minutos', está em cena com a peça 'Eu Saio na Próxima. E você?' ao lado de Marina Mota. 

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, João Baião abriu o coração para falar da carreira, sobretudo do seu mais recente espetáculo, sem esquecer as características que o distinguem. 

A trabalhar de novo com Filipe Lá Féria, o que sente hoje em cima do palco? O nervosismo permanece?

Voltar a trabalhar com o Filipe Lá Féria, praticamente, desde a última peça, ‘A Volta ao Mundo em 80 Minutos’, nem sequer houve intervalo. Acabou uma e dois dias depois estava a ensaiar esta. Mas é sempre um enorme prazer, um enorme gosto trabalhar com o Filipe, então nesta peça que é um projeto diferente daquilo que tínhamos feito juntos, é muito engraçado e foi maravilhoso. Subir ao palco é sempre nervosismo.

Mas sente que hoje em dia há mais confiança?

Depende muito. Sou um bocado inseguro às vezes, mas os anos também nos dão alguns alicerces e algumas formas de nos defendermos e ganharmos essa confiança. Os espetáculos nunca são iguais e por isso é quase sempre partir do zero. Este é uma coisa tão diferente daquilo que já tinha feito antes. É um espetáculo só com dois atores em cena

Há sempre nervosismo porque quero sempre dar o melhor ao público, que é a entidade máxima do nosso trabalho, e quero sempre que gostem. O meu maior medo é desiludir as pessoas que apostam em mim, neste caso o Filipe Lá Féria e toda a sua produção, e depois [o público].

Como é trabalhar com a Marina Mota?

É maravilhoso. É o estar sempre alerta, sempre atento. Para já, ela é uma profissional muito exigente e isso também eu sou. Depois, tem uma capacidade de resposta… Há espetáculos onde há espaço para o improviso e há outros onde não há, e este é um espetáculo com uma linguagem em que pode haver espaço para o improviso, e nisso a Marina tem uma capacidade de resposta e raciocínio que são únicos. É uma mulher de palco com mão cheia.

É uma inspiração para si?

Sempre foi, como mulher, amiga e ser humano. Cresci a gostar da Marina Mota sem pensar que algum dia iríamos ser tão amigos. Se eu sempre sonhei com este mundo do espetáculo, quando a via era sempre uma inspiração, agora muito mais. Ela é uma mulher que não se esgota na sua entrega, na capacidade de se desdobrar em várias personagens e em tudo na sua vida.

Como é que vê o teatro hoje em dia. Sente que está a morrer?

Morrer? Jamais. O teatro nunca morreu. O teatro não morre enquanto houver público como nós temos tido, pessoas que vêm de todo o país para ver espetáculos e que merecem todo o respeito.

Não há prémio nenhum que pague e que substitua o prazer que é ouvir uma plateia a rir quando o espetáculo é para rirO que é que distingue esta área dos outros formatos de entretenimento?

A magia. Como ator é subir ao palco e comunicar através de um texto, de uma história, e haver esta ligação, as pessoas conseguirem distanciar-se de quem nós somos noutros formatos de linguagem, como é a televisão ou o cinema, e beberem aquilo que estão ali a absorver, a história, e divertirem-se. Não há prémio nenhum que pague e que substitua o prazer que é ouvir uma plateia a rir quando o espetáculo é para rir.

O teatro é sempre essa arte maior. Para já, é onde o ator tem mais tempo para se dedicar e trabalhar, porque a televisão é de um dia para o outro, no teatro não. É incrível, mesmo como espetador, ver uma história ali num quadrado, é uma coisa mágica e aquilo que a gente às vezes vê no espetáculo, aquilo que se consegue fazer através da imaginação num palco de teatro é uma coisa única. O cinema e a televisão têm os artifícios: corte, montagem, edição… Ali no teatro é vida a acontecer.

Eu mesmo quando estou quieto estou agitado. Há sempre uma agitação interior saudável que me permite continuar a ser eu

O João é conhecido por cativar as pessoas com a alegria e toda a sua energia. O que é que é o faz parar?

Nada. Eu mesmo quando estou quieto estou agitado. Há sempre uma agitação interior saudável que me permite continuar a ser eu, e não faço isso para mostrar às pessoas ou para alimentar a imagem de que sou uma pessoa agitada. Sempre fui assim. Quando andava na escola e vivia em casa dos meus pais, os meus pais diziam que eu estudava em frente à televisão. Hoje em dia já consigo estar mais quieto, no silêncio, mas eu mesmo quieto estou sempre com as antenas viradas para muitos sítios.

Além do teatro também tem uma vasta carreira na televisão e sem dúvida que o ‘Big Show SIC’ será um dos programas eternos. Mesmo na altura tendo sido um pouco polémico, continua a ser recordado. Qual foi o contributo do programa para a cultura televisiva do país?

Na altura foi muito criticado e foi muito banalizada a ideia de que era um programa menor. A partir daí, muitos foram os formatos que seguiram cada linha estética e também da realização do ‘Big Show SIC’. As câmaras vinham de baixo, davam a volta, e depois começaram a fazer o mesmo. Na altura era muito criticado: ‘João Baião sempre aos saltos, sempre aos gritos, a dançar’. Hoje em dia vimos muitos programas com apresentadores aos gritos, a dançar… Foi um projeto que foi feito com uma ingenuidade e uma entrega tão grande que acabou por chegar às pessoas de uma forma autêntica, orgânica. Aquilo não foi fabricado, não foi feito, as coisas aconteciam de uma forma natural. Não há receitas para um programa ter êxito. Se assim fosse, todos os programas tinham audiência e acabavam por ficar na história. As coisas têm de ser naturais e têm de ser verdade.

Ainda o abordam na rua sobre o ‘Big Show SIC’?

Muitas vezes. Parece que o programa ainda está no ar. Falam do macaco Adriano, das baionetes… É engraçado que no último espetáculo que fizemos em ‘A Volta ao Mundo em 80 Minutos’, trabalhei com bailarinos que têm 20 e tal anos, que na altura eram umas crianças, e eles disseram: ‘Nunca pensei vir a trabalhar contigo. Na altura não saía da frente da televisão a ver o ‘Big Show SIC’. De facto marcou uma geração e muita gente.

Quando esteve à frente deste programa um dos aspetos que mais o marcou foi o contacto direto com a pobreza, tendo recebido muitos pedidos de ajuda. As pessoas achavam que por estar à frente de um programa de televisão conseguia ajudar todos…

Pois é! Havia ali umas situações porque tínhamos uma rubrica que era ‘Olá Princesa’ em que dávamos algum espaço às pessoas mais carenciadas e na altura foi complicado… e mesmo agora, nos programas day time....

Como no ‘Grande Tarde’… Mas o tipo de problemas que lhe chegavam eram os mesmos? 

São muito semelhantes e depende muito daquilo que as pessoas veem na televisão. Por exemplo, tínhamos uma rubrica que ajudava as pessoas na parte dentária e acabámos por receber muitos [pedidos de ajuda]. Ainda há pouco recebi pedidos de ajuda.

Fá-lo sentir, de certa forma, incapaz não conseguir ajudar todas as pessoas?

Claro. Mas é impossível. São muitas as pessoas… Quem me dera que conseguisse com uma varinha mágica ajudar as pessoas. Às vezes são problemas muito graves, mesmo até a outros níveis.

No caso do ‘Juntos à Tarde’ com a Rita Ferro Rodrigues, o programa não chegou a um ano, a SIC não deu espaço e o programa vinha a crescer Como foi deixar o ‘Grande Tarde’? Gostava de abraçar novamente um formato no day time?

Gostava, embora ache que tinha de ser pensado numa outra forma. Mas gostei muito de fazer o day time. Gosto desta ideia de um programa que pode crescer diariamente, um programa de todos os dias que tem espaço para se solidificar. No caso do ‘Juntos à Tarde’ com a Rita Ferro Rodrigues, o programa não chegou a um ano, a SIC não deu espaço e o programa vinha a crescer, a consolidar a sua audiência, mas decidiram acabar. É uma decisão deles, mas é um formato a que voltarei com certeza.

Hoje o mundo está completamente diferente comparando com os seus primeiros passos no mundo do entretenimento, até porque têm outras ofertas como as redes sociais. Já se imaginou a criar um conteúdo para este ‘novo canal de comunicação’?

Imagino. Aliás, já fui um bocadinho seduzido para isso, mas era preciso pensar em alguma coisa com estrutura e que tivesse a ver comigo. Não é uma ideia que abandone. Já uma vez me sugeriram. É preciso tempo e sobretudo alguma coisa que tenha a ver comigo.

Sentiu dificuldades em adaptar-se a esta nova fase?

Não. Sempre gostei muito de máquinas. Esta coisa das redes sociais e da tecnologia... quer dizer não domino muito bem porque acabo por ficar pela parte superficial destas questões, mas não me sinto excluído até porque tenho as minhas redes sociais, gosto de as alimentar, de comunicar com as pessoas. Lembro-me que quando era mais novo e não havia nada disto, se na altura tivéssemos esta possibilidade de chegar perto dos nossos ídolos tinha ficado doido porque na altura vibrava com os Festivais da Canção, com o teatro, com os programas de televisão. Se tivesse essa a facilidade de chegar a eles como hoje, teria sido maravilhoso.

É vital hoje em dia estar presente em todas as plataformas?

Não sei se é vital, mas acho que é importante. Também só estou no Facebook e Instagram, mais no Instagram, mas não sei se é vital porque aquilo depois também acaba por ser, às vezes, um bocadinho enganador. Utilizo mais por questões profissionais para mostrar o que estou a fazer no trabalho para as pessoas irem acompanhando, mas também há coisas que não acho [que deva mostrar]. Gosto de mostrar os meus animais, as pessoas gostam e pedem, isso é engraçado, agora a parte mais privada não mostro.

O estatuto em Portugal tem um bocadinho pés de barro. Hoje somos muito bons e amanhã somos completamente esquecidos

Em termos profissionais, hoje já pode escolher aquilo que quer fazer?

‘Nunca deitei nada fora’, só não fiz as coisas que não tinha tempo para abraçar porque nós podemos adaptar os formatos e as ideias àquilo que nós somos. Nunca, nem por dinheiro, nem por não gostar deste ou daquele aspeto, não sou muito de escolher. Obviamente que se tiver três propostas como aconteceu e se não tiver tempo para elas, tenho de escolher. Mas essa ideia de que agora tenhp um estatuto... não encaro as coisas assim. Até porque não é verdade. O estatuto em Portugal tem um bocadinho pés de barro. Em Portugal hoje somos muito bons e amanhã somos completamente esquecidos. Essa coisa do estatuto é um bocado subjetivo.

Como é que é abordado pelos mais jovens?

Muita gente que me aborda por causa do ‘Portugal em Festa’, pela agitação de fazer o programa, muitos falam do ‘Big Show SIC’ porque tiveram conhecimento. Às vezes até é estranho porque parece que conheceram o meu percurso. Ainda há pouco tempo esteve aqui um jovem de 10 anos que veio ver a peça e os pais diziam: ‘Ele vai ver tudo o que é vosso no YouTube e parece que vos conhece de há muitos anos’.

Tenho uma gratidão pelo público que não vou esquecer nunca e jamais lhes irei virar as costas porque é para eles que trabalhoQual o sentimento que surge depois de todos estes anos a continuar a cativar as pessoas?

É gratidão sempre e o maior carinho pelas pessoas, que sempre me trataram como se eu fosse da família. Ainda agora, até fiquei estupefacto, estava um grupo de ingleses no restaurante e vieram pedir-me um autógrafo porque me viram aqui no cartaz. Eu nem queria acreditar. Mas é engraçado. As pessoas têm por mim um carinho muito grande. Tenho uma gratidão pelo público que não vou esquecer nunca e jamais lhes irei virar as costas porque é para eles que trabalho.

Este ano desceu do topo do Coliseu de Lisboa no início da gala dos Globos de Ouro. Mesmo não gostando de alturas, aceitou este desafio. Como foi?

Ainda me lembro do primeiro momento em que desceu a Mónica primeiro para ver se estava tudo bem, que é uma das artistas, e depois fui lá eu acima. Quando cheguei lá disse: ‘Não vou conseguir’. E a primeira vez que tirei os pés do chão e fiquei pendurado só dizia que não ia conseguir. Mas consegui e foi um dos maiores desafios deste meu percurso. Foi maravilhoso.

O que nunca faria em cima do palco ou em televisão?

Não sei. Se já desci de uma altura de 30 metros pendurado, acho que se me pedissem para lançar de paraquedas se calhar era capaz disso. Quando somos profissionais e quando abraçamos um caminho, uma ideia, desde que seja confortável, que não ponha em risco aquilo que nós somos e a ideia, acho que se pode fazer tudo, mas depende.

Disse em tempos que os portugueses vão muito atrás dos rótulos. Essa ideia mantém-se?

Os portugueses acabam por se fixar nesta ou naquela personagem. Se este ator é o galã porque é bonito e faz sempre papéis de galã… Somos o país do exemplar único e não, não temos só o Eusébio, o Cristiano Ronaldo ou a Amália Rodrigues, temos muita gente. Obviamente que são figuras emblemáticas e emblemas do nosso país lá fora, mas temos também outras pessoas e há sempre um rótulo.

Depois somos às vezes complexados com as pessoas: ‘Ai aquele anda sempre aos saltos e faz o ‘Big Show SIC’, não pode fazer um filme porque é uma coisa mais séria’. E eu, no meu caso, nunca me preocupei com isso, nunca me preocupei em mostrar: ‘Olha, estás a ver, fiz o ‘Big Show SIC’ mas também sou capaz de representar Shakespeare’. Nunca aceitei projetos para que as pessoas me vissem noutra faceta, sempre fiz coisas diferentes no teatro e na televisão e quem quis ver, viu, quem não quis, não viu.

As pessoas fixam-se muito naquela ideia de: ‘Aquele é humorista, não pode ser [outra coisa]’. Antigamente os atores eram comediantes, faziam tragédia, drama, revista… 

Sou muito saudosista. Vivo agarrado às memórias e penso muito nas coisasQual o momento mais embaraçoso que viveu?

Foi descer o Coliseu dos Recreios. Há momentos muito embaraçosos durante o nosso percurso ou quando às vezes nos dá a chamada branca, como já aconteceu quando estava a fazer a ‘A rainha de ferro-velho’ no Porto, no teatro Sá da Bandeira. Estava com a Maria João Abreu e, de repente, fiquei parado sem saber o que fazer, não me vinha texto, nada. Era ela que dizia o texto dela e o meu e foi muito embaraçoso. Ela foi uma amiga extraordinária.

E o que ficará para sempre no seu coração?

É muito difícil eleger. Sou muito saudosista. Vivo agarrado às memórias e penso muito nas coisas. Foram tantos… Gosto tanto de viver e daquilo que faço. Tenho tido um percurso tão feliz que é muito difícil escolher.

Qual o elogio mais atrevido que já recebeu?

Muitos atrevidos… elogios e não só. Já houve alguns avanços, alguns contactos corporais. Esse sim, foi um momento embaraçoso… Mas as pessoas são muito simpáticas, atenciosas e carinhosas. Isso para mim é o mais importante.

‘Ai João Baião, a gente espera por si ao fim de semana como esperamos por Deus’. Achei aquilo tão forte que ficou para sempre na minha memória E o que mais lhe tocou?

Até hoje sempre tive manifestações de carinho muito familiares, muito próximas. Quando fui apresentar o Carnaval ao Brasil para a SIC, há muitos anos, cheguei ao aeroporto e estava um grupo de portugueses (na altura dava o ‘Big Show SIC’) que me disse uma coisa que nunca mais me esqueci: ‘Ai João Baião, a gente espera por si ao fim de semana como esperamos por Deus’. Achei aquilo tão forte que ficou para sempre na minha memória. Nunca mais me esqueci desta frase.

Já disse que o envelhecimento só o preocupa por causa da questão da saúde. Agora que está perto dos 60, continua sem nenhum problema fruto da idade?

Continuo a praticar exercício físico e ainda me sinto em plena forma. Mas é, de facto, aquilo que mais me custa é a velhice incapaz mental e fisicamente. É o que me custa mais e o que me custa mais ver nos outros. Nós acabamos de uma forma que me transtorna muito. Acabamos muito débeis, muito frágeis. Há quem diga que acabamos como as crianças, mas as crianças estão num processo evolutivo e nós não. Às vezes é um processo muito traumatizante, horrível.

 

Aos 54 anos anos já perdeu pessoas muito próximas, como o seu pai. Como é que lida com a perda?

Muito mal. Estas coisas de dizerem que está sempre no coração e está lá sempre uma estrelinha é verdade, mas o olhar, a voz, o toque, fazem muita falta. E o pensar que nunca mais vou ver aquela pessoa, nunca mais a vou sentir, abraçar, é uma coisa que me custa imenso. Pensar que nós quando morremos não sentimos mais nada na vida, como é que vai ser isto tudo que nós andamos aqui a construir?

Se hoje pudesse estar com o seu pai, o que lhe dizia?

Dizia tanta coisa. Dizia mais vezes amo-te muito e tenho muito orgulho em si. Ficou tanta coisa por dizer.

A ideia que transparece é a de não ficar parado um segundo. Estar sempre com mil e um projetos… Parar é morrer?

Não! Parar é recarregar, não é morrer. É importante parar para recarregar baterias, pensar, refletir, fazer um balanço. Às vezes parar não é parar. No meu caso não é parar. Mesmo no dia de folga não estou parado. Posso estar sentado, por exemplo com os meus cães, e não estou parado. A cabeça está sempre [a funcionar].

O que é que sente que ainda lhe falta fazer?

Tudo. Ainda falta fazer muita coisa.

Qual é o legado que gostava de deixar?

Um sorriso. Que as pessoas se lembrassem de mim bem disposto, enérgico, divertido.

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