"De cabelo branco, mais gordinhos e com rugas", os D'Arrasar voltaram

Hoje propomos-lhe um regresso aos anos 90. Ainda se lembra daquela que foi uma das mais icónicas boy bands a fazer sucesso no mundo do espetáculo em Portugal? Talvez o tema 'Rainha da Noite' seja suficiente para lhe reavivar a memória. Temos boas notícias para o fãs, os D'Arrasar estão de volta 20 anos depois e revelaram todos os pormenores deste regresso em entrevista ao Notícias ao Minuto.

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© Reprodução Instagram / Cristina Ferreira

Catarina Carvalho Ferreira
09/04/2020 09:30 ‧ 09/04/2020 por Catarina Carvalho Ferreira

Fama

D’Arrasar

"De cabelo branco, mais gordinhos e com rugas", os D'Arrasar estão de volta 20 anos depois de em 1998 se terem juntado para formar aquela que viria a tornar-se a segunda boy band portuguesa a fazer um sucesso estrondoso entre o público. 

CC [Carlos Coincas], Jorge KapinhaJoca, Jimmy e Ricardo interpretaram temas como 'A Rainha da Noite' e, com as suas coreografias, deixavam as fãs em delírio. 

Mulheres a desmaiar, roupas rasgadas, polícias agredidos e autênticas perseguições em supermercados, restaurantes ou até na praia.

"Em Portugal nunca se tinha visto tal coisa", garantem Kapinha e Jimmy, que em entrevista ao Notícias ao Minuto recordam os grandiosos anos 90 dos D'Arrasar.

Temos de começar pelo início, recuar 20 anos no tempo e lembrar como tudo começou. Para quem não conhece a vossa história, como é que surgem os D’Arrasar?

Kapinha - Em 1998 alguém descobriu ali um gap na música portuguesa que eram as boy bands. Aparecem os Excesso em primeiro e depois há um produtor musical, um homem da rádio, o Pedro Guerreiro, e a Nucha que decidem dar continuidade a isso e fazer a segunda boy band portuguesa… e aparecemos nós, de partes completamente diferentes. O CC vinha mesmo da música, tinha formação musical, estudou no conservatório, a mim chamaram-me porque ganhei o programa ‘Ai os Homens’, o Joka e o Ricardo já se conheciam dos karaokes. Não houve aquela coisa de talent show/casting, conheciam uns e outros e resolveram juntar-nos a todos.

Então os cinco elementos da banda não se conheciam entre si?

Jimmy - Nós os dois já nos conhecíamos por causa do ‘Ai os Homens’, onde eu também participei. O Joka e o Ricardo conhecia-os da noite e o CC era o único que não conhecia mesmo.

Será que estaríamos aqui se não tivessem existido os D'Arrasar? Acho que nãoComo é que vos foi comunicado que tinham sido escolhidos para fazer parte deste projeto?

K - Na altura, estava a estudar engenharia eletrotécnica, no [Instituto Superior] Técnico, e ligaram-me. Disse logo que não, que não era para mim. Depois lembro-me de ir a casa da Nucha e o fator que decidiu foi quando puseram a cassete VHS de um concerto dos Excesso. Fiquei de boca aberta e a perguntar-me: mas isto é aqui em Portugal?

J - Eu trabalhava numa discoteca grande que tinha aberto em Leiria, a Império Romano, e a Nucha foi lá para me falar na banda.

Se não tivessem existido na vossa vida os D’Arrasar, o meio artístico fazia parte dos vossos planos?

K - A minha grande paixão é a apresentação e o meu grande amor a representação. Era um sonho que tinha e os D’Arrasar vieram abrir essa porta. Se não tivesse entrado para os D’Arrasar será que tinha conseguido vingar nesse meio? Não sei, se não tivesse entrado possivelmente seria engenheiro nas empresas da minha mãe. Acho que iria sempre tentar ir à procura do meu sonho. Tirei o curso de manequim, de representação, de locução e apresentação. Tinha o bichinho da representação e com os D’Arrasar entrei para outro meio, que é a música, que depois abriu portas para tudo.

J - Eu fiz o mesmo percurso que ele, também tirei o curso de representação e o sonho sempre foi esse, mas não procurava. Também tenho esse gosto da apresentação e da representação, muito mais que a música até, sou sincero, mas nunca fiz nada por isso. Deixei as coisas rolarem e depois de repente... Fui a um programa contrariado, convidado por amigos, e ganhei. Saí do programa e convidaram-me para fazer parte de uma banda. Como disse o Kapinha: será que estaríamos aqui se não tivessem existido os D'Arrasar? Acho que não.

Eram inevitáveis as comparações  com os Excesso e até as confusões. Nunca encarámos as coisas com rivalidadeOs D’Arrasar surgem um bocadinho depois dos Excesso, havia comparações e rivalidades?

K - Acho que há sempre comparações quando tens estilos idênticos e, principalmente, quando são os primeiros. Há sempre quem diga que gosta mais dos primeiros, quem diga que os segundos são melhores por isto ou por aquilo... comparam-se sempre as músicas. Mas a verdade é que era uma grande tendência. Entre nós não havia rivalidade, dávamo-nos todos muito bem. Até já conhecíamos alguns dos elementos dos Excesso antes de entrar nos D’Arrasar.

J - Eram inevitáveis as comparações e até as confusões. Olha o Melão dos D’Arrasar… [risos]. Foi sempre tudo muito saudável, pelo menos da nossa parte. Nunca encarámos as coisas com rivalidade, nem andávamos a ver o que eles faziam para copiar. Decidimos fazer o nosso trabalho e ver até onde conseguíamos chegar.

Nas bandas normalmente cada um tem o seu papel. Há quem se destaque porque canta melhor, outros pela dança. Nos D'Arrasar qual era o papel de cada um?

J - Isso nós percebemos muito rapidamente que não podia acontecer. A intensidade que as coisas tomavam levou-nos a perceber que não podíamos ser donos, artistas, coreógrafos… querer fazer tudo. Tínhamos uma empresa montada e delegámos funções em outras pessoas, seguranças, coreógrafos, músicos. A única pessoa que realmente estava um bocadinho mais ligada, pela formação que tem, era o CC. Dava sempre o seu cunho e orientava-nos a nível vocal. Cinco cabeças pensam todas de forma diferente, então o melhor era acatarmos ordens de quem nos dirigia.

Os dinossauros da música não viam isto com bons olhos, certas rádios negavam-se a passar as músicas, certos estratos sociais criticavamE quando é que vocês percebem que os D’Arrasar estão mesmo a fazer sucesso?

K - Muito sinceramente, acho que foi logo desde o início. O programa que nos lança é a ‘Roda dos Milhões’, com o Jorge Gabriel. Tremíamos que nem varas verdes lá atrás, antes de entrarmos em direto. Já se tinha falado muito de nós antes da apresentação, quando somos apresentados em televisão já estava o estúdio cheio de fãs, cartazes e tudo aos gritos. Quando ouves a música a tocar na rádio percebes que, felizmente, o caminho só podia ser o sucesso… a não ser que algo corresse muito mal.

J - Embora este estilo de bandas tivesse muito sucesso, não era muito bem vista pela classe musical. Os dinossauros da música não viam isto com bons olhos, certas rádios negavam-se a passar as músicas, certos estratos sociais criticavam, mas com a nossa humildade, com a nossa forma de estar e sabendo o que queríamos, nós conseguimos chegar a tudo. Acho que percebemos o sucesso quando fomos convidados até por aqueles que não viam com bons olhos este género musical. Certos programas de televisão, certas festas que nós fizemos para algumas pessoas, acho que foi aí.

Termos de fugir escoltados pela polícia, baterem a um polícia para chegarem a nós, baterem-se por causa de uma peça de vestuário nossa (...) em Portugal nunca se tinha visto tal coisa Vocês sentiram muito esse preconceito que existia em relação às boy bands?

K - Tinhas bandas de garagem que existiam há 10 anos e que nunca tinham tido um sucesso e, de um momento para o outro, juntas cinco pessoas de meios completamente diferentes, que nem se viam como músicos, porque não o éramos, nós éramos basicamente interpretes musicais e coreógrafos, e de um momento para o outro estamos nas rádios e nas televisões todas a ter um grande sucesso, a vender discos, a fazer concertos. Isso fazia alguma confusão a certas pessoas. Acho que por ai sentia-se um bocadinho, mas para nós era indiferente. Estávamos bem connosco, fazíamos as coisas que gostávamos, tínhamos um grande feedback por parte do público e acho que isso era o mais importante.

Depois da roda dos milhões seguiram-se os primeiros espetáculos e vocês foram criando uma gigante legião de fãs. Era mesmo a loucura de que se falava?

K - Não, era pior! [Risos]

A que nível, que situações caricatas viveram vocês com os fãs?

J - Tanta coisa… coisas que atiravam para dentro do palco que eu nego-me a dizer. Termos de fugir escoltados pela polícia, baterem a um polícia para chegarem a nós, baterem-se por causa de uma peça de vestuário nossa. Coisas que nós não estávamos habituados, depois em Portugal nunca se tinha visto tal coisa. Vias isso numa televisão, num canal estrangeiro e com uma banda estrangeira. Nunca vias um artista português a ser assediado daquela forma e, de repente, não só vês um português como te vês a ti. Acabas por nem saber gerir a situação. Houve mesmo muitas coisas... Aparecerem à frente do carro com crianças ao colo a quererem um autografo. ‘Atropela-me que eu não saio daqui’, diziam. Lembras-te, Kapinha, no Amoreiras? Temos muitas histórias dessas.

K - Tinhas aquelas coisas que não sei se ainda se vê hoje em dia, mas acho que não, de fãs a desmaiar. Para mim havia duas coisas muito impressionantes, uma delas era as pessoas que faziam 500 quilómetros, que vinham de Bragança, para nos vir ver ao ‘Big Show SIC’. Vinham de propósito, chegavam à porta e não entravam no programa porque já tinham chegado 150 pessoas antes. Ficavam à porta, com baias de segurança, só para nos ver. Ficavam ali uma hora, ou até três, só para nos voltarem a ver sair do estúdio e entrar na carrinha. Inacreditável. Nós tínhamos fãs que iam a todos os concertos, todos, fosse onde fosse. Depois lembro-me de outra coisa que acontecia nos restaurantes. Quando íamos jantar antes dos concertos, geralmente, reservavam nos restaurantes a mesa do canto e depois reservavam todas as mesas à volta. Nós ficávamos no canto e as mesas à volta com os seguranças, só depois então o resto das pessoas. Eram coisas que só vias nos filmes e achavas que não podiam ser verdade.

Éramos uma família e qualquer família tem as suas quezílias. Claro que nunca chegámos foi a vias de facto de agressões ou de faltas de respeito Não estando vocês preparados para lidar com isso, como é que aprenderam a gerir a situação?

J - Não geres e não consegues gerir. Deixas de conseguir ir a uma praia onde era habitual ires… e isto não é estar aqui armado em nada, isto era a realidade. Tens dezenas de pessoas à tua volta, de cinco em cinco segundos está alguém a pedir um beijinho ou um autógrafo. Deixas de conseguir ir às compras porque estão a ver qual é a marca do papel higiénico que estás a comprar. É uma coisa horrível, mas eu sempre disse isto, já na altura quando faziam essas questões, as coisas foram acontecendo gradualmente e deu tempo para que fôssemos percebendo o que estava a acontecer. Na primeira semana uma pessoa conheceu-te, na segunda semana houve duas, na terceira houve 100 e na quarta 500. Daí para a frente já não consegues passar despercebido. O polícia manda-te parar, porque fizeste uma transgressão pequenina, e antes de te estar a multar já te está a pedir um autógrafo para o filho. É óbvio que tudo o que é demais, entenda-se o que estou a dizer, não é chateia, mas… A verdade é que perdes a privacidade toda e tens de saber lidar com isso, ou sabes ou saltas fora.

K - Uma das coisas que fazia era naqueles dias em que estava mais cansado, com menos paciência, optava por não sair de casa. Vou contar uma história do quão absurdo isto era. Durante esses tempos tive uma namorada, que na altura era muito conhecida, e num belo dia fomos os dois ao Colombo. Tínhamos comprado um cão e queríamos comprar-lhe uma mantinha. Não havia o que queríamos na loja de animais, então entrámos numa loja de roupa e comprámos uma manta creme. Passados dois dias, a capa das revistas era: o casal vai ter um filho, não sabe o sexo do bebé e, por isso, compra manta creme. Estávamos nas bocas do mundo para tudo, para o bom e para o menos bom. Foram tempos inacreditáveis

A agenda muito preenchida da banda obrigava a que passassem muito tempo juntos, nunca houve nenhuma zanga entre vocês?

J - Claro que sim, nós éramos uma família e qualquer família tem as suas quezílias. Claro que nunca chegámos foi a vias de facto de agressões ou de faltas de respeito. Quando digo claro que sim, falo de pequenas discussões por causa de atrasos ou porque estás a fumar um cigarro e ele não fuma e tem de estar a levar com o teu fumo. Aquilo era tão intenso, era todos os dias a toda a hora, ocupava 99% da nossa vida… acabávamos por ficar saturados, às vezes. E como o Kapinha disse, quando sabias que estavas assim o melhor era ficares isolado. Estávamos juntos de manhã à noite, é óbvio que quando isso acontece é quase um ‘Big Brother’ dentro de uma carrinha, num hotel e num espetáculo. Havia dias em que aquela piada, aquele cigarro ou aquela brincadeira deixava de ter graça, mas nada que não se resolvesse.

Não foi fácil chegar onde chegámos, foi muito trabalhoso, passámos um bom bocadoApesar das pequenas discussões de que falam, conseguiram criar relações de forte amizade entre todos?

K - Acho que tínhamos uma maturidade acima da média. Basicamente aquilo era um casamento a cinco, mas nós nem chegámos a namorar. Nós nunca tínhamos estado uns com os outros e do nada tivemos de aprender a lidar com as diferenças de cada um. Não é fácil. Acho que nisso nós fomos mestres, daí a longevidade do grupo comparativamente com os outros. Os Excesso gravam o primeiro disco e é uma loucura absoluta, depois eles fazem uma pausa para gravar o segundo e nós entramos, mesmo na altura certa… entramos nesse intervalo e eles passam a vender um décimo do que vendiam. E nós continuámos, lançámos três discos.

J - Não foi fácil chegar onde chegámos, foi muito trabalhoso, passámos um bom bocado. Cada um de nós, no fundo, abandonou a sua vida para se dedicar àquilo… não foi fácil. Depois a luta é constante para te manteres, porque não facilitam. Quando vem a parte de estares a recolher os frutos é tão intenso… passávamos 360 dias do ano a fazer algo relacionado com a banda. Quando assim é, juntamente com cinco pessoas, é preciso ter o discernimento de saber quando tens de te afastar um bocadinho sem ferir suscetibilidades.

A maneira como vives, a maneira como as pessoas te olham quando és uma pop star... é completamente diferenteQuando dizes que passaram um bom bocado referes-te à vida pessoal?

J - Claro, falo de tudo o resto que existe para além da vida profissional. A vida familiar, pessoal, e tudo com a agravante que tens de ter muito cuidado com o que fazes, onde fazes e com quem fazes. Aconteciam coisas horríveis, cheguei a estar com a minha sobrinha na praia a brincar com uma cadela e uma pessoa que estava perto fotografou-nos e gravou a nossa conversa. Foi tudo publicado na imprensa. É indescritível o que sentes, sentes-te violado na tua intimidade. Tens de ter um grande poder de encaixe.

Passados todos este anos, e voltando agora a olhar para trás, como é que vocês descrevem os anos em que fizeram sucesso em Portugal com os D'Arrasar?

K - Diria que são anos irrepetíveis. Eu depois dei continuidade à vida artística, passei a apresentador de televisão e a ator, mas são momentos completamente diferentes. A maneira como vives, a maneira como as pessoas te olham quando és uma pop star... é completamente diferente. Entrava no Colombo e assustava-me com os gritos, só depois percebia que eram duas amigas a chorar. Também tem a ver com o facto de transmitires mensagens através da música, a música inspira. O que quer que venhas a fazer depois daquilo, aquele tipo de experiência, o estar em cima do palco, dividir as emoções, nunca será o mesmo depois de seres uma estrela da música pop nacional.

J - Sim, sem dúvida. Teria de definir como uma fase espetacular. Não se vai repetir nunca, eventualmente nem em Portugal voltará a existir esse 'boom' relacionado com qualquer tipo de música. É uma coisa irrepetível e foi fantástico.

Era para ser um mês de férias e nunca mais nos juntámosQuando é que decidiram que estava na altura de parar e que os D'Arrasar se deviam separar?

J - Na realidade sentámo-nos um dia na Avenida de Roma e decidimos tirar férias. Era para ser um mês de férias e nunca mais nos juntámos. Esta é a realidade.

Mas continuaram a ser amigos?

J - Sim, sim, só que não nos juntámos enquanto banda. Um foi para um lado, outro abriu um negócio… Não havia aquela coisa de eu não falo contigo, não te quero ver, só não apeteceu voltarmos. Nunca tivemos tempo para nós, para nada, tirámos aquelas férias e apeteceu-nos ficar mais tempo assim.

K - Quando decidimos que queríamos fazer aquela pausa soube bem e depois todos começámos a encontrar outros caminhos e outras coisas que nos realizavam. Ninguém se chateou com ninguém, damo-nos todos muito bem, foi apenas uma pausa que durou até agora. É esquisito, não é normal, mas na nossa vida nada é normal Risos].

Como já disseram, nos anos 90 acabaram por surgir várias boy bands. Conseguem explicar porque motivo se deu este fenómeno? O público estava mais predisposto a este género de bandas?

K - Mesmo que agora aparecesse uma banda que fizesse um sucesso extraordinário, nunca seria como nos anos 90. Eu tenho uma justificação muito óbvia, para mim são as redes sociais. As redes sociais mataram o 'starsystem', porque as pessoas deixaram de sonhar com os seus ídolos. Éramos convidados no Natal para ir ao IPO ver as crianças, era difícil mas importante, e era relatado pelas enfermeiras que o estado clínico das crianças melhorava a partir do momento em que sabiam que nós íamos. Isto acontecia porque as pessoas vibravam com o simples facto de verem o seu ídolo. Agora tu queres ver o teu fã a tirar macacos do nariz e a babar-se de manhã quando acorda, aquela magia, aquela redoma onde as pessoas te colocavam desapareceu.

Hoje em dia até aqueles machos que na altura ficavam de lado porque as miúdas estavam todas de volta da banda admitem que gostavam das músicasE agora o tão aguardado regresso. 20 anos depois, os D'Arrasar estão de volta. Porque é que decidiram voltar agora?

J - Acho que não temos resposta para essa pergunta. Foi inesperado, o convite foi feito pelos organizadores da Revenge of the 90’s. Já nos tinham feito outros convites para voltarmos, nomeadamente do Ediberto Lima, mas nunca chegou a acontecer. E desta vez também pensei que ia haver algum a cortar-se, mas não aconteceu e a verdade é que fazia todo o sentido ser agora… 20 anos depois. Resumindo, não há porquês, apeteceu-nos. Mas acho que um dos motivos que nos levou a aceitar foi o de tentarmos agora desfrutar um pouco mais de tudo.

Não tiveram receio de que as fãs já não se identificassem convosco... ou até de já não terem fãs?

K - Quem gostou dos D’Arrasar gostará para sempre [risos]. Há uma tendência mundial no 'revival' e nós percebemos que seria uma boa oportunidade, apesar de o convite ter surgido também porque a banda completava 20 anos. E depois o feedback que tivemos a seguir fez-nos perceber que as pessoas estavam muito sedentas. Há pessoas que têm saudades nossas, que ainda ouvem as músicas.

Temos cabelos e barba branca, estamos mais gordinhos e com rugas. No fundo é tudo normal, faz parte da vidaQuem são agora as vossas fãs, 20 anos depois?

K - É óbvio que a classe mais jovem nos conhece pouco, as nossas fãs estão ali a partir dos 30.

J - Hoje em dia até aqueles machos que na altura ficavam de lado porque as miúdas estavam todas de volta da banda admitem que gostavam das músicas e que se divertiram imenso. É engraçado veres aquela miúda que conhecias pequenina casada e com filhos.

A imagem dos elementos que faziam parte das boy bands era muito importante na época, não vos incomodou voltar agora, tanto tempo depois, e a vossa imagem já não ser a mesma de há 20 anos?

J - Vamos ser sinceros, há 20 anos o intuito de uma boy band era de alguma forma agradar a quem estava a ver. Hoje em dia já não é esse o intuito, o nosso regresso é no fundo reviver um bocadinho o passado e proporcionar a quem esteve do nosso lado no passado a oportunidade de nos voltar a ver e a ouvir. Já não tem a ver com o angariar fãs. Nós envelhecemos e as nossas fãs também, é essa evolução que também é engraçada. Temos cabelos e barba branca, estamos mais gordinhos e com rugas. No fundo é tudo normal, faz parte da vida.

Acho que era muito giro e um grande desafio colocar a banda a gravar uma nova música originalQuando voltaram a juntar-se, ainda se lembravam de todas as músicas e coreografias?

J - Sim… [risos]

K - Lembrava-me mais das letras do que das coreografias, confesso. A verdade é que com alguns ensaios passa tudo a sair naturalmente. Não estava esquecido, estava adormecido

No que é que vai consistir exatamente este aguardado regresso dos D'Arrasar?

K - Este regresso consiste numa digressão única. Uma última digressão em que os D’Arrasar vão percorrer o país inteiro com algumas festas de Revenge of the 90’s e não só. Estaremos disponíveis para festas ou qualquer evento. Estamos a preparar um novo espetáculo com as nossas músicas de antigamente, algumas remisturadas e com sons mais atuais, novas coreografias e outras que as pessoas já conhecem. Nunca houve nenhuma boy band que tenha tido o sucesso que nós tivemos, que se tenha separado e que depois tenha voltado novamente com todos os elementos. Somos os cinco membros originais da banda e isso é extraordinário.

Vai ser mesmo apenas uma última digressão?

K - Pelo menos o contrato que eu assinei dizia que sim [risos]. 

J - Viemos para ficar até nos divertirmos. Enquanto der prazer a quem está à frente do projeto e a nós e enquanto tudo correr bem. Quando percebermos que realmente está na altura de agarrarmos na moletazinha e sentarmo-nos no banco do jardim a jogar às cartas, tranquilo.

E não será produzida uma nova música?

K - Vou dizer aqui uma coisa em primeira mão, não está ainda nos planos, mas acho que era muito giro e um grande desafio colocar a banda a gravar uma nova música original. Acho que era muito giro, 20 anos depois, os D’Arrasar irem para estúdio fazer uma surpresa.

Não poderíamos terminar esta entrevista sem colocar a pergunta que todos os fãs gostavam de ver respondida: a 'Rainha da Noite' ainda é a mesma 20 anos depois?

J - A música foi feita pelo Pedro Guerreiro e na altura nunca chegámos a saber se era dirigido a alguém. Que eu saiba, não. Eu tenho a minha, chama-se Natacha e tem 13 anos, e o Kapinha tem a dele.

K - A minha rainha da noite será sempre a minha mãe, mas todos nós quando estamos no palco as nossas rainhas da noite são as pessoas que estão ali à nossa frente. É para elas que nós nós damos tudo, é por elas que estamos ali e é a elas que queremos continuar, 20 anos depois, a fazer sonhar.

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