Celebra-se este domingo, 3 de maio, o Dia da Mãe. Uma data que para muitos será comemorada longe das progenitoras por causa da pandemia da Covid-19, como é o caso de Liliana Aguiar.
A muitos quilómetros de distância da mãe, a figura pública vai, porém, celebrar este dia junto dos filhos. Recorde-se que Liliana Aguiar é mãe de Miguel Ângelo, de 14 anos, da união passada com António Miguel Tavares, Salvador, de três anos, da anterior relação com José Carlos Pereira, e do pequeno Santiago, de um ano e meio, fruto do atual casamento com Francisco Nunes. Por sua vez, Francisco é também pai de Vicente e Salvador, de 12 e quatro anos respetivamente.
Mãe de três rapazes, Liliana afirma-se uma mulher feliz e mostra não se importar com os ditos "protocolos da sociedade". Mantém uma boa relação com os ex-companheiros, o que leva à harmonia entre toda a família.
Neste Dia da Mãe, a celebridade abriu o seu coração para partilhar com o Fama ao Minuto o seu papel, que, descreve: "é como se vivesses para aquele ser [filhos] e faz com que estejas sempre em alta rotação interior".
O que é para si ser mãe?
É inexplicável. Um sentimento tão forte que não sabes quantificar. Só sabes que por aquela pessoa tu és capaz de tudo e isso só me aconteceu quando fui mãe. Obviamente que o amor de filho é sempre diferente do amor de um homem qualquer... Mas a verdade é que daria a minha vida por um filho. Só quem é mãe é que consegue sentir. Quase que não há uma definição certa. Não sei definir, só sei sentir. Dá muito trabalho, é a profissão na qual eu sinto que nunca vou estar a 100%. Estou sempre na dúvida se fui boa mãe, estás sempre em constante dúvida e em constante vontade de querer conquistar. Isso faz com que o amor vá se tornando sempre muito maior e ao mesmo tempo estás sempre, de certa forma, insatisfeita porque achas que não deste o teu melhor.
Aquilo que eu vivi no nascimento do mais velho [Miguel Ângelo, de 14 anos] foi completamente diferente daquilo que vivi agora com os dois - Salvador, de três anos, e Santiago, de um ano e meio. Talvez pela idade, pela experiência de vida, a maturidade que eu também alcancei porque na altura era muito miúda, tinha apenas 25 anos... Tudo é diferente, estás sempre em constante evolução. A única coisa de que tens a certeza é que se for para dar a vida, dás pelos teus filhos.
Não vou dizer que a minha ligação com os meus filhos ficou mais forte. Sinto é que eu como mãe vivi mais o dia a diaE como é ser mãe antes da pandemia e durante a pandemia? Quais os principais desafios que mais tem sentido nesta fase?
Nos primeiros 15 dias achei fabuloso porque a verdade é que nós não estamos muito tempo com os nossos filhos - por motivos de trabalho e eles também têm as regras deles e a escola. Já estou em casa há mais de 40 dias e confesso que é muito trabalhoso. Ainda por cima porque eu tenho três, mas o meu marido tem dois, portanto, às vezes são cinco, e todos eles ainda muito bebés. [Os mais velhos, Miguel, de 14 anos, e o enteado Vicente, de 12] também precisam de atenção porque ainda não são totalmente independentes. Os pequeninos têm cuidados superiores, obviamente, só que em 24 horas é muito complicado. Começas a achar que não tens mais nada para dar, e quando dás por ti e eles te pedem o iPad, tu até já dás porque já estás tão cansada - não é cansada de fazer as coisas com eles, é da própria idade que exige não só atenção, mas teres paciência para os gritos, o choro constante, por um querer uma coisa e o outro querer outra...
Não vou dizer que a minha ligação com os meus filhos ficou mais forte. Sinto é que eu como mãe vivi mais o dia a dia, mas não é só a parte bonita, são as preocupações, o sistema nervoso... Há uma coisa que eu não quero ser mesmo que é educadora de infância [risos].
Como é que geriu toda a dinânica com os pais dos seus filhos em relação à guarda deles neste momento?
O Júnior [Miguel] já tem uma dinâmica há muitos anos porque eu separei-me quando ele tinha dois anos. Ele nem sequer se lembra de me ver com o pai. Lembra-se de ver a mãe solteira, de ter eventualmente um namorado, mas viver com outro homem só está a ter essa experiência agora. Eu e o pai dele sempre tivemos uma relação fantástica, portanto, por mútuo acordo, eu fico com ele durante a semana e ele vai para o pai aos fins de semana.
O Salvador, nem sequer vê o pai [o ator e médico José Carlos Pereira], devido a agora a estar a trabalhar no hospital. Já não o vê há mais de um mês e ele está comigo. Mas sempre que o quer ver vem aqui ao condomínio e atira beijinhos da janela. Numa situação normal, sem Covid-19, ele também só o vê de 15 em 15 dias, aos fins de semana. Os meus filhos sempre estiveram comigo, nunca tive uma guarda partilhada, nem sequer sei o que é isso.
Inicialmente, quando era miúda com 25 anos e achava que era a dona do mundo, não concordava com as guardas partilhadas, mas agora concordo. Acho que para os bebés, desde que seja uma coisa muito bem falada logo de início, é muito mais saudável do que propriamente verem os pais de 15 em 15 dias. Acho que as guardas partilhadas fazem todo o sentido quando são bem organizadas e quando é uma coisa que comece desde pequeno, porque depois, a partir do momento em que a mãe e o filho têm hábitos, quebras a rotina totalmente e eles sofrem um bocado com isso.
Neste momento, no caso do José Carlos Pereira o pequeno Salvador mantém-se consigo por causa de o pai estar a trabalhar no hospital, mas em relação ao mais velho já não é assim?
Como o pai trabalha na TAP e agora não está a viajar, optámos por fazer a quarentena. Ele vai ao pai e fica 15 dias e depois vem para mim e fica 15 dias. Mas o Júnior [Miguel] é diferente, ele tem quase 15 anos e quase vai quando quer. Nós temos uma relação muito aberta, damo-nos todos muito bem, não existe essa regra, existe a vontade dele. Obviamente que agora tem de ficar 15 dias [em cada lado], não dá para ficar só três ou quatro dias. Ao início ele esteve muito tempo sem ir ao pai porque o pai estava a viajar e teve de ficar depois um tempo em quarentena. Eu já estou em quarentena há muito tempo. Percebi que ia ser grave e fiquei logo em casa com os meus filhos.
Recusei-me desde muito cedo a viver uma mentira. Vivo a minha vida sempre de uma forma muito clara, mesmo sabendo que a minha clareza, a minha transparência às vezes pode chocar algumas pessoas ou até sair do 'protocolo' da sociedadeAcredito que os meninos estejam sempre a fazer perguntas especialmente por não poderem sair de casa, talvez para os mais novos seja mais difícil porque não percebem bem... Que mensagem lhes transmite sempre que a questionam?
Primeiro tenho a história do coronavírus, digo que o coronavírus é um menino que quis viajar por vários países e que se agarra às pessoas para aproveitar a viagem mas que de certa forma acaba por matar algumas pessoas... e eles não sentem. Eu vivo num condomónio enorme que tem uma área de quatro quilómetros para andar aqui dentro, por isso eles têm muitas atividades - andam de bicicleta, jogam à bola. [Os mais pequenos] acham que isto são umas férias. Percebem que é o coronavírus, mas não vivem isso. Os grandes sim, e também estão com uma logística diferente agora com as aulas online... Nesses sinto que houve uma quebra na rotina e que eles sentiram, especialmente no caso do Júnior [Miguel] que jogava futebol e está um bocadinho mais stressado por estar em casa.
E como é que a mãe consegue gerir todas estas emoções?
Bem! Estou com os meus filhos... Se me perguntassem o que é que eu faria se amanhã morresse eu responderia que ia estar com os meus filhos. No meio de algum stress, obviamente, porque é muito tempo e são muito pequenos, mas estou bem. Às vezes sinto-me muito cansada, mas depois durmo e recupero, e quando acordo já estou com saudades deles. Estou no meu altar e tenho tudo aquilo que queria.
Obviamente que estou longe da minha mãe, mas a minha mãe está a 300 quilómetros e eu estou mais do que habituada a estar longe dela. Como sei que também está em quarentena e está bem de saúde... Estou a dizer isto com alguma tranquilidade porque sei que é uma fase e também não quero entrar numa grande ansiedade. Sou uma pessoa extremamente ansiosa e se começar a pensar muito nos problemas que isto trouxe ou que vai causar, vou estar ansiosa e passar isso para os meus bebés é algo que não quero, até porque é insuportável viver em stress com tantos miúdos.
A Liliana mostra ser uma pessoa muito bem resolvida e é transparente sobre os seus sentimentos. O que é preciso para chegar a esse patamar?
Acho que se nós não somos nós próprios, nunca iremos ser felizes e eu entendi isso muito rapidamente. Sempre fui uma pessoa muito transparente, mesmo nas minhas amizades, no meu trabalho, nunca fui pessoa de engolir sapos e costumo dizer sempre a minha opinião - obviamente ter o cuidado para não magoar ninguém porque ser honesta e sincera é uma coisa e ser uma pessoa que gosta de magoar as outras é outra.
Decidi que quero ser feliz, que vou ser feliz para poder fazer com que as outras pessoas sejam felizes. O que sinto é que há muitas pessoas que vivem uma grande mentira. E viver numa mentira acho que deve ser o maior sofrimento que o ser humano pode ter de passar. Recusei-me desde muito cedo a viver uma mentira. Vivo a minha vida sempre de uma forma muito clara, mesmo sabendo que a minha clareza, a minha transparência às vezes pode chocar algumas pessoas ou até sair do 'protocolo' da sociedade. A verdade é que a sociedade vive em mim, mas uma percentagem pequena. O que vive em mim e dentro de mim é a Liliana Aguiar. Nunca vou deixar de ser eu própria para os outros gostarem.
O facto de ter três filhos de pais diferentes, eu sei que isso é algo que na nossa sociedade ainda não é muito bem visto, mas não vou ficar com o pai de um filho meu só porque sim, só porque é assim que a nossa sociedade, a nossa cultura, a religião assim o quer. Fujo àquilo que é o normal na sociedade, mas sou uma mulher muito feliz.
A todas as mães que estão longe dos filhos, principalmente as idosas, que tenham paciência, que sintam que esta distância é, sem dúvida alguma, uma grande prova de amorQue mensagem gostaria de deixar a todas as pessoas que no Dia da Mãe estão longe das suas mães por causa da pandemia?
Sei que a distância às vezes se torna muito complicada, e para os que não estão habituados a estar longe das pessoas que mais gostam ainda deve ser muito mais complicado, mas pensem que isto é uma fase. Se cumprirmos com tudo aquilo que nos é pedido, temos a certeza de que aquelas pessoas que estão longe de nós vão ficar muito mais próximas. Isto foi uma lição muito grande para todos e estamos a fazer isto também por amor ao próximo. A todas as mães que irão estar longe dos filhos, pensem que se isto fosse há uns anos não havia esta tecnologia. Temos de ver isto de outra forma e não ser tão dramáticas, não levarmos as coisas a um extremo tão grande, porque a verdade é que já estamos no limite, aconteceu algo que ninguém estava à espera.
Vamos tentar viver este dia com muita qualidade, com muito amor. A todas as mães que estão longe dos filhos, principalmente as idosas, que tenham paciência, que sintam que esta distância é, sem dúvida alguma, uma grande prova de amor. Temos de nos agarrar a isso e fazer muitas chamadas, e acho que custa menos. Um beijinho grande a todas as mães.