"Acredito que fazemos a nossa sorte. Não sou de baixar os braços"
Catarina Lima esteve à conversa com o Fama ao Minuto e falou sobre a mais recente conquista, os prémios do festival 48 Hour Film Project.
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Fama Catarina Lima
Não sobe ao palco apenas para dançar, Catarina Lima tem também várias formações no mundo da representação que, diz, "inicialmente era mais como um complemento à dança". "Acho que um bailarino deve sempre contar uma história", afirma. No entanto, a evolução na formação de atriz ganhou um espaço especial na sua vida e passou para primeiro plano.
O cinema é uma das suas apostas mais recentes, tendo participado no festival 48 Hour Film Project com 'A Vida', que levou para casa vários prémios.
Experiências que foram destacadas em conversa com o Fama ao Minuto, onde se mostrou com 'garra' para aproveitar todas as oportunidades nas artes. Nesta entrevistarecorda também a passagem por programas de destaque, como o 'Ídolos' e 'A Tua Cara Não Me é Estranha'.
Além disso, falaainda de um projeto especial que está a preparar. "Não sou de esperar por oportunidades que poderão não chegar", afirma.
'À Vida' levou para casa nove prémios do festival 48 Hour Film Project, entre eles o de Melhor Intérprete Feminino. Sente que este reconhecimento pode abrir novas portas?
Sinto e, acima de tudo, espero que sim. No ano 2020 recebi alguns prémios de Melhor Atriz com este filme e com o filme 'A Escritora', que serviram para me sentir mais confiante nas minhas próprias interpretações. Espero que assim seja também para quem as vê.
Pretende continuar a apostar no cinema? Como vê atualmente a sétima arte em Portugal?
Sem dúvida. Das experiências que tenho tido, cinema é de longe o que me dá mais prazer fazer. Acho que com todas as novas plataformas streaming que se têm vindo a desenvolver, o cinema ganhou ou vai ganhar um espaço que não tinha até agora. É muito mais fácil o acesso geral a filmes e séries, o que também significa que há mais espaço para quem os cria. A Moving Pictures, a minha produtora que produziu o filme 'À Vida', está a pré-produzir uma série que também integrarei enquanto atriz e assim condenso tudo aquilo que gosto de fazer.
A dança e a representação estiveram sempre de mãos dadas na sua vida? Como começou esta paixão pelas artes?
Comecei a dançar ballet com quatro anos e nunca deixei de dançar. Passei pelo contemporâneo e moderno até às danças urbanas e sempre fiz muita formação. Depois do curso de Ciências do Desporto que fiz no Porto, vim para Lisboa e tinha aulas das 9 às 18h na Escola Superior de Dança, e formação numa academia das 18h30 às 22h, desde danças urbanas a danças a par.
A representação esteve sempre presente, inicialmente, mais como um complemento à dança. Acho que um bailarino deve sempre contar uma história e, para mim, era fundamental ligar as duas artes. Desde 2010 que tive várias formações na representação, em várias escolas e com vários professores, uns mais direcionados paraTV e cinema e outros de interpretação para teatro, teatro físico, comédia, etc. Fiz formação no Brasil,TV e cinema na escola Wolf Maya durantequatro meses. E, assim, desde 2018 que a dança passou para segundo plano, tendo-me dedicado mais à representação e coreografias.
Participou em vários programas de dança, como o 'Achas que Sabes Dançar' ou 'Dança com as Estrelas', e também foi bailarina em muitos outros, como no 'Ídolos' e 'A Tua Cara Não Me é Estranha'. Qual destas participações foi particularmente desafiadora e porquê?
Sem dúvida, o 'Achas que Sabes Dançar'. Foram meses em que vivi só o programa. Tínhamos fisioterapeuta permanentemente e às vezes nem tempo para os tratamentos tínhamos, passávamos os dias a ensaiar. Cada semana tínhamosde aprender três ou quatro coreografias super exigentes, de coreógrafos diferentes, a pressão da competição, das expulsões, do direto, dos solos… A entrega foi total, era tudo feito com o máximo rigor e brio e, àquele nível, isso acaba por ser devastador. Mas aprendi imenso, conheci pessoas incríveis, vivi momentos inesquecíveis e faria tudo de novo. Mas confesso que não sei onde íamos buscar tanta energia!
Também tem dado cartas na representação com participações especiais, tendo interpretado mais recentemente a personagem Tânia, em 'Terra Brava'. Sonha com um papel de maior destaque numa produção televisiva? E no teatro?
Fiquei feliz com a evolução da Tânia na reta final da 'Terra Brava', mas sinto que ainda não tive oportunidade para desenvolver uma personagem com influência na trama. Uma personagem que eu conheça muito bem, que possa estudá-la, que tenha densidade e que me deixe tão à vontade que possa 'brincar' com ela… Por isso, sim, gostava de ter uma personagem numa próxima produção televisiva. E o mesmo se aplica ao teatro. Enquanto bailarina pisei muitos palcos e senti o calor do público, gostava de voltar a senti-lo, desta vez a representar.
O mundo das artes é incerto para muitos artistas, que muitas vezes têm períodos sem trabalho e sem rendimento. Sente que é mais difícil, em Portugal, dar cartas no mundo da dança ou na representação?
Sinto que enquanto bailarina estive no topo da pirâmide, no que diz respeito ao mundo comercial em Portugal. Fiz programas de televisão, videoclips, vídeos de dança, performances para empresas, tours com cantores, trabalhei com todas ou praticamente todas as empresas de eventos e coreógrafos do nosso mercado… Senti-me mesmo em casa, não tinha dúvidas de que aquele era o meu lugar e, felizmente, nunca me faltou trabalho ou oportunidades. Acredito que isto tenha acontecido porque consegui furar o pequeno círculo de bailarinos comercial que temos. São precisas uma série de características para se ser bailarino comercial, que nem sempre é fácil de encontrar e quando se encontra, começamos a fazer a maioria dos trabalhos. Eu tive essa sorte! E juntamente com os trabalhos de dança sempre fiz muita publicidade, que monetariamente ajuda imenso.
Na representação, sinto que ainda não 'furei a bolha' e por isso não consigo falar dela tão facilmente. Mas, por exemplo, quando se entra numa novela sabemos que durante 'x' meses temos trabalho garantido, na dança isso não existe.
O que sinto acima de tudo é que aposto na versatilidade, assim quando há menos trabalho na dança aposto na representação e o contrário. E hoje em dia até invento e produzo os meus próprios conteúdos.
Quais os maiores desafios que tem encontrado ao longo destes anos nas artes?
A maior dificuldade tem sido, sem dúvida, conseguir um papel na representação. 'A Escritora' e 'Terra Brava' vieram este ano dar-me uma esperança, que me fez voltar a acreditar nas minhas capacidades e não me deixam duvidar que este é o caminho que quero seguir. Mas durante muitos anos não tinha abertura para ir sequer a castings de novelas ou audições para teatros. Os candidatos são inúmeros e as vagas, muito poucas… Muitas vezes dependemos da sorte, de uma chamada de alguém que nos viu numa apresentação final de um curso, de alguém que se lembrou de nós de uma situação que aconteceu há anos e nada a ver com o que nos vão propor agora…
Acredito que fazemos a nossa sorte no sentido de estarmos prontos e bem preparados quando a oportunidade surgir. Na representação a minha oportunidade demorou a chegar, mas agarro-a com todas as forças. Não sou de baixar os braços.
O que mais gostava de conquistar num futuro próximo?
Gostava de conseguir concretizar este projeto que estou a desenvolver. Estou a escrever a adaptação de um romance para série e com a Moving Pictures tenho o objetivo de produzi-lo e integrá-lo também enquanto atriz. Como disse anteriormente, não sou de esperar por oportunidades que poderão não chegar. Quero ser capaz de construir os meus próprios projetos.
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