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"Não há dinheiro nenhum que justifique deixar pessoas na pobreza"

Apesar de estar sempre com um sorriso no rosto e transmitir a sua boa disposição, há temas que tiram Miguel Costa do sério, como partilhou em entrevista ao Notícias ao Minuto, numa conversa onde a carreira não ficou de fora. 

"Não há dinheiro nenhum que justifique deixar pessoas na pobreza"

Miguel Costa é agora um rosto que ‘entra’ na casa dos portugueses todos os dias de manhã na SIC, num papel diferente daquele a que estamos habituados a vê-lo. O ator vive uma nova aventura como repórter, estando no ar no programa ‘Alô Portugal’, apresentado por José Figueiras e Ana Marques.

Mas este não é o único trabalho que o tem preenchido. Miguel Costa está também a preparar um novo espetáculo, encenado por “um grande amigo”, Miguel Loureiro. Apesar de não poder adiantar grandes pormenores sobre o que aí vem, contou que se trata de um monólogo e que o tradutor do texto é Ricardo Ribeiro.

Devido ao confinamento por causa da pandemia da Covid-19, a peça de teatro tem estado em ensaios através de videochamadas feitas na app Zoom. “É mais cansativo, muito mais exigente”, conta em entrevista ao Notícias ao Minuto.

Uma conversa que levou o ator a ‘viajar’ ainda pelo seu amor pelo Sporting, tendo falado também sobre o canal que tem no YouTube, a importância da saúde mental, as perdas que a cultura tem sofrido com a partida de vários artistas e ainda os assuntos que o tiram do sério.

Foi para a faculdade tirar Economia e disse recentemente em conversa com Júlia Pinheiro que foi “atrás dos amigos”, mas esta não era uma área do teu interesse?

Nunca me senti muito mal com a questão da matemática, só que depois como os meus grandes amigos iam todos para Gestão ou Economia, acabei por ir direcionando. Aos 15 anos somos obrigados a escolher e a direcionar, e acho que é muito cedo. Tanto que não era nada daquilo que queria. No entanto, cheguei a acabar o curso porque não gosto de deixar ciclos por encerrar. Já tinha professores meus da faculdade a irem-me ver ao teatro… Foi giro.

O teatro surgiu também nessa altura depois de um curso de verão… O que mais o cativou nesta profissão?

Tudo! A questão do estudo do texto, do ensaio do texto, da improvisação... Os exercícios de improvisação ainda são uma coisa que gosto bastante – obrigam-me a sair da zona de conforto. Há dias em que parece que não apetece, mas quando mergulhas naquilo é espetacular. E não quer dizer que vás aproveitar alguma coisa dali, do exercício de improvisação, mas é muito bom, eu gosto, sinto-me bem a fazê-lo. E tudo o que implica mexer com emoções... Era uma zona nova para mim. Não sabia bem o que é que aquilo era, mas era uma coisa que me estava a dar um gozo enorme e que me dá até hoje.

Quais os principais ensinamentos que esta profissão já lhe deu até aqui?

Que às vezes é bom não desesperar quando as coisas não acontecem exatamente como nós queremos. Relativizar o erro, às vezes o erro pode não ser um erro. Experimentar, tentar novamente, fazer, falhar outra vez se for preciso, mas ser persistente e, basicamente, fazer as coisas com muito amor. Este ofício exige amor. E a sorte também conta.

Quero trabalhar até ao fim da minha vida, até ao último dia (...) Há dias em que não apetece, custa ir batalhar. Mas é tão mais fácil nós irmos batalhar por uma coisa que gostamos de fazer do que estar numa profissão rotineira que não gostamosNunca teve medo do facto de poder ser um trabalho precário?

Ao início não porque não tinha grandes responsabilidades. A partir do momento em que fui viver sozinho, sim. E há momentos de alguma angústia, sem dúvida. E agora mais porque tenho duas filhas. Mas o que acho é que há uma altura em que às vezes basta nós tomarmos uma iniciativa e o mundo começa a mexer, as coisas começam a acontecer. E há pouco tempo tive essa prova. Acho que não foi só sorte, também foi um bocado por aí: mexer-me, criar, e as coisas à volta começaram a acontecer.

É importante ser-se mais dinâmico, mais pró-ativo?

Sim! E isso é uma coisa que eu sou. Mas não consigo ser assim todos os dias, ninguém consegue, nem o maior empreendedor do mundo. E há dias em que não apetece, custa ir batalhar. Mas é tão mais fácil nós irmos batalhar por uma coisa que gostamos de fazer do que estar numa profissão rotineira que não gostamos. Acho que isso compensa depois a incerteza. Claro que é uma coisa muito exigente, mas eu também quero trabalhar até ao fim da minha vida, até ao último dia.

Como o Ruy de Carvalho?

O Ruy diz isso e é uma referência porque é isso mesmo. E nós todos a falar entre nós, queremos muito isso. Acho que é importante, precisamos disso. Isto é um envolvimento tão grande que é mais do que um trabalho, é amor. Faz parte de nós.

Ao início não estava muito virado para ir trabalhar em televisão. Qual era a sua ideia da televisão na altura?

Não era nenhuma ideia depreciativa, eu é que estava completamente apaixonado pelo teatro. Como estava a trabalhar com quem queria, com o meu mestre João Mota no Teatro da Comuna, tudo aquilo era uma coisa mágica para mim e não queria mais nada.

E hoje consegue imaginar-se sem a televisão?

Não! Era um idealismo da minha parte que fazia parte da minha inexperiência também. Adoro fazer televisão, tem muito o lado mágico também. É uma linguagem diferente, mas é igualmente exigente, muito boa.

Sem dúvida, [ser repórter] é uma coisa que quero continuar a fazer se me deram a oportunidade

Já disse que leva consigo um bocadinho de cada personagem, mas das personagens que já interpretou, qual a que mais se identifica com o próprio Miguel?

Sinceramente, nenhuma. Acho que foram, felizmente, muito diferentes de mim e por isso é que tive esse gozo em trabalhá-las. Agora, obviamente há coisas de nós que transportamos para as personagens. E há algumas coisas das personagens que acabamos por [ficar com elas]. Ainda há pouco tempo tive de cortar o cabelo em casa porque os cabeleireiros estão fechados e ficou o penteado que usava no ‘Perfeito Coração’. De ‘Alma e Coração’ ficaram os piercings, tenho um anel que foi da última peça de teatro… Mas não fica propriamente um fardo, um peso, são brincadeiras. Agora vou trabalhar no teatro e não vou ter o anel e, provavelmente, não vou ter os piercings. Mas no meu dia-a-dia gostei e fiquei com eles.

Agora também está numa nova fase como repórter do ‘Alô Portugal’, da SIC. Como é que está a ser esta experiência?

Estou adorar! É incrível! Acho que é bom também não ter uma visão estanque da vida e isso permite-me estar a curtir tanto. É um desafio espetacular, um privilégio, e foi um desafio que agradeço muito ao Daniel Oliveira porque foi ele que acreditou em mim. Estou-lhe eternamente grato porque estou a divertir-me muito, empenhado, tenho uma equipa ótima, um trabalho onde faço uma coisa que adoro que é conhecer pessoas, falar com as pessoas…

Esta pode ser uma área a explorar mais no futuro?

Sem dúvida! Já tinha feito em alguns registos, como apresentações de eventos, algumas coisas de publicidade que implicava o vox pop, e uma ou outra entrevista em contexto de trabalho, e isto dá-me um gozo enorme. Sem dúvida, é uma coisa que quero continuar a fazer se me deram a oportunidade.

Futebol? Continua a ser um território muito minado, e gostava que não fosse (...) Em Portugal passa tudo um bocado impune e perpetuam-se algumas figuras que só prejudicam

Também é muito conhecido por ser um grande amante do Sporting, que está agora a conseguir várias conquistas... O que é que acha que foi importante para esta mudança?

O treinador, o Rúben Amorim. É um craque, um líder, e acho que ele é tão bom que fez as escolhas certas. E é um ótimo gestor de pessoas porque consegue criar uma motivação espetacular e uma união do grupo como não se via há muito tempo. Depois, consegue escolher os melhores e tirar o melhor partido deles. Acho que isso é incrível. E adaptar à realidade do Sporting, onde não abunda dinheiro e a formação teria sempre de ser bem aproveitada, e está a ser muito bem aproveitada.

O futebol é uma modalidade muito adorada, mas também muito atacada… Como vê neste momento o estado do futebol em Portugal?

Acho que tem muito para melhorar. É importante que se crie uma linguagem mais próxima e transparente com o público. Entre as próprias entidades que gerem o futebol em Portugal, acho que às vezes há pouca transparência, pouca definição de papéis, responsabilidades, poderes. Depois cada uma parece que exerce um pequeno poder e faz-se valer disso, e entra em conflito com outras questões. Há pouca independência. Defendo que a arbitragem devia de ser como em Inglaterra, uma entidade privada à parte que pudesse ela própria ser gerida por si com avaliação de desempenho.

Continua a ser um território muito minado, e gostava que não fosse. Gostava que se respeitasse mais os valores do desporto, sabendo que é um negócio onde se geram milhões. Mas por isso é que gosto do futebol em Inglaterra, onde existem as falhas à mesma, mas existe uma separação de poderes, uma transparência muito maior, existe uma responsabilização de quem faz bem e de quem faz mal. Quando fazem bem são altamente valorizados, quando fazem mal também são avaliados por isso, não passam impunes. Em Portugal passa tudo um bocado impune e perpetuam-se algumas figuras que só prejudicam.

E para quando Miguel presidente do Sporting?

Não… Não tenho essa ambição. O meu lugar é na bancada ao pé dos meus amigos, dos sportinguistas. E gostava só de acrescentar que a falta de vitórias nos campeonatos trouxe alguma desunião ao Sporting, acho que isso é compreensível, mas gostava que no meio disto tudo, no fim, todos nós sportinguistas pensássemos que há um amor que nos une, que é o amor ao Sporting.

E qual é aquela história de ter o nome de Éder tatuado na nádega...?

Foi uma promessa. Um copito ou outro a mais… Mas sou um homem de palavra - para o bem e para o mal. Também vibro muito com a Seleção e ela deu-nos uma alegria que até hoje nunca tínhamos tido sequer parecida. De facto, vibrei tanto e fui tão feliz que tinha de cumprir. Foi poético. Foi um guião tão perfeito, tão bom que jamais poderia ter sido escrito. O melhor jogador do mundo ficou lesionado logo ao início do jogo, ele fica a vibrar do lado de fora, a equipa consegue uma intuição fortíssima e, a certa altura, entra o Éder. Eu acreditei que era ele que ia decidir, que era o nosso herói. Acreditei tanto que fiz esta promessa. Ele marcou e eu cumpri.

Além do meu trabalho, a prioridade é a minha família. E quando estou em casa tenho de estar muito disponível

Desde 2017 que tem um canal de YouTube dedicado ao Desporto - ‘Miguel Costa O Mini Atleta’

Com esta adaptação do papel de repórter não está posto de lado, tenho já uns vídeos para editar, só que obriga-me a outra logística com esta coisa do confinamento. Além do meu trabalho, a prioridade é a minha família. E quando estou em casa tenho de estar muito disponível. E depois ainda tenho que ensaiar o espetáculo, adaptando a esta linguagem de Zoom, um projeto muito desafiante de teatro para mim, e tenho de encaixar isto tudo. Então neste caso o ‘Mini Atleta’ é um bocadinho relegado, mas não perde importância na minha vida.

E qual é o feedback que tem recebido?

Tenho tido muito bom feedback! Ainda no outro dia, antes deste confinamento, fui a uma loja de desporto com a minha mulher para adquirir mais algum material de desporto que faltava, e o rapaz que nos atendeu na loja deu-me os parabéns pelo meu projeto porque graças a ele juntaram um grupo lá da zona e começaram a correr. E eu fiquei feliz. Melhor feedback que este não existe. É uma coisa que me deixa muito me feliz, que também me ensina, gosto muito de aprender. Também me ajudou nesta parte de repórter… Deu-me, talvez, algum treino para entrevistas.

2020 ficou marcado com a partida inesperada de alguns grandes nomes da cultura portuguesa, e as despedidas continuam a marcar neste início de 2021. Qual a homenagem mais digna que se pode fazer a um artista?

Celebrá-lo sempre, falar nele no bom sentido, perpetuá-lo. Para mim é o principal. Mostrar carinho, fazer mais homenagens em vida, haver maior ligação entre nós. Mas, acima de tudo, celebrar esse trabalho, esse percurso, essa carreira. Nunca a esquecer. Alguém me dizia no outro dia que as pessoas não morrem, enquanto houver uma única pessoa que se lembre e que sinta amor, amizade, por essa pessoa que partiu, essa pessoa continua cá. E se nós perpetuarmos isso, se continuarmos a valorizar o que fizeram, elas vão cá estar e nós vamos dignificar essas pessoas.

Entre os vários nomes que partiram recentemente, António Cordeiro foi um dos artistas que nos deixou. Na altura, o Miguel partilhou algumas palavras no Instagram… Qual a memória mais feliz que passou com o ator?

O António foi o meu primeiro grande diretor de atores em televisão. Ele e o Joaquim Nicolau. Criámos uma empatia tão grande, demo-nos tão bem que ele depois convidou-me para outros projetos. Ele tinha decisão nos elencos e lembro-me perfeitamente dos conselhos assertivos, ele era muito assertivo, muito prático, falava bem, era amigo, tinha um sentido de humor muito próprio, além da carreira brilhante como ator. Estivemos juntos em várias iniciativas para o ajudar já nesta fase mais complicada… Ao mesmo tempo acabou o sofrimento dele, mas faz cá muita falta. Ele continua cá connosco.

Houve uma altura em que me preocupava em explicar e desmontar a mentira, mas percebi que quem te quer bater nas redes sociais normalmente não precisa de motivos

O Miguel já assumiu que faz terapia há vários anos e reconhece a importância da saúde mental. Por isso pergunto-lhe como tem sido lidar com esta fase de pandemia?

Foi muito difícil, e recorri à terapia nesta fase. O bom era nós não termos de deixar de a fazer, só que é tão caro que eu tenho – temos todos – de ponderar isso. Já existem no Serviço Nacional de Saúde (SNS) consultas gratuitas ou a um preço irrisório, só que na terapia também é muito importante a empatia que nós temos com a pessoa com quem falamos. Vamos falar de coisas que não falamos com mais ninguém… E essa ligação tem de existir, e quando encontramos uma pessoa com quem isso acontece, às vezes essa pessoa não está no SNS e tem um valor…

E a profissão também assim obriga a que seja uma coisa à consulta e acho que devia estar previsto mais nos seguros de saúde, sem ser uma coisa com uma carga tão burocrática, com tantos atestados que às vezes eles próprios têm expressões muito fortes e não é isso. Às vezes a pessoa olha para o papel e vê que aquilo é quase um atestado de incapacidade e não é. Gostava que fosse uma coisa mais natural, assumida na sociedade porque – como outro grande amigo me disse – acho que é tão importante como um ginásio. É um ginásio mental que nos faz estar bem.

Em conversa com a apresentadora Júlia Pinheiro também reconheceu que por vezes “vivemos mais para nós em vez de vivermos mais para fora, para os outros”. Sente que essa questão pode mudar com a pandemia?

Já tive mais esperança que sim, já tive mais esperança que não, e agora com este movimento ‘Cama Solidária’, voltei a acreditar e a ter alguma fé na humanidade. Vejo uma mobilização muito positiva das pessoas a pensar no próximo - e outros movimentos solidários. Isso deixa-me muito feliz. E depois temos de perpetuar isso também, olhar mais para o lado, não só para nós. Está tudo muito no seu umbigo, nas suas redes sociais… Por isso é que eu – e outras pessoas – uso as redes sociais para divulgar os outros. Posso dizer que tenho contacto com muitas pessoas que precisam de ajuda e vai-se tentando ajudar.

No ‘Cala-te Boca’, da Mega Hits, disse que nunca se sentiu recriminado pela altura ou fisionomia no trabalho, mas o mesmo não acontece nas redes sociais. Qual foi o comentário mais negativo que já recebeu?

É raro, mas às vezes acontece. Hoje em dia as mentiras circulam muito rapidamente... Houve algumas mentiras minhas em relação a posições sobre o Sporting, difamação mesmo, e depois levei com as pessoas que acreditam nisso. Hoje em dia já não tanto. Mas não guardo rancores e essas coisas estão arrumadas.

Mas como é que lida com esses comentários?

Quando as coisas acontecem assim, houve uma altura em que me preocupava em explicar e desmontar a mentira, mas percebi que quem te quer bater nas redes sociais normalmente não precisa de motivos. E é uma coisa que se instalou e acho lamentável porque isso ocupa tempo, as pessoas perdem tempo para dizer mal dos outros e para inventar histórias sobre os outros. E esse tempo podia ser aproveitado para fazer coisas boas pelos outros, para estar com a família, para si próprio também… Faz-me alguma confusão essa caça. E é uma caça implacável, muitas vezes.

A maneira melhor como hoje lido é ignorar, não ligar. No limite, a pessoa fica a falar sozinha e depois quem quiser acreditar, acredita, quem quiser depois, pelo menos, dar o crédito e conhecer a pessoa que esta a ser difamada tem essa abertura e isso é bom.

Adorava pagar mais impostos, porque significava que ganhava mais. E estaria a tentar contribuir para a sociedade, para depois, se calhar, as pessoas que não têm tanto, ou os mais velhos terem uma reforma de jeito

É conhecido pela constante boa disposição, mas o que o tira do sério?

As injustiças tiram-me do sério. O desespero dos outros, perder pessoas de quem gosto, os meus, é uma coisa com a qual eu não sei lidar, acho que muita pouca gente saberá. A angústia dos outros, a indiferença perante a angústia…

E o que podemos fazer para mudar esse lado mais negativo?

Acho que inverter as prioridades, valores. Dar mais valor ao que é humano e menos ao que é material, relativizar o valor do dinheiro. Fazer com que as pessoas nunca percam a dignidade, que não seja posta em causa porque as pessoas não têm preço, e às vezes põe-se um preço demasiado baixo como se fosse aceitável pessoas viverem na miséria só porque sim. Isso para mim não é admissível. E não há dinheiro nenhum no mundo que justifique deixar pessoas na pobreza.

Temos agora a riqueza a concentrar-se cada vez em menos pessoas, e essas pessoas com cada vez mais, muitas vezes à custa da desgraça e da miséria dos outros. E isso é lamentável. Depois há argumentos como o ‘trabalhassem’, mas não é essa a questão. Se tiver oportunidades, a maior parte das pessoas vai querer. Só que muitas vezes o mundo não é perfeito, e não sendo perfeito, tem de haver mecanismos que ajudem a distribuir e a diminuir as assimetrias. Muitas vezes passa pelo reajuste.

Adorava pagar mais impostos, porque significava que ganhava mais. E estaria a tentar contribuir para a sociedade, para depois, se calhar, as pessoas que não têm tanto, ou os mais velhos terem uma reforma de jeito. Depois também permitir que os cuidados de saúde sejam cada vez melhores. Exigir à classe política que aplique bem, seja mais séria – porque o que vemos para aí muitas vezes é compadrios e esquemas. Agora, continuo a acreditar na democracia.

Quem é a sua maior inspiração?

Os meus pais, o João Mota (o meu mestre), o Miguel Loureiro, os meus amigos. Tenho várias pessoas que admiro muito e gosto de assistir ao sucesso dos outros porque isso também me deixa feliz. E inspiram-me, é bom. Agora, o sucesso quando é justo, não é à custa de pisar os outros, isso não é sucesso, é à força.

Principais ensinamentos que traz dos seus pais e que quer passar às suas filhas?

Respeitar o próximo, sempre. Ser uma pessoa humilde, não discriminar ninguém com base em nada. Cada pessoa tem uma história e eu gosto muito de conhecer pessoas. Respeitar a história de cada um, valores de solidariedade, olhar um bocadinho para o lado...

Um projeto/trabalho que gostasse de concretizar num futuro próximo?

Quero muito fazer este espetáculo de teatro, estou a gostar muito deste trabalho como repórter, portanto, é uma coisa que gostava muito de continuar a fazer. Continuar a aprender, a conhecer pessoas, a ter a minha família feliz, com saúde. Gostava que acabasse esta pandemia.

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