"Ser diferente, seja em qualquer lado, nunca é uma coisa má"
Salvador Lopes, de 17 anos, é natural de Guimarães e foi um dos rostos que participou no ‘All Together Now’, programa apresentado por Cristina Ferreira.
© TVI
Fama All Together Now
"Amei ver-me na televisão, foi incrível. Estava super lindo. Foi bastante positivo, deu para levantar a autoestima”. Foi com estas palavras que Salvador Lopes começou por descrever a sua prestação no ‘All Together Now’, da TVI.
“Não correu exatamente como eu queria porque tenho perfeita noção, e sei, que consigo dar mais. Mas, de qualquer forma, fiquei surpreendido pela positiva porque acho que estive bem e que, acima de tudo, consegui mostrar quem sou e dar a conhecer mais a Portugal a diva da Broadway de Guimarães", acrescentou.
Apesar de ter tido uma prestação convicta, o jovem confessou que estava muito “nervoso”. "O tempo inteiro! Por dentro estava a morrer", frisou.
Sobre as reações, sobretudo as provenientes da sua cidade natal, Salvador contou aos jornalistas: "De repente, Guimarães lembrou-se que eu existo. Tenho estado a receber imensa coisa das pessoas daqui, pessoas que não conheço. Tem sido super positivo".
As relações familiares
Salvador Lopes foi ao programa apresentado por Cristina Ferreira na companhia do padrinho, a quem aproveitou para deixar uma palavra de agradecimento por todo o apoio que lhe tem dado.
“Vou aproveitar para descer aqui uma luz no meu padrinho e na minha madrinha que são dois anjos desta Terra, desta vida, que me ajudaram. A minha família é o que é... Há sempre dificuldades... E complicações, a vida não é perfeita, não é para ninguém", disse.
No que diz respeito às relações familiares, o jovem já tinha referido no programa que está afastado da mãe. O concorrente viveu uma fase difícil com a separação dos pais, quando tinha cinco anos, e neste momento vive apenas com o pai e com o irmão mais velho.
“Era aquela pessoa que me prendia, que queria que fosse aquele filho certinho, perfeito, e nunca gostei do que vi ao espelho e foi preciso tirar essa influência negativa para poder florir e tornar-me aquilo que quero ser. Agora olho ao espelho e gosto do que vejo”, descreveu no programa, quando falou sobre a mãe.
E aos jornalistas, voltou a destacar: “Tive os meus problemas com a minha mãe, vivo com o meu pai. Temos as nossas complicações mas, felizmente, o meu pai deixa-me ser quem sou e respeita, e o respeito é o mais importante acima de tudo".
Salvador Lopes partilhou ainda a reação do irmão após ver o programa: "Fiquei surpreendido porque o meu irmão ligou-me depois do programa e acho que foi a primeira vez que o ouvi dizer que adorou. Que gostou mesmo de me ver a atuar". Já do pai ainda não teve nenhum feedback, uma vez que ainda não esteve com ele. Isto porque, explicou, por vezes não se cruza com o progenitor durante a semana por causa do trabalho.
Atualmente, Salvador está a terminar o ensino secundário, estando agora no 12.º ano. O jovem deseja investir na formação no mundo das artes, estando indeciso entre tirar um curso em cinema ou teatro musical.
Até agora ainda não soube de nenhuma reação por parte da mãe à sua atuação. No entanto, garante: “A minha mãe era uma influência negativa que retirei da minha vida para eu poder brilhar, e ficou por aí. Que eu saiba ela não disse nada, mas também se tivesse dito, iria afastar-me [dessa reação] porque neste momento não me interessa”.
Salvador descreve-se como uma “bicha efervescente, divertida” e realça que o que mas gosta é “trazer dois minutinhos de alegria, seja a quem for”. “Toda a gente no mundo precisa de um pouco mais de alegria, especialmente agora com a Covid-19”, acrescentou.
E depois do programa?
Com a participação no ‘All Together Now’, o jovem gostava que surgissem propostas no mundo das artes, do espetáculo, mas não tem pressa.
“A sonhar super alto, vamos fingir que a Disney existe, gostava de receber uma chamada do Filipe La Féria com uma proposta para um musical. Seria um bom ponto de arranque para a minha jornada no estrelato. Alguém que me chame para estar num palco. É isso que me deixa mais triste, é eu viver aqui em Guimarães e não surgirem tantas oportunidades para estar em cima de um palco e atuar, fazer aquilo que mais gosto”, admitiu.
E estaria disposto a mudar-se para Lisboa? “Não tenho uma bola de cristal, mas vamos indo e vamos vendo, vivendo no presente. O que acontecer hoje, aconteceu. Ainda tenho 17 anos, não tenho pressa nenhuma”, continuou.
O concorrente sente uma forte ligação à Broadway, uma vez que para si esta é uma área que reúne as três coisas que mais gosta de fazer: cantar, dançar e representar. “Combiná-las todas numa só para mim é fantástico”, afirmou.
Os rasgados elogios a Cristina Ferreira
Ainda sobre a participação no programa, mais precisamente sobre a apresentadora Cristina Ferreira, Salvador Lopes teceu rasgados elogios à estrela da TVI.
“Quando vi pela primeira vez a Cristina fiquei [de boca aberta]. Não estava a acreditar, aquele outfit estava-me a dar toda a fantasia de Paris Fashion Week… Estava a amar tudo, os brilhantes, o cabelo, estava super fashion. Ela estava linda de morrer. O que precisamos mais neste mundo é de mulheres poderosas na liderança e eu vi ali uma”, salientou.
O possível convite para o mundo do espetáculo
Após a atuação, conseguiu um possível convite para a companhia Lisbon Underground Burlesque. Sobre esse assunto, o jovem assumiu apenas que “houve uma interação” depois do programa, mas não revelou detalhes.
“Não sei. Na minha cabeça, na minha fantasia, está a acontecer, está em processamento. Mas para já não posso dizer nada. Houve uma interação, mas é tudo o que vou dizer porque se não ainda falo demais”, contou.
Ser diferente?
“Ser diferente, seja em qualquer lado, nunca é uma coisa má. Ser diferente em qualquer lado do mundo é incrível, porque se fosse para o mundo inteiro ser só clones do mesmo homem e da mesma mulher, o mundo era tão chato... Precisamos de cor neste universo”, partilhou ainda durante a entrevista, mostrando-se seguro e convicto.
E em relação à sua cidade natal, reconheceu: “É uma cidade linda, tem sítios maravilhosos que adoro. Um dos meus prazeres na vida é ir para esses sítios bonitos aqui em Guimarães com os meus amigos e só existir. Amo esta cidade, mas há uma cultura muito perigosa que é: o estranho, o diferente, e o de fora vai ser automaticamente um alvo. Há muitas pessoas como eu aqui, não sou o único diferente. Ser um pouco mais colorido é um desafio".
"Felizmente cheguei a um ponto da minha vida que posso dizer que não quero saber, que estou a viver a minha fantasia, mas não vou mentir que às vezes o meu olho não desvie e que há uns olhares estranhos, os comentários, as perseguições, os ataques, as ameaças. Infelizmente, muita gente [vive] o tradicional, como em muitos lados. O tradicional pode ser bom, mas às vezes também é uma ameaça a coisas novas e bonitas de florirem. Felizmente tenho a coragem para ser quem sou, sem vergonha e sem problemas, mas às vezes também me sinto desconfortável porque tenho noção das pessoas que estão à minha volta”, rematou.
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