"A morte da minha filha foi uma violência. Morri por dentro, bebi demais"

Tony Carreira deu a primeira entrevista onde fala sobre a morte da filha, Sara.

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© Reprodução Instagram/ Manuel Luís Goucha | Créditos TVI

Notícias ao Minuto
17/05/2021 21:58 ‧ 17/05/2021 por Notícias ao Minuto

Fama

Tony Carreira

Cinco meses após a morte da filha mais nova, Sara Carreira, que perdeu a vida num trágico acidente de viação, aos 21 anos, Tony Carreira deu a primeira entrevista onde falou sobre a dor que, desde dezembro, vive no seu coração. O cantor esteve à conversa com Manuel Luís Goucha, tendo sido a mesma transmitida esta segunda-feira, dia 17, depois do 'Jornal das 8'. 

"Deixa-me começar por dizer, querido Tony, obrigada", foi desta forma que Goucha deu início à entrevista.

O cantor retribuiu o agradecimento e realçou a importância que o apresentador teve no seu processo de luto: "Se alguém realmente me apoiou muito neste deserto foste tu, outras pessoas também, claro, mas tu foste muito especial nisto", começou por fazer notar. 

Seguiram-se as pesadas palavras, nas quais Tony Carreira admite não encontrar agora sentido para que a sua vida continue. 

"Estou a tentar encontrar um sentido, mas é muito complicado responder a essa pergunta. É evidente que tenho mais dois filhos, e eles percebem quando o meu discurso é tão apático quanto este. Eles percebem que é a dor que está a falar, porque é claro que a vida tem de ter sentido, tenho mais dois rapazes e tenho de me agarrar a eles...", diz, referindo-se aos filhos David e Mickael.

"Eu já não conto, porque já deixei de pensar em mim, no fundo, mas espero através da associação da minha filha encontrar sentido. Espero encontrar sentido através dos meus filhos, estou à espera de respostas, estou à espera de tentar perceber o porquê de a vida ser tão injusta", confessou, sem medo de assumir o quanto sofreu e ainda está a sofrer. 

"Quando a minha filha partiu foi... uma violência extrema. Morri por dentro, ainda estou a tentar encontrar alguma vida cá dentro. Não tenho problema em dizer que bebi mais do que devia, andei ali uns tempos... parecia um zombie", admitiu. 

"Depois veio alguma violência, fui injusto com pessoas que amo muito, fui agressivo com o mundo inteiro. Revoltei-me contra o mundo inteiro... neste momento estou à procura de, através de alguma fé, a fé que me resta, encontrar algumas respostas", realçou. 

Hoje, Tony garante que se tenta agarrar "à vida depois da morte". Na esperança de voltar a reencontrar-se com a filha, o músico quer tornar-se uma pessoa ainda melhor. 

Tony sofre com a dor, com as saudades e com a falta que a filha lhe faz. "Há duas certezas que eu tenho, uma delas é que nunca mais volto a ver a minha filha e a outra certeza é que nunca mais serei o mesmo", lamentou. 

"A única coisa que pode realmente ajudar-me é agarrar-me à associação da minha filha - Associação Sara Carreira -, fazer o bem e acreditar que o caminho que me resta cá não será assim tão longo", disse, confidenciando que gostava de morrer cedo. 

"Se chegar aos 100 anos será um grande castigo", atirou, garantindo, contudo, que "jamais" seria capaz de terminar com a própria vida.

"A Sara era luz, era alegria, era a minha princesa, era a mulher da minha vida como eu disse muitas vezes", reforçou Tony, que todos os dias vai ao cemitério conversar com a filha. 

E foi precisamente no momento em que Tony Carreira disse todos os dias fazer perguntas à filha no cemitério, na esperança de um dia ter as respostas que acalmem o seu coração, que o músico e o apresentador se comoveram e deixaram as lágrimas correr. 

A morte de Sara uniu ainda mais Tony Carreira e a ex-mulher, Fernanda Antunes

"Já éramos muito unidos, sempre fomos. Ainda hoje somos uma família, eternamente uma família", assegurou. "É muito importante para nós estarmos juntos, é vital estarmos juntos", reitera, dando conta de que será amigo da ex-mulher até à morte.

Ainda que esteja próximo de Fernanda, Tony asseverou que são mentira as notícias que dão conta de que teria terminado a sua relação com a namorada. 

"Não há dor pior do que perder um filho", realçou, voltando a apelar para que a imprensa respeite a sua dor. 

O estúdio onde canta as suas canções é o único sítio onde se sente em paz. "Só consigo escrever canções para a minha filha", contou, explicando que está agora a gravar um álbum com canções dedicadas à sua menina. 

Sobre o trágico acidente na A1 que ditou a morte de Sara Carreira, Tony lamentou ainda não ter ainda conseguido obter respostas por parte do Ministério Público. O cantor considera mesmo "desumano" não ter nenhuma conclusão após cinco meses. "Acho, no limite, desumano tanto tempo".

A relação com Ivo Lucas

"A minha relação com o Ivo é uma relação muito bonita, tal como com toda a minha família, e continua a sê-lo. Eu não sou amigo do Ivo, mas isso eu vi, o Ivo sempre tratou muito bem a minha filha. Teve a fatalidade de ir ao volante daquele carro, mas podia ter sido eu a ir ao volante", garantiu Tony Carreira, que diz aguardar pelas respostas do inquérito sobre o acidente para saber o que realmente aconteceu. 

"Já disse isto ao Ivo, 'eu não te vou condenar, não te vou julgar, nem eu, nem a Fernanda, nem nenhum dos miúdos, ninguém'", assegurou. 

"Não há semana que não estejamos com ele, se não estivermos com ele estamos ao telefone. Se ele não fez nada de mal, não sei, sei que sempre tratou muito bem a minha filha e a minha filha amava-o", reforçou, revelando assim que o ator, que conduzia o carro onde Sara Carreira seguia no momento do acidente, continua próximo de toda a família Carreira. 

"Foi o único namorado que ela teve nestes anos todos que eu senti realmente que aquilo era amor", disse ainda Tony Carreira.

Tony Carreira vai regressar em força aos palcos 

"Já pedi ao meu agente para me marcar o máximo de espetáculos possível", fez saber o músico, que quer agora cantar pelo mundo inteiro para "não ter tempo de pensar".

"Tento o dia todo andar ocupado, mas depois lá vem a noite e a noite é terrível… mas pior ainda é o acordar. O acordar é acordar na minha casa e acordar sem saber onde estou, que dia é… é um vazio total", lamentou num testemunho emotivo onde confessou "adormecer agarrado a uma almofada a chorar" num "vazio total"

A entrevista, importa referir, terminou com um emotivo abraço entre Tony Carreira e Manuel Luís Goucha. 

Leia Também: Goucha sobre Tony Carreira: "Conversa mais dura que alguma vez tive"

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