"Hoje chorei muito". Foi com estas palavras que Júlio Isidro começou o desabafo que fez no Facebook, esta quinta-feira, 24 de março, onde lamenta a morte da irmã de Maria Rueff, Maria do Céu.
"A nossa mãe Julieta gostava tanto de si... Lembra-se dos pastéis de bacalhau que ela lhe fez? Que linda noite de Natal que o Júlio passou lá em casa... Eram as manas da Céu a acenderem a luz de memórias do Júlio, na altura solteirão impenitente, e que na probabilidade de passar um Natal sozinho, se sentou à mesa da família Rueff qual menino Jesus nas palhinhas. Que noite santa onde o afeto estava nas palavras doces, nas risadas cheias e nas coisas boas que enchiam a mesa", recordou.
"Com enorme emoção, trocámos gestos de carinho e saí com a Maria. Tinha começado a chover no preciso momento em que caminhava para o velório da Céu que só pode estar como em si mesma, no céu. Abraçado à mais nova, a minha querida Maria Rueff, chorámos tanto, com a chuva como cúmplice. É o Céu a chorar connosco sussurrou-me", contou.
"E as memórias acenderam-se com uma luz tão intensa, a ginástica onde a Céu era exímia e eu fazia o possível, os jantares em restaurantes com o nosso grupinho, a febre de sábado de manhã, o Passei dos Alegres, o concerto dos Police de onde saímos a cantar 'Walking on the Moon', e as idas à praia com gente do nosso coração", lembrou.
"O tempo passou, mesmo muito tempo, mas a Céu nunca era sempre lembrada por mim nos encontros com a mana Maria: - Então como está a mana?
Que sim, tudo bem, continua a produzir trabalhos na sua área do direito e sempre , sempre a estudar.
De braço dado comigo, a Maria enterneceu-me: - Ela gostava muito de ti.
Em soluços balbuciei: - E eu também....", relatou.
"Perdi uma amiga de um tempo irrecuperável, porque a morte é irreparável. Com ela, partiram mais alguns passos da minha vida. O país perdeu uma notável académica que deixou uma relevante obra, contributo de grande importância sobre o direito e a medicina. Há tantos anos que não a via, mas as saudades são a memória do coração. Está cá tudo guardado para memória futura", destacou.
Antes de terminar, Júlio Isidro deixou algumas palavras à família de Maria do Céu. "Beijinhos às manas, e saudades da dona Julieta que amanhã vai ter companhia na sua terra natal. Um dia voltarei a abraçar a Maria, mas com o sorriso aberto do tempo em que as manas eram quatro", completou.
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