Matilde Breyner fez um relato arrepiante da perda da filha, Zoe, cuja gravidez foi interrompida aos seis meses, em julho deste ano. A atriz esteve à conversa com Manuel Luís Goucha a quem descreveu o doloroso processo e o que sentiu com a perda gestacional.
Matilde explica que, antes de engravidar de Zoe, já tinha sofrido um aborto espontâneo. "Quando tive a primeira perda, o Tiago não estava cá. Não era preciso. Sinto-me muito acompanhada pelo Tiago, esteja ele lá, ou cá", começa por dizer, referindo-se ao marido, o ator Tiago Felizardo, que divide o seu tempo entre Portugal e os Estados Unidos.
A artista garante que a distância não prejudica o seu casamento, pelo contrário, notando que o amor verdadeiro que teve e tem a oportunidade de experienciar supera todas as dificuldades.
A convidada revela que estava tudo a correr bem com a gravidez até que fez uma ecografia morfológica, na qual foram detetados problemas. Entretanto, fez mais uma série de exames até chegar ao determinante, a amniocentese.
"Os médicos preparam-nos logo e disseram-nos que era mau. Até fazermos a amniocentese tive sempre a esperança daquilo não ser verdade", explica, tendo optado por não dar pormenores sobre o diagnóstico.
"A partir do momento em que o médico nos deu a confirmação, eu e o Tiago ficamos dois dias em silêncio, não falamos sobre o assunto, ficamos a digerir aquilo. (...) Os médicos deram-nos sempre a hipótese de interromper a gravidez e foi isso. Foi um ato de amor. Não era viável", garante, sublinhando que a decisão foi tomada por ela e por Tiago, os quais contaram sempre com o apoio incondicional da família dos amigos.
Questionada sobre se, de alguma forma, a sua fé católica influenciou a decisão que tomou, Matilde garantiu que não: "Nunca pus em causa a minha decisão, porque sei que Deus é amor e sei que aquilo que eu e o Tiago estávamos a fazer era um ato de amor. Estava tão em paz e tranquila", garante.
O momento do parto foi o mais marcante na vida da artista. "Estava acordada, senti tudo, senti as dores normais de um parto, tomei epidural, senti-a nascer", descreve.
Matilde revela que tanto ela como Tiago tiveram a oportunidade de conhecer a bebé e de a embrulhar numa manta, que entretanto trouxeram para casa.
"Foi um processo. Quando nos íamos deitar ouvíamos o outro a chorar. Nessa altura dei força a toda a gente. Fui eu que assumi o controlo", diz ainda, notando que só algum tempo depois é que "desabou".
Apesar do sofrimento por que passou, Matilde garante que não mudaria nada na sua história: "Ser mãe é a coisa mais poderosa do mundo. Eu voltava a viver aquele parto mesmo sem trazê-la para casa. Nunca me senti tão poderosa na minha vida", afirmou.
"Dei um salto gigante em maturidade. Deixei de dar importância a coisas com que eu me preocupava tanto", completa.
A artista contou igualmente que Zoe teve um funeral e que foi cremada.
"Sinto-me privilegiada por ter passado por isto, porque acho que isto me tornou melhor. Tenho muito mais empatia com tudo à minha volta", defende.
Por fim, Matilde deixou uma palavra de apoio a todos os pais e mães que tenham passado ou estejam a passar por uma perda gestacional: "Estou aqui por essas mulheres, pelas que se sentem sozinhas neste caminho, não estão sozinhas, há muita gente a passar pelo mesmo", evidencia.
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