David Carreira subiu ao palco da Super Bock Arena no último sábado, 3 de dezembro, para o fecho da digressão que assinalou os seus 10 anos de carreira. Ainda com a adrenalina em alta depois de ter mais de seis mil pessoas diante de si, mas já a pensar nas merecidas férias, não foi difícil fazer o balanço de um ano único.
Atuou no Rock in Rio, correu o país e ainda deu um saltinho ao Bataclan, uma das maiores salas de espetáculos em França, mas foi no Porto que se 'despediu' dos fãs.
No último sábado, a Super Bock Arena reviveu o passado com o David do presente... E não faltaram momentos de emoções fortes. Em entrevista ao Fama ao Minuto, falou-nos sobre o dueto com o pai, a emoção de voltar a cantar a canção que fez para a irmã, Sara Carreira, a presença da namorada Carolina Carvalho em palco e até sobre a recente polémica gerada nas redes sociais.
Passaram uns diazinhos desde o grande concerto de encerramento da tournée que assinalou os teus 10 anos de carreira. Começo por perguntar-te, como correu?
Correu bem! Já estava com vontade de fazer este concerto de fecho da tour, porque é sempre um espetáculo especial em que faço um miminho aos fãs, tanto a nível de produção como a nível de momentos especiais, de convidados, o próprio concerto é sempre diferente dos outros. Nos concertos de abertura e fecho tento até no desenho de palco fazer algo diferente.
Foi brutal, a sala estava com imensa energia, cheia, o pessoal todo a cantar as canções do início ao fim.
Acabo por nestes concertos aproveitar para estar mais tempo com as pessoas e falar com elas
Foram mais de seis mil pessoas na plateia, ainda te impressiona subir a palco e ver uma sala tão cheia?
Sim, sem dúvida. Fico muito feliz, porque muitas destas pessoas já me acompanham há 10 anos, outras acompanham-me mais recentemente. É muito bom ver caras novas e outras mais antigas nos concertos, a cantar as canções. É sempre uma experiência única, seja na Super Bock Arena, no Porto, no Rock in Rio, no Bataclan. Foi uma digressão com vários concertos com muito significado e acabar agora, mesmo antes do Natal, foi uma prenda para mim e espero que para os fãs.
David Carreira no palco da Super Bock Arena© Cortesia Regiconcerto
Qual o motivo para teres escolhido o Porto para este espetáculo?
Escolhi o Porto porque abri a digressão em Lisboa, no Coliseu, em março. Já não cantava na cidade do Porto num concerto de abertura ou de fecho há bastante tempo. O meu último concerto no Porto em abertura ou fecho de digressão deve ter sido, possivelmente, o Coliseu do Porto, então queria que fosse um momento especial para o público. Também a abertura da próxima digressão, marcada para dia 25 de fevereiro, vai ser em Elvas para não fazer sempre os concertos nos mesmos sítios. Faço muitos concertos em Lisboa, então a minha ideia foi encerrar no Porto e abrir a próxima digressão em Elvas.
Há seis meses ele disse-me que gostava de pedir a namorada em casamento num concerto. Disse-lhe, então vamos fazer isto num momento especialEste concerto e toda a digressão teve um significado ainda mais especial por acontecer depois de vários meses em que a pandemia da Covid-19 obrigou a um afastamento dos palcos?
Sim e isso nota-se até no concerto, a forma como as pessoas participam e também nas horas e horas de sessão de autógrafos a seguir. Aproveito para falar cada vez mais com as pessoas, saber como estão. Muitos acabei por ver ao longo de toda a digressão, há pessoal que fez os concertos todos da tour, Madeira, Açores, França, Suíça, Luxemburgo. Há pessoas que acompanharam a digressão toda, mas também há quem só tenha voltado a ver agora por causa da Covid-19 e acabo por nestes concertos aproveitar para estar mais tempo com as pessoas e falar com elas.
Este concerto teve, como já disseste, vários momentos especiais, um deles um pedido de casamento em palco. Como foi preparado este momento?
O Francisco andou a enviar-me mensagens durante seis meses, no Instagram. Ele disse-me que gostava de pedir a namorada em casamento num concerto porque ela vai a muitos e gosta muito das minhas canções. Disse-lhe, então vamos fazer isto num momento especial que vai ser o fecho da tour. Todos os meses ele ia-me relembrando caso me esquecesse. Não me esqueci e alguns dias antes até preparei com ele a surpresa, enviei-lhe um vídeo a dizer: vamos fazer o seguinte, vou fazer-vos subir ao palco como se fosse uma surpresa normal. Não lhe digas para o que é, diz que é só para curtirem o concerto no backstage.
No fundo, tu participaste no plano todo.
Sim, disse-lhe mesmo: vai ser no início do segundo refrão que te metes de joelhos, que é para ela não estar mesmo à espera de nada. Eu vou distraí-la para conseguires meter-te de joelhos e foi o que aconteceu, foi maravilhoso. Dou-lhe um toque a ela nas costas, ele mete-se de joelhos, os bailarinos entram com balões a dizer marry me [casa comigo] e quando ela se vira já está ele de joelhos. O público todo aos gritos de felicidade... Foi um momento muito especial para eles, mas também para nós em cima do palco. Foi muito bonito.
O momento em que Francisco pediu a namorada em casamento© Cortesia Regiconcerto
Este não deve ter sido o único momento especial desta digressão. Qual foi o mais marcante?
Lembro-me de cantar com o Mickael, o meu irmão, no Coliseu de Lisboa. Na abertura da digressão cantámos uns quatro temas juntos, foi muito bonito. Cantar com o meu pai agora no Porto foi um momento muito especial, o Rock in Rio. Estar naquele anfiteatro esgotado às 17h00, que é muito difícil, é muito cedo para um festival. Quando entrei no palco e vi aquilo esgotado, para mim foi… Lembro-me de quando era mais novo ir lá ver concertos, agora com 10 anos de carreira poder esgotar aquele recinto foi um momento muito especial para mim. Foram vários os concertos que me marcaram e por isso é que queria que esta digressão fosse especial para as pessoas que acompanharam, e deixa para a próxima tour um legado difícil de superar.
Gerou polémica? Não sabia. Esse momento com a fã é algo que fiz no início da minha carreira
Lembro-me de te entrevistar há uns anos e confessares que no início da tua carreira o teu pai [Tony Carreira] olhava para os teus temas com alguma desconfiança, por serem muito diferentes daqueles que ele cantava. Dez anos depois, tê-lo em palco contigo é como ouvires: afinal o miúdo sabia o que estava a fazer?
Acho que no meu início marquei pela diferença no geral, não só no caso do meu pai. Quando comecei a cantar ninguém sabia que o ia fazer, nem familiares, nem amigos. Foi algo que deixei muito escondido. Até a minha forma de começar na música, através dos 'Morangos com Açúcar', foi diferente. Acho que nem as pessoas do mundo da música esperavam que viesse a ser cantor, mas sabes que quem manda nisso é o público. É o público que escolhe e daí eu querer aproveitar todos os momentos como se fosse a última tour, a última canção, o último álbum, porque nunca sabes até quando é que isto irá durar.
Os temas chegam às pessoas ou não chegam, não é matemática, é algo que, às vezes, é preciso um pouco de sorte e quem manda é mesmo o público. Sinto que o meu início de carreira não foi propriamente óbvio, mas o que fez a diferença foi ter sempre vontade de aproveitar tudo como se fosse a última vez e, desta forma, querer sempre dar o melhor a quem me acompanha.
Este concerto também ficou marcado por um momento que gerou alguma polémica nas redes sociais. A dança com a tua fã estava no alinhamento e já tinha sido pensada?
Mas gerou polémica? Não sabia.
O momento em que uma fã esteve em palco e David Carreira cantou e dançou para ela© Cortesia Regiconcerto
Alguns seguidores afirmaram nas redes sociais que não seria muito respeitador a tua fã ter-te passado as mãos pelo corpo.
Isto das redes sociais, nem sempre podes agradar a toda a gente. São aquelas coisas às quais não ligo muito, cada vez ligo menos ao que sai nas revistas cor de rosa ou aos comentários no Twitter, que é uma rede social um bocadinho mais tóxica. Não ligo muito ao que escrevem lá, porque vais ter sempre pessoas que têm uma opinião contra… e é de respeitar, cada um tem de ter a sua opinião. Mas, como eu disse antes de arrancar aquele tema, esse momento com a fã é algo que fiz no início da minha carreira e que depois deixei de fazer durante uns anos. Fiz no meu primeiro concerto no Coliseu de Lisboa, em 2013. Sendo este um espetáculo que celebrava 10 anos de carreira, fui buscar vários momentos do passado.
No desenho de palco deste concerto está o triângulo no centro do palco, que foi o meu primeiro desenho de palco. A canção que canto com o meu pai, 'Só Tu e Eu', foi a que cantámos no Campo Pequeno, em 2015, o momento com o Mickael também é algo que já tinha feito no passado e fui buscar novamente. Ao longo do concerto houve vários momentos que marcaram estes 10 anos, até o alinhamento com temas mais antigos. Fazia sentido para quem me segue há 10 anos reviver alguns momentos e quem não teve oportunidade de estar lá antes ver pela primeira vez coisas como o dueto com o meu pai, até o momento com a Carol em cima do palco - algo que comecei a fazer em 2019 e quis voltar a fazer agora.
Deixa-me brincar um bocadinho contigo. A Carolina [Carvalho] fazia anos naquele dia, cantares-lhe os parabéns em palco foi a forma de ela perdoar-te teres marcado o concerto para aquela data?
[Risos] Não, acho que até para ela foi um aniversário diferente. Teve várias pessoas amigas que estavam no concerto, a família também. Acho que foi simpático para ela poder viver isto connosco.
O momento em que David Carreira cantou para a namorada, Carolina Carvalho, que está grávida do primeiro filho do casal© Cortesia Regiconcerto
Outro momento marcante do qual ainda não falámos foi aquele em que cantaste com a Eva Costa da Associação Sara Carreira. Para ti era importante tê-la em palco contigo?
A Eva tem imenso talento e gosto muito da voz dela, acho que tem estado de parabéns no percurso que está a fazer. Queria levá-la agora para palco neste fecho de tour, até para ela ganhar cada vez mais experiência no mundo da música e pisar mais palcos para no futuro ter essa bagagem. Cantar e estar com ela em cima do palco é sempre um prazer.
Nas redes sociais nem tudo é mau e um dos momentos mais comentados foi aquele em que cantaste o 'Gosto de Ti' [tema lançado em dueto com Sara Carreira]. Foi um momento muito emotivo para os teus fãs, para ti era a homenagem que não podia faltar?
Sim, sem dúvida. Para mim era um momento especial. Sei que é uma canção que só cantei uma vez no Coliseu de Lisboa e depois ao longo da tour dos 10 anos de carreira deixei de a cantar. Era o tema que os fãs mais pediam nas redes sociais. Fiz uma live para a RFM no dia 28 de novembro, estive em antena o dia todo, das 07h00 às 08h00, e demos a possibilidade aos fãs de através das redes sociais escolherem uma canção que não estivesse no alinhamento. Uma das mais votadas foi o 'Gosto de TI'. Por ter recebido o feedback dos fãs, achei que fazia sentido. E para finalizar este ciclo quis acrescentar a canção no concerto.
É um álbum que é muito importante para mim e quero que seja o melhor que já lancei até agora
Lembro-me que na promoção deste espetáculo dizias que ele ia aproximar-te ainda mais dos fãs. Esta sucessão de acontecimentos e momentos especiais que se viveram na Super Bock Arena teve esse efeito?
Sim. Como disseste, nas redes sociais nem tudo é mau e uma das coisas boas é teres contacto direto com quem te segue, poderes ter um discurso direto com essas pessoas. Isso é algo que sempre quis fazer ao longo da minha carreira, ter essa proximidade com quem me acompanha, e neste concerto aproveitei para fazê-lo um bocadinho mais. Dei a possibilidade ao pessoal de assistir ao ensaio do concerto antes de começar, dessa forma conseguiram ver tudo o que estava a planear, é como se fizessem parte da equipa. Essa proximidade é cada vez mais importante, essas experiências com quem me acompanha, conseguirem saber como me preparo para os concertos, como é feita a escolha do alinhamento, gosto de ter essa proximidade.
Agora estás de férias do palco e só regressas em fevereiro para o início de uma nova digressão. O que vais fazer neste tempinho?
Vai ser recheado de tempo para estar com a minha família, com os meus amigos e recheado de tempo também para acabar a gravação do álbum, que vai sair em 2023. Daqui a uma semana, no dia 16, sai o remix do tema 'Saturno' em dueto com um cantor argentino. O novo álbum vai ter vários duetos com cantores brasileiros, latinos, franceses, dos Estados Unidos. Já não lanço um álbum há três anos e quis que fosse especial, com várias participações, novos temas. Tenho muita coisa para dizer e é um álbum que é muito importante para mim, e quero que seja o melhor que já lancei até agora.
Vai haver uma canção para os fãs, de agradecimentoVai ser como o teu último disco [7] e ter dois lados, com uma divisão entre músicas mais calmas e outras mais alegres?
Vai ser uma surpresa. Esta tour foi brutal, ainda não tive tempo para fechar o álbum, daí querer tirar esse tempo até ao dia 25 de fevereiro para conseguir acrescentar esses conceitos que vão aparecendo à medida que vou colocando mais temas. Crio sempre o conceito depois de já ter uma base dos temas, aí é que acabo por brincar e criá-lo. Este álbum vai ter um conceito especial, mas ainda é muito cedo para dizer em concreto o que é.
E temas com novas danças e coreografias virais, vamos ter para breve?
[Risos] Vai haver de certeza, gosto sempre de dançar por isso de certeza que vou pôr dança nos videoclipes. Tenho muitas ideias novas até para outras plataformas que estão a aparecer, para ter contacto direto com os fãs que estão a ouvir o álbum, para sentirem que fazem parte dele. E vai haver uma canção para os fãs, de agradecimento.
No ano em que assinalas 10 anos de carreira, pergunto-te: onde é que imaginas estar quando daqui a 10 anos celebrares 20 anos de carreira?
Imagino-me a falar contigo novamente e a perguntares-me se vou continuar a conseguir dançar por mais 10 anos [risos]. É uma surpresa, não sei o que os próximos 10 anos me vão reservar, mas se me trouxerem o que trouxeram estes 10 primeiros vou sentir-me abençoado e muito feliz.
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