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Motivos de saúde afastaram Júlio Isidro do 'Natal dos Hospitais'

O apresentador sempre foi, desde há quase 60 anos, uma presença assídua na emissão especial da RTP. No entanto, este ano não conseguiu comparecer.

Motivos de saúde afastaram Júlio Isidro do 'Natal dos Hospitais'
Notícias ao Minuto

09:48 - 16/12/23 por Notícias ao Minuto

Fama Júlio Isidro

Durante esta semana decorreu a emissão anual do 'Natal nos Hospitais', da RTP1, mas este ano sem a presença de Júlio Isidro. A razão? Motivos de saúde, como o próprio indicou numa publicação que fez no Facebook. 

"Falhei o 'Natal dos Hospitais'", começou por escrever, explicando que iria "apresentar um breve momento" desta emissão especial.

"Ao fim da tarde ali estaria a abraçar os que sofrem, a minha participação desde há 59 anos… sim 59 anos! Gosto de contas certas e a emissão de ontem [dia 14 de dezembro] seria a 65.ª desta iniciativa que põe muitos milhares de portugueses à volta da árvore solidária que é o Diário de Notícias e a RTP", disse. 

"Fiz 58 vezes e ontem faltei. Uma crise de síndrome vertiginoso que nunca tinha sentido, tirou-me o chão debaixo dos pés e fiquei em casa. Estou triste, mas na esperança/certeza que se Deus quiser, farei 60 vezes o 'Natal dos Hospitais' antes de me retirar das lides", destacou. 

"Já fiz esta maratona na companhia de vários apresentadores ao longo das longas horas do programa mais antigo e de maior audiência da televisão em Portugal. Agora piso o palco da RTP1 durante três minutos para palavras de carinho e apoio a todos aqueles que não terão Natal junto das famílias. Já sou tão antigo que ainda fiz o Natal numa cadeia sem televisão, nem rádio, nem fotógrafos a flashar o evento. As redes sociais ainda não existiam para serviço de promoções pessoais", recordou. 

"Um telefonema do diretor da cadeia de Sintra... 'Senhor Júlio Isidro, gostava de o convidar para a festa de Natal do nosso estabelecimento prisional...'. Engulo em seco e lembro-me dos concertos nas prisões de Johnny Cash... 'Tenho muito..... gosto... mas qual é a minha participação?'. 'Era para animar a festa dos nossos reclusos apresentando os UHF e o D. Vicente da Câmara... vamos buscá-lo onde quiser'", contou. 

"No dia 15 daquele dezembro estava a entrar num Mercedes conduzido por um guarda, já vinha o D. Vicente com a caixa da sua preciosa guitarra segura entre as pernas. Chovia, chovia muito, e lá chegámos ao território onde gente condenada a um Natal entre muros, nos aguardava. O refeitório com um palco montado ao fundo, estava à cunha, a humidade, o calor dos corpos e o fumo dos cigarros, fazia do ar um nevoeiro de ruelas londrinas. Subi ao palco entre aplausos e vivas que quase me emudeceram. Falei do Natal e segui em terrenos de humor com umas piadas brejeiras q.b. até apresentar os UHF", lembrou. 

"Grande concerto do António Manuel Ribeiro e seus pares, onde fui metendo umas larachas para animar, ainda mais, a malta. Agora a minha função era sair do rock para o fado. Tudo fácil porque o público estava aberto a tudo. D. Vicente cantou, falou com a sua voz tranquila e eu vi, com estes dois, muitos olhos vividos na margem da vida, molhados de água. Acabou o espetáculo, gritei 'boas festas' para todos, sem saber bem o que são estas quadras limitadas no espaço e no tempo", relatou. 

"Saí por entre os espectadores que me saudavam, muitos com palmadas nas costas, algumas fortes.... Ganda Júlio, és o maior... Dás na televisão e na rádio... Até um que me pediu a brincar... 'tira-me daqui'! À porta da prisão esperava-nos o Mercedes tipo 'fogareiro'. Apertos de mão, D. Vicente e eu seguimos viagem para Lisboa. Foi a meio do percurso que o meu estômago não resistiu às emoções vividas. Pedi ao condutor para parar e ali mesmo na berma da estrada... foi tudo fora! Saía de mim a angústia do que será a liberdade quando a perdemos", partilhou. 

Na altura recebeu um "cartão" que guarda até aos dias de hoje e que mostrou na mesma publicação. 

"Esse Natal numa prisão, como tantas dezenas de outros vividos em hospitais, onde estive em frente de gente a sofrer, a dor é comum... A vida está lá fora e nós aqui. Sonho a utopia de que um dia exista uma sociedade de portas abertas à felicidade. Foi isso que senti hoje, sem o meu tempo de antena… pedir saúde, física e espiritual para o maior auditório do ano", disse. 

Além da imagem do referido cartão, Júlio Isidro mostrou ainda uma fotografia que tirou com Catarina Furtado no ano passado. 

Veja a publicação na íntegra:

Leia Também: Júlio Isidro: "Cansado desta inevitabilidade de escrever obituários"

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