"Só tive um pequeno problema com a Luciana Abreu. Ameaçou processar-me"

Estivemos à conversa com Adriano Silva Martins, apresentador do 'V+Fama'.

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© Instagram - Adriano Silva Martins

Mariline Direito Rodrigues
20/11/2024 08:01 ‧ 20/11/2024 por Mariline Direito Rodrigues

Fama

Adriano Silva Martins

"Detesto dar entrevistas": esta foi a primeira confissão que Adriano Silva Martins fez assim que começou a falar com o Fama ao Minuto. Sendo um dos nomes de referência no que à imprensa cor-de-rosa diz respeito, atualmente vive uma das fases mais felizes a nível profissional enquanto apresentador do programa 'V+Fama'. 

 

Contudo, o seu caminho pelo mundo dos famosos começou há mais de duas década, quando, após terminar o curso de Direito, decidiu tirar uma pós graduação em Jornalismo.

Na altura em Madrid - uma vez que é filho de pai português e mãe espanhola - foi trabalhar para uma conhecida agência de notícias e 'atirado aos lobos' na sua primeira entrevista ao cineasta Pedro Almodóvar, que o "ia matando".

Trabalhou durante 10 anos ao serviço da agência que fazia a cobertura das notícias da Casa Real espanhola e garante-nos que a rainha Letizia não é antipática, ao contrário do que foi popularizado. 

Há três meses, estreou-se como apresentador do 'V+ Fama', depois de um período enquanto comentador na 'Noite das Estrelas'. 

A maioria das pessoas que trabalham em televisão podiam estar a apresentar o  jornal ou ser o bobo da corte que para eles seria igual, o importante é aparecer

Depois de nos cumprimentar, Adriano começou logo por dizer que sentia "um incómodo em estar no lugar dos famosos" por estar a dar uma entrevista. Entretanto, falou do mundo da televisão sem 'papas na língua'.

A maioria das pessoas que trabalham em televisão podiam estar a apresentar o  jornal ou ser o bobo da corte que para eles seria igual, o importante é aparecer. Para mim fazer é televisão é o maior prazer profissional que eu tenho, é o meu trabalho. Sinto-me incomodado por achar-me uma estrela e dar entrevistas...

O que disse confirma um preconceito que existe em relação à televisão: muitas pessoas só estão lá para aparecer.

Sim, muita gente! Há muitos que não veem que aquilo é um trabalho para o público e não para eles. 

Como é que o Adriano conseguiu superar essa questão do ego?

É um processo de vida. Quando és novo e precisas muito de validação tens tendência a deslumbrar-te. Adoro ser reconhecido, ser validado e que as pessoas me venham dizer que gostam daquilo que estou a fazer, que se divertem com o programa, que se sentem entretidas, para além de informadas. Quando começo a fazer o programa e tenho aqueles nervos iniciais, passados 20 segundos já me esqueci que tenho uma plateia indecifrável de pessoas. Penso que estou a fazer o programa apenas para uma pessoa, por exemplo, a minha mãe. 

Claro que tenho o meu ego e não vamos fugir a isso, mas acho que é uma questão de idade, de maturidade, de perceber que tenho um trabalho que sempre quis... mas é um trabalho. Não sou mais do que a pessoa que está na produção, a realizar, preocupada com o meu microfone. Sem a minha equipa sou menos, tudo faz parte de uma máquina bem oleada. Ao dar a cara pelo programa lido mais com uma questão de responsabilidade do que de ego.

Durante três semanas, por exemplo, os programas de desporto só falaram da transferência do Rúben Amorim para o Manchester. Isso vai mudar o mundo?Estando a dar a cara por um programa sobre celebridades considera que ainda existe preconceito em relação ao tema? Mesmo entre a comunidade jornalística?

Às vezes nós próprios [jornalistas] somos culpados disso. Falo de muita gente que nos precedeu e que não deu o devido valor ao trabalho que estava a fazer. Claro que não estamos a falar da Guerra da Ucrânia, a notícia que eu estou a dar à noite não vai mudar o mundo, mas ajudará as pessoas a deitarem-se mais leves. Terão passado um bom bocado antes de ir para a cama depois de todas as vicissitudes do dia.

Isso não quer dizer que não empregue o rigor. É um programa de opinião, claro, mas sendo pivô estou a lançar uma notícia e a fazer jornalismo, porque houve um trabalho de pesquisa e procura.

Durante três semanas, por exemplo, os programas de desporto só falaram da transferência do Rúben Amorim para o Manchester. Isso vai mudar o mundo? [Então] Porque é que se olha para a imprensa desportiva com menos desdém do que se olha para a imprensa cor-de-rosa?

Porque é que acha que isso acontece?

A imprensa cor-de-rosa historicamente é associada ao sexo feminino. É um 'fait diver', uma coisa de cabeleireiros… Depois também houve uma parte da profissão que foi pouco séria, foi sensacionalista. Em Portugal houve uma falta de ética e de rigor, é a realidade. Muita gente mentiu. 

Comparada com a imprensa britânica, italiana ou espanhola, a nossa imprensa é da Rua Sésamo. É uma coisa completamente 'light' e descafeinada.Por outro lado, considera que as personalidades são justas quando se dizem 'perseguidas' pela imprensa, apesar do que partilham nas redes sociais?

Em Portugal a imprensa cor-de-rosa pode ter sido pouco rigorosa, mas comparada com a imprensa britânica, italiana ou espanhola, a nossa imprensa é da Rua Sésamo. É uma coisa completamente 'light' e descafeinada. Aqui não há paparazzi na rua, nem repórteres a perseguir pessoas como há em outros países.

Realmente a pressão está nas redes sociais. Todos colocamos um bocadinho da nossa vida lá e isso dá um poder a determinadas pessoas de atacar o que estão a ver. É verdade que nos sujeitamos a que as pessoas nos critiquem por termos um trabalho de exposição, sim, mas atenção, há limites! A boa educação, a não agressividade… As pessoas escudam-se num perfil falso para dizer as maiores barbaridades. A pressão nos famosos está muito mais nas redes sociais do que na própria imprensa. 

O Adriano já está no jornalismo cor-de-rosa há anos. Como é que seguiu este caminho?

Estudei Direito e depois fiz uma pós graduação em Jornalismo. Depois fui estagiar para uma agência de notícias e assim começou a minha carreira.

E porquê o mundo dos famosos?

Sempre me interessei por este tipo de notícias. Quando era miúdo consumia as revistas porque a minha avó comprava. A minha mãe era espanhola e a indústria do cor-de-rosa sempre foi muito forte em Espanha. Nos anos '80 já havia programas sobre celebridades em Espanha e eu via. Lembro-me de ser pequeno e de acompanhar o divórcio do príncipe Carlos e da princesa Diana. 

Quando estava a fazer a pós graduação surgiu a possibilidade de um estágio numa agência de notícias apenas dedicada a cor-de-rosa. Em Portugal não temos esse hábito, mas em Espanha, da mesma maneira que há jornalistas à porta da Assembleia da República, lá há jornalistas à porta da casa das celebridades para fazerem pequenas entrevistas.

Saímos disparados do carro e comecei a caminhar com o Almodóvar. Ele quase que me matou. Qual foi a primeira pessoa que entrevistou?

Íamos no carro, o câmara e eu, de repente vemos o Pedro Almodóvar. O câmara perguntou se eu me sentia com forças [de o entrevistar], porque o Almodóvar era muito desagradável. "Obviamente!". Saímos disparados do carro e comecei a caminhar com o Almodóvar. Ele quase que me matou [risos]. 

Se me perguntasse há uns anos o que é que eu gostaria de ter feito, teria respondido "apresentar o telejornal" ou qualquer programa sobre política internacional, algo que eu adoro. Mas chegado aos meus 42 anos e tendo o meu percurso passado quase integralmente pelo cor-de-rosa e estando a apresentar um programa, só posso dizer que sou a pessoa mais realizada a níveis profissional. 

Tendo dividido a vida entre Espanha e Portugal, porque é que não investiu na carreira por lá?

Estive em Espanha a trabalhar 12 anos. Fui jornalista correspondente da minha agência para a Casa Real. Viajei com os reis por toda Espanha e por todo o mundo dez anos. No ano passado quando estava a fazer a 'Noite das Estrelas' na CMTV tinha um programa de máxima audiência na Telecinco - '¡De viernes!' - no qual era comentador. Simplesmente era impossível para mim conciliar esse programa com o 'V+Fama'. Ainda assim continuo ligado a Espanha. Escrevo todos os dias duas crónicas para um jornal espanhol. Só não faço televisão semanalmente como fazia. 

A rainha Letizia de entrada não é aquela mulher simpática, de sorriso fácil, mas é muito humana. Só quem teve a oportunidade de a ver diariamente como a vi durante muitos anos é que se apercebe disso. O que nos pode dizer sobre a rainha Letizia? Consta que não é a mais simpática das pessoas. Confirma-se?

Não, não se confirma! A Letizia é uma mulher muito perfeccionista e controladora. Isto pode ser uma coisa muito boa, mas também se converter em algo mau. Estas qualidades transformam-se em defeitos, porque retiram naturalidade e parece que está em tensão permanente. 

Não é fácil para alguém deixar de dar notícias para passar a ser o centro delas. Letizia foi escrutinada e continua a sê-lo. De entrada não é aquela mulher simpática, de sorriso fácil, mas é muito humana. Só quem teve a oportunidade de a ver diariamente como a vi durante muitos anos é que se apercebe disso. 

Vamos falar do que aconteceu em Valência. Parece incrível que tenha sido preciso que fosse enxovalhada com barro para perceberem o quão extraordinária ela é. Podia ter fugido, escondido, reagido de uma forma negativa, mas reagiu com muita humanidade. Ela levou por tabela, mas aguentou. 

Isso não faz de uma pessoa egocêntrica ou egoísta. Não é simpática de entrada? Não, mas eu também não sou. Foi fortalecendo uma barreira com o tempo. 

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O momento aconteceu quando a monarca ouvia o testemunho dos sobreviventes das cheias em Valência, durante uma visita a Paiporta.

Notícias ao Minuto | 16:11 - 08/11/2024

Marcelo Rebelo de Sousa intervém mais na vida pública do que Felipe VI.  

Tendo passado dez anos a acompanhar os reis através da agência da qual fez parte certamente entende melhor do que ninguém o trabalho que tal papel implica.

Convivo lindamente com a República e com a Monarquia Constitucional. A monarquia em Espanha funciona, houve duas repúblicas e foram um autêntico desastre. 

Eleger um Presidente da República é mais democrático do que o simples facto de uma pessoa herdar [o cargo] porque nasceu numa determinada família? É. Mas, por vezes, a emenda pode sair pior que o soneto. Em Espanha ter uma figura apartidária é mais vantajoso. 

Em Portugal, temos presidentes da República a meter o bedelho onde não são chamados. Todos sentiram essa tentação, uns mais outros menos. Agora temos um que comenta de manhã à noite tudo o que acontece a nível político. Desculpa, senhor Presidente, não tem de comentar absolutamente nada, porque o rei Carlos III ou o rei Felipe VI quando saem à rua ninguém lhes pergunta se o governo deve ou não aprovar leis. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa intervém mais na vida pública do que Felipe VI.  

Com este percurso profissional e estando numa fase particularmente feliz, notou aproximações de outras pessoas por interesse?

Desde que sou apresentador noto que há pessoas que olham para mim: umas para bem e outras para mal.

A Cristina Ferreira saboreou a fama ao nível mais exacerbado para o bem, mas também sofreu a parte negativa.Na sua perceção quais são as personalidades mais injustiçadas em Portugal?

A Cristina Ferreira e a Margarida Corceiro.

São duas pessoas que têm uma exposição pública muito superior à média. No caso da primeira é um produto chamado Cristina, por isso está completamente exposta a tudo. Ela saboreou a fama ao nível mais exacerbado para o bem, mas também sofreu a parte negativa. Muitas vezes é injustiçada. Se as atitudes dela fossem de personalidades masculinas não teriam o impacto para bem - e para o mal. É presa por ter cão e por não ter.

A Margarida Corceiro é a mulher mais bonita de Portugal com a carreira mais promissora, a maior influencer na sua faixa etária. A vida corre-lhe bem profissionalmente e teve dois namorados muito famosos. As pessoas não perdoam isso. 

A Margarida Corceiro tem uma carreira mais constante do que a do João Félix.Sofrem as duas do mesmo estigma: são acusadas de chegarem onde chegaram por causa de homens.

Na Margarida, então… Segundo muitas cabeças pequeninas deve a carreira ao João Félix, que se não tivesse sido namorada dele não era ninguém. As carreiras um de outro não são comparáveis, mas a Corceiro tem uma carreira mais constante do que ele. Ele também beneficiou muito por ter um 'troféu' ao lado como ela. Disseram coisas horríveis sobre ela. Para além de ser linda e educada, é espertíssima. Tem a cabeça tão bem organizada e sabe jogar tão bem este jogo, que fico de 'boca aberta' quando me lembro que é tão jovem. 

A única pessoa com quem tive um pequeno problema, que até ameaçou processar-me, foi a Luciana Abreu. Há alguma personalidade tenha sido algum desentendimento?

A única pessoa com quem tive um pequeno problema, que até ameaçou processar-me, foi a Luciana Abreu. 

A minha opinião sobre a Luciana Abreu é muito positiva no terreno artístico, mas mais negativa no pessoal. Em 100 vezes que falei da Luciana, 80 não foi para lhe fazer um elogio, é normal e compreendo que não nutra simpatia por mim. Mas também é verdade que na única vez que nos encontramos pessoalmente eu aproximei-me dela para lhe explicar o meu ponto de vista e ela não quis falar comigo, o que acho pouco inteligente da parte dela. 

Muitas vezes, por via de terceiros, expulsa informação que lhe interessa cá para fora, depois vem e faz-se de sonsa.Quando diz que não tinha opiniões positivas refere-se ao quê?

Todas as relações da Luciana terminam mal, quase todas em tribunal. Há sempre confusões com os pais das filhas. E atenção, não lhe estou a  tirar razão! O tribunal deu-lhe razão muitas  vezes, quem sou eu para dizer o que está certo ou errado. Mas quando vejo um padrão, das duas uma: ou tem um dedo podre para escolher as pessoas com quem se junta, ou terá culpa - no sentido pessoal.

Deveria fazer uma introspeção: 'porque é que escolhi estas pessoas? Porque é que permiti que fizessem isto? Porque é que permiti que me acontecessem certas situações?'. E atenção, por favor, obviamente que não estou a falar de violência doméstica. Estou a falar de outro tipo de atitudes, de outra forma de fazer as coisas. Ela expõe-se muito e às suas relações.

Muitas vezes, por via de terceiros, expulsa informação que lhe interessa cá para fora, depois vem e faz-se de sonsa. Sei como ela, alegadamente, funciona, e por isso não posso compactuar com uma pessoa que passa, alegadamente, informação cá para fora e depois de se queixa.

Para quem ainda não viu o 'V+Fama', o que nos pode dizer sobre o programa?

É um programa de notícias diversificadas no qual se junta a informação e entretenimento. Por isso é que o leque de comentadores é diversificado, cada um com a sua personalidade. Em termos de notícias acho que somos um programa fortíssimo. Olhamos olhos nos olhos à 'Noite das Estrelas' e à 'Passadeira Vermelha', que são programas assentados. Primamos pela positividade e pela boa educação. E não somos a 'santa inquisição'. Vou a eventos e nunca ninguém se aproximou de mim para ralhar comigo. Já estive com todas as personalidades de quem falo todos os dias e ninguém me disse nada negativo sobre o programa. 

Quais são os seus objetivos a nível profissional?

Quero alcançar a excelência. Quero ser o melhor apresentador que o 'V+Fama' tenha e venha a ter. O melhor em tudo, do princípio ao fim. Não penso, 'agora gostava de apresentar as manhãs', ou 'ter um programa de entrevistas', não penso nisso. Tudo aquilo que ali está á responsabilidade do Adriano Silva Martins, se as pessoas gostarem ou não, é responsabilidade minha. 

Leia Também: Margarida Corceiro: "Este ano foi o mais importante da minha carreira"

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