Recaídas como as de Demi Lovato são comuns e extremamente perigosas
Mais de duas semanas após a hospitalização da cantora norte-americana devido a uma overdose, Lovato terá recebido alta do Centro Hospitalar Cedars-Sinai, em Los Angeles, onde esteve internada. A artista sempre comentou pública e abertamente a difícil e ‘eterna’ luta que enfrenta contra o vício das drogas.
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Trata-se de um ciclo extremamente perigoso – a tentativa de deixar o vício e a adição e as possíveis recaídas – que acaba inúmeras vezes em tragédia para os indivíduos toxicodependentes.
Relapsos – como o que Lovato experienciou – são de facto bastante comuns. Só nos Estados Unidos, e de acordo com a revista TIME, o Instituto Nacional de Abuso de Estupefacientes alerta que, enquanto 40% a 60% das pessoas viciadas em substâncias ilícitas recaem a certa altura das suas vidas, sendo de facto um processo visto por muitos médicos e especialistas como natural, “pode ser também uma situação extremamente perigosa e até fatal”.
Existem vários fatores de risco que tornam estas recaídas tão críticas, explica Richard Blondell, vice presidente da Unidade de Dependência da Universidade de Buffalo Jacobs, porém perder a tolerância àquelas substâncias é o principal elemento a ter em conta.
“Quando ocorre um relapso, esse indivíduo pode ingerir uma dose que crê ser efetiva – por vezes até cerca de metade do que consumia anteriormente – mas porque perdeu a tolerância que tinha anteriormente, tende a ser letal”, explica Blondell.
Acrescentando: “Quando um indivíduo começa a tomar drogas, e à medida que o tempo vai passando, essas substâncias acabam por se incorporar nas funções cerebrais. O cérebro começa a ajustar-se gradualmente, e por sua vez consegue compensar os efeitos das drogas”.
Ou seja, com o tempo, o cérebro adapta-se e uma dose típica de uma droga específica deixa de ter o efeito poderoso inicial, e como tal o utilizador precisa de consumir doses cada vez mais elevadas para sentir os efeitos desejados.
Porém, quando alguém deixa de consumir drogas, o cérebro volta rapidamente ao seu estado inicial ‘normal’, e os níveis de tolerância dissipam-se. Até um período de abstinência relativamente curto pode ser o suficiente para ‘limpar’ e reiniciar o estado neurológico desse indivíduo, colocando-o num risco extremamente elevado de tomar uma dose muito mais forte do que o seu organismo consiga tolerar, alerta Blondell.
Além do caso mediático de Demi Lovato – que felizmente foi tratado a tempo – o especialista recorda a morte do ator canadiano Cory Monteith, em 2013, conhecido por participar na série 'Glee'. Tal como Lovato, o ator falava abertamente da sua antiga dependência de drogas. Contrariamente à cantora, a recaída e a consequente overdose que o ator experienciou há cinco anos acabou por se revelar fatal.
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