O trabalho deprime e mata. O que fazer para o evitar
Em 2016, um engenheiro de software da Uber, com uma renda anual de seis dígitos, cometeu suicídio. O motivo, segundo a sua família, foi o alto nível de stress que vivia no trabalho.
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Num outro cenário, um estagiário do banco Merrill Lynch de 21 anos desmaiou e morreu em Londres, no Reino Unido, depois de trabalhar 72 horas seguidas.
Segundo uma reportagem divulgada pela BBC News, os casos, ainda que extremos, são sintomas de um problema cada vez mais comum: a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho contabiliza que mais da metade dos 550 milhões de dias de trabalho perdidos anualmente devido a faltas "estejam relacionados com o stress”.
Em 2015, uma análise feita com base em quase 300 estudos constatou que práticas nocivas no local de trabalho elevavam a mortalidade, assim como o fumo passivo, por exemplo.
Tais práticas incluem desde longas jornadas de trabalho, conflitos entre trabalho e família, ausência de jornadas regulares ou previsíveis, a ausência de seguros de saúde, de contratos estáveis e de subsídios para as horas extraordinárias.
A insegurança económica decorrente do desemprego também está listada entre os fatores que geram malefícios à saúde.
"O seu chefe tem um papel mais importante na sua saúde do que seu médico de família", explica à BBC Bob Chapman, CEO da empresa de tecnologia Barry-Wehmiller.
O Fórum Económico Mundial estima que cerca de três quartos dos gastos com saúde em todo o mundo estejam associados a doenças crónicas e doenças não transmissíveis, responsáveis por 63% de todas as mortes.
A doença crónica vem tanto do stress quanto dos comportamentos não saudáveis que induz, como fumar, beber, usar drogas ou comer em excesso.
Custo do stress
De acordo com o Instituto Americano de Stress, a tensão no local de trabalho custa à economia dos Estados Unidos cerca de 300 mil milhões de dólares por ano.
As longas jornadas de trabalho afetam negativamente os índices de produtividade. Cortes ou demissões não melhoram o desempenho organizacional e, muitas vezes, levam ao exôdo dos melhores funcionários.
Possibilidade de mudança?
Porém, conscientes disso, algumas empresas decidiram mudar a forma como tratam os seus funcionários. Apesar desta mudança nos comportamentos patronais ainda se mostrar ‘tímida’ em muitas realidades.
Nelas, os empregados ganham um dia de folga e são obrigados a tirá-lo.
Os gerentes não enviam e-mails ou mensagens de texto a qualquer hora. As pessoas trabalham, vão para casa e têm tempo para relaxar. Algumas companhias chegam, inclusive, a oferecer acomodação, de modo que as pessoas possam ter um emprego e uma vida familiar.
Os funcionários são tratados como adultos e têm controle sobre o que fazem e como fazem para cumprir suas responsabilidades profissionais. Ou seja, não há microgerenciamento.
Mais importante do que isso: as empresas são lideradas por indivíduos que levam a sério os seus deveres com seus funcionários. Na SAS Institute, que fabrica um dos softwares estatísticos mais utilizados no mundo, um dos cargos de direção é ocupado por uma pessoa cuja função não é estritamente cuidar do crescimento dos negócios: ela é responsável por garantir o bem-estar dos funcionários.
Bob Chapman salienta que os indivíduos devem escolher o seu empregador não apenas pelo salário e oportunidades de crescimento profissional, mas também com base no impacto que o trabalho terá na sua saúde física e psicológica. Por outro lado, os empregadores não se devem focar apenas o lucro, mas também a saúde de seus funcionários.
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