"Em contexto de AVC: Tempo é cérebro!". E a atitude que deve ter é só uma
A prevalência de Acidente Vascular Cerebral é cada vez maior, e não só em Portugal. O problema é transversal a todos os países, embora se notem disparidades entre alguns, que se devem a cada realidade. No caso português, João Sargento Freitas explica os valores altos “pela particularidade dos nossos hábitos dietéticos, especialmente pelo seu efeito deletério nos valores de tensão arterial e envelhecimento da nossa população”.
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Lifestyle Dia Mundial
O Notícias ao Minuto falou com o neurologista da unidade de AVC do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra a propósito do AVC, cujo dia mundial se assinala esta segunda-feira.
Para quem não é especializado na área, João Sargento Freitas explica o AVC como “uma doença abrupta que atinge um vaso cerebral e compromete a função do cérebro que está dependente desse vaso. Esse processo decorre essencialmente através de trombose do vaso ou rotura de um vaso que resulta na incapacidade de manter a função de uma determinada zona do cérebro”.
Apesar da grande prevalência, João Sargento Freitas fala num “lento mas consistente declínio nos últimos anos” dos números de AVC. Dados que vê como encorajadores e que “refletem sobretudo as inúmeras campanhas de sensibilização, algum ajuste dietético e melhoria dos tratamentos que hoje temos disponíveis para a prevenção do AVC”.
Esta sensibilização é essencial, principalmente para se saber identificar os sintomas do AVC, que pode ser decisivo no prognóstico dos doentes, um ponto que o neurologista vê como primordial, já que o problema pode afetar a nós próprios, a um familiar, amigo ou concidadão.
Para facilitar esta identificação, a Sociedade Portuguesa do AVC lançou recentemente uma campanha que elege os 3 “F” como sinais de alerta:
Fala (dificuldade em falar), Face (desvio da face) e Força (dificuldade em mexer um braço, uma perna ou ambos do mesmo lado). “Perante o início súbito de qualquer destes sintomas a atitude de qualquer cidadão deve ser só uma: ligar para o 112. Devemos evitar quaisquer outras medidas, que poderão representar perdas de tempo”, garante João Sargento Freitas, que sabe que o “tentar adivinhar a melhor solução pode ser prejudicial. Todos os minutos contam, ou por outras palavras, em contexto de AVC: Tempo é cérebro!”
Perante o início súbito de qualquer destes sintomas a atitude de qualquer cidadão deve ser só uma: ligar para o 112
Mas antes de se chegar ao problema, a prevenção é igualmente importante, já que a grande maioria dos AVC é causada por fatores de risco controláveis: “A adoção de um estilo de vida saudável, evitando o sedentarismo e com uma dieta equilibrada, resultará logo numa marcada redução de risco”, faz notar o especialista.
A par disto, deve-se juntar o controlo regular da tensão arterial, a vigilância médica regular e a avaliação de pulso arterial para se garantir ao máximo um impacto positivamente dramático no risco vascular. Além disto, estas são simples medidas que protegem também outros órgãos de doenças vasculares, que continuam a ser a principal causa de morte em Portugal, lembra João Sargento Freitas.
Feitas as devidas indicações sobre os sintomas e formas de prevenção, o especialista não deixa de reconhecer que ainda temos uma alta incidência destas doenças no país. Ainda assim, não devemos ser pessimistas: “O número de AVC bem como a sua mortalidade tem vindo a reduzir nos últimos anos, resultado da educação da população para a saúde, todas as campanhas desenvolvidas, bem como pela significativa melhoria dos tratamentos disponíveis para o AVC”.
João Sargento Freitas, Neurologista da Unidade de AVC do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Membro da Comissão Científica da Sociedade Portuguesa do AVC © Float PR
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