Risco de doença. Quatro maneiras como a solidão afeta a saúde física
Todos nos sentimos sós em algum momento das nossas vidas. Para muitos, é um sentimento passageiro e esporádico, porém para alguns essa sensação de solidão torna-se crónica.
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Segundo várias pesquisas, essa solidão crónica e o isolamento social adjacente estão diretamente relacionados com uma maior incidência de doenças e a um risco maior de morte prematura. Os cientistas, contudo, desconhecem ainda qual o mecanismo exato por trás dessa conexão, que não é necessariamente de causa e efeito.
Ou seja, é a solidão que gera as doenças ou são as doenças que nos tornam mais isolados?
Ainda assim, os estudos realizados sublinham que a solidão e o isolamento social estão ligados a doenças mentais e físicas.
Conheça, de acordo com a BBC News, quatro aspetos da nossa saúde física que a solidão pode prejudicar:
1. Maior riscos de doenças cardiovasculares
A solidão está associada a um aumento de quase um terço do risco de sofrer doenças cardiovasculares, como problemas de coração e derrames cerebrais. Nicole Valtorta, da Universidade Newcastle, no Reino Unido, estudou o fenómeno e disse à BBC que três mecanismos podem explicar essa correlação.
Um deles é psicológico: as pessoas que se sentem sós com mais frequência têm um maior risco de desenvolver depressão, ansiedade e se sentirem mais infelizes.
O outro é biológico: quem se sente só com frequência e apresenta os sintomas psicológicos acima acaba por dormir pior.
O terceiro mecanismo é comportamental: as pessoas que se sentem isoladas podem acabar por adotar comportamentos prejudiciais à saúde, como fumar e comer demais ou praticarem pouco exercício físico.
2. Menor capacidade para combater doenças comuns
Um estudo conjunto das universidades da Califórnia e de Chicago, publicado em 2015 no periódico científico PNAS, investigou o efeito celular da solidão em humanos e macacos, e concluiu que o sentimento de isolamento pode reduzir a eficiência do sistema imunológico.
Os investigadores perceberam que as pessoas identificadas como socialmente isoladas tinham um aumento de 12% na atividade dos genes chamados CTRA, que estão associados à resposta imunológica.
Eles identificaram que essa hiperatividade se manifestava em níveis maiores de glóbulos brancos, que participam da resposta inflamatória, e em níveis menores de produção de proteínas imunológicas antivirais.
A hipótese por trás desse fenómeno é que os humanos evoluíram para viver em grupo e que a solidão os deixa mais predispostos à contração de infeções.
3. Pressão sanguínea mais elevada
Outro estudo da Universidade de Chicago concluiu que as pessoas que sofrem de solidão têm maior probabilidade de ter pressão sanguínea e de virem a sofrer de hipertensão.
Por sua vez, a hipertensão está associada a um maior risco de derrame, ataques de coração, problemas nos rins e demência. O estudo foi publicado em 2010 na revista Psychology and Aging.
4. Risco maior de morte prematura
O isolamento social e a solidão estão associados a um aumento de 30% no risco de morte prematura, segundo um estudo da Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, publicado em 2015 no periódico da Association for Psychological Science.
A investigação analisou 70 estudos diferentes com a participação de 3,4 milhões de pessoas. Eles concluíram que, ao contrário do que poderia parecer, "os adultos de meia-idade têm um risco maior de mortalidade quando sofrem de solidão crónica ou vivem sozinhos, comparativamente aos adultos idosos com as mesmas características".
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