Todavia, sentimentos como a raiva e a irritabilidade também podem denunciar a condição, afirma o psicanalista Sérgio Máscoli, em declarações à BBC News, clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, no Brasil.
"A psicanalista Joyce McDougall, no livro ‘Em Busca de uma Certa Anormalidade’, considera que muitos sujeitos que têm problemas psicossomáticos podem apresentar raiva e inquietude como sintomas que afetam o humor. Humor afetado implica em saúde biopsíquica afetada”, refere o médico.
A especialista enfatiza que cada pessoa vivencia a depressão de forma e intensidade distinta.
"Como a depressão interfere de forma negativa na vida da pessoa, a raiva e a irritabilidade podem ter variações de negatividade na sua vida. Dessa forma, seja uma intensidade 'leve', 'moderada' ou 'grave', é necessária uma intervenção psicanalítica para evitar danos mais nocivos".
Máscoli afirma que alguém com raiva ou irritado devido a uma depressão pode descontar esse desconforto por exemplo no parceiro, apresentando disfunções sexuais.
Sinais de alerta menos óbvios, a raiva e a irritabilidade costumam ser manifestadas com mais frequência por homens. Estes muitas vezes nem sequer reconhecem a existência da depressão, seja por medo de serem julgados ou por acreditar que as suas emoções sejam apenas consequências naturais do stress ou cansaço.
"Desde tempos imemoráveis, quando o homem e o seu corpo eram um ‘instrumento de guerra’, não expressar dor ou emoções era considerado um valor: era privilegiado ser forte, corajoso e valente. Neste caso, raiva e irritação eram combustíveis úteis para que o sujeito não temesse a dor e o sofrimento. Assim, estes sinais foram assimilados pela cultura como qualidades masculinas. Os homens sensíveis eram desprezados e estigmatizados, pois eram fracos e não podiam proteger o outro", explica Máscoli.