Frequentemente se usa a expressão ‘é como andar de bicicleta’, como referência a algo que nunca se esquece. De facto, se esta é uma prática que se aprendeu na infância, podemos ficar anos sem andar de bicicleta que, quando voltamos a subir para o selim, é como se tivemos pedalado ontem.
Mas por que é esta uma prática que fica sempre memorizada ao ser humano ao contrário de noutras situações em que nos esquecemos do nome de alguém ou de como se faziam certos exercícios de matemática que aprendemos há anos?
Como explica o Scientific American, “diferentes tipos de memória são alojados em regiões distintas dos nossos cérebros. Memórias de longo-termo são divididas em dois tipos: declarativo e processual.” Por sua vez, a memória declarativa distingue-se entre lembranças de experiências e conhecimento factual. O primeiro caso, refere-se às chamadas memórias de episódios como o primeiro beijo ou o primeiro dia de aulas, já o conhecimento factual diz respeito à memória semântica, que é aquilo que aprendemos, como ‘qual a capital de França’. Em qualquer um destes casos, qualquer indivíduo está consciente de tal conhecimento e pode comunicá-lo. Já no caso da memória processual, que é responsável pela performance, como andar de bicicleta, nem sempre é entendida pelo próprio como um conhecimento que se transmite e comunica, mas algo que ‘está em nós’.
Esta separação de tipos de memória por diferentes regiões do cérebro são tema de estudo para vários cientistas que analisam este órgão, nomeadamente para se perceber a amnésia.
De facto, assim se explica o porquê de, em caso de trauma, as memórias processuais persistirem e as declarativas não, algo que se explica pela diferente quantidade de células nervosas que, por não serem constantemente reformadas (na região onde se alojam as memórias processuais) protegem-se mais que as da outra região.