Este é o 6º cancro mais comum em Portugal e no mundo. Eis como combatê-lo

Autoexame da boca e consultas de rotina ajudam na prevenção do tumor.

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Liliana Lopes Monteiro
30/01/2019 18:00 ‧ 30/01/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Tumores

É o sexto cancro mais comum em Portugal e no mundo. No entanto, continua a ser frequentemente esquecido e são poucos os portugueses que sabem que, à semelhança do que se faz para o cancro da mama, também para o cancro oral existe um autoexame, que pode ajudar a identificar precocemente lesões. Juntamente com a ida regular ao médico dentista, são gestos podem fazer a diferença, alerta João Braga, médico dentista do Best Quality Dental Centers (BQDC), que a propósito do Dia Mundial de Luta contra o Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, reforça a necessidade de mais prevenção e deteção precoce.

“Numa consulta de medicina oral, o médico dentista efetua um exame visual de toda a cavidade oral e estruturas anexas, permitindo que lesões suspeitas sejam detetadas em fases precoces”, explica. “Com estas consultas é possível efetuar um rastreio da doença, identificar/tratar lesões potencialmente malignas, ensinar o paciente a efetuar o autoexame da cavidade oral”, acrescenta.

Consultas que são ainda mais importantes nos pacientes de risco, “nomeadamente fumadores, pessoas com hábitos etílicos, pessoas regularmente expostas à radiação solar (cancro do lábio). E são também importantes para a educação e sensibilização da população para a problemática do cancro oral”.

Porque a cavidade oral faz parte do organismo, “todos os seus problemas poderão afetar a saúde geral”, reforça o médico. E há mesmo estudos recentes que indicam que aqueles que possuem uma má saúde oral têm maior probabilidade de voltar a sofrer de cancro oral. “Está também comprovado que existe uma associação entre grandes níveis de placa bacteriana e morte prematura por cancro”, refere, acrescentando ser compreensível, “já que as mesmas bactérias que causam periodontite (uma doença inflamatória que afeta as gengivas e tecidos que circundam o dente) têm um papel importante no desenvolvimento de cancro pancreático e cancro do trato gastrointestinal superior. A inflamação potencia alterações celulares, propagação de bactérias e fatores de virulência bacterianos por todo o corpo. Todos estes fatores podem ser preponderantes para o desenvolvimento de doenças oncológicas.” Já para não falar do sistema imunitário, cuja “eficácia fica diminuída”.

No que diz respeito aos doentes já diagnosticados com cancro, também aqui a saúde oral é determinante. Explica João Braga que os doentes oncológicos submetidos a tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia “sentem, na maior parte das vezes, alterações diversas na sua boca. Alterações que serão mais graves e desconfortáveis se o estado inicial de saúde oral do paciente não for saudável. Por este motivo, também, todos os pacientes deverão zelar pela sua saúde oral”.

Consultar o médico dentista após o diagnóstico e antes de iniciar os tratamentos é, pois, essencial para que este possa avaliar o estado de saúde oral, “efetuar os tratamentos necessários e receber instruções de como deve efetuar a sua higiene oral e como deve atuar quanto aos efeitos secundários dos tratamentos oncológicos”.

Consultas que devem continuar durante os tratamentos, para que o “médico dentista possa aconselhar o paciente a minimizar os inevitáveis efeitos secundários”. Ainda de acordo com o especialista, “genericamente, e porque os efeitos dos tratamentos variam muito de paciente para paciente, este deve ser mais rigoroso ainda na sua higiene oral diária. Deve usar uma escova suave e pasta fluoretada, fio ou fita dentária e um higienizador de língua. A utilização de colutórios deve ser aconselhada pelo médico dentista caso a caso. O paciente pode notar, devido a uma baixa de plaquetas e das células do sistema imunitário, um maior sangramento da gengiva, mas tal não deve inibi-lo de continuar a higienizar convenientemente porque, se o fizer, a saúde oral piorará e o aumento do sangramento é inevitável”.

No que diz respeito à alimentação, o especialista do grupo BQDC aconselha que se evitem alimentos picantes, crocantes e ácidos, “dando preferência a alimentos moles e fáceis de mastigar, a fim de prevenir úlceras e feridas”.

Apesar da importância destes cuidados, João Braga considera que “atualmente, esta ainda é uma área negligenciada. Embora se observe, cada vez mais, o alerta por parte da equipa médica para a importância da saúde oral, penso que os doentes portugueses com cancro ainda não estão completamente sensíveis da sua importância para o seu tratamento e bem-estar. Há uma tendência para se preocuparem apenas com os problemas mais graves e negligenciar tudo o resto”.

Para prevenir doenças oncológicas, para além de todos os conselhos no sentido de uma vida mais saudável, “as pessoas devem adotar cuidados diários de higiene oral (escovar os dentes e gengivas pelo menos duas vezes por dia, usar fio dentário e escovilhões, higienizar a língua) e efetuar visitas regulares ao seu médico dentista. Deve também ser evitada a exposição solar direta, adotado o uso de creme labial com proteção para a radiação solar e efetuada a vacinação contra o HPV”.

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