Cerca de 20% de quem sofre de doença inflamatória do intestino tem anemia
Anemia torna ainda mais incapacitante a vida dos doentes.
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Lifestyle Anemia
Em Portugal, cerca de 15 a 20% das pessoas com doença inflamatória intestinal (DII) sofrem de anemia, um problema que, confirma João Ramos de Deus, gastrenterologista, “é bastante comum”. E que pode ser prevenido. “Uma alimentação sem grandes restrições e vigilância periódica podem fazer a diferença”, garante o especialista. Em vésperas do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, que se assinala no próximo dia 19, o especialista alerta para a relação entre os dois problemas, que torna mais complicada a vida dos doentes.
De resto, refere João Ramos de Deus, “a anemia é uma entidade mórbida e uma das complicações da DII que mais contribui para a perda de qualidade de vida, devido à múltipla sintomatologia provocada, pelo que a sua deteção e correção são muito importantes para a manutenção da qualidade de vida”.
“Existem vários mecanismos que podem levar a anemia na DII”, explica João Ramos de Deus, “Mas podemos dizer que é essencialmente por défice de absorção de ferro, vitamina B12 e ácido fólico, na sequência da ação inibidora sobre a medula óssea, que tem a ver com a própria inflamação intestinal e devido às perdas crónicas de sangue pelo tubo digestivo”.
Ana Sampaio, presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI), acrescenta que “tanto a colite ulcerosa como a doença de Crohn comprometem a capacidade de absorção intestinal nos momentos de crise. Por isso, não é possível absorver todos os nutrientes e minerais dos alimentos e o que acaba por acontecer é instalar-se a anemia proveniente da falta de ferro”. A esta situação junta-se a perda de sangue, mais frequente na colite ulcerosa, mas também presente na doença de Crohn.
Uma situação com impacto acrescido para os doentes. “Estas doenças já se caracterizam por condicionar a vida das pessoas obrigando a idas frequentes à casa de banho e causando dor abdominal. A anemia condiciona ainda mais, ao retirar energia. Os doentes não conseguem fazer tarefas simples do dia a dia, como estender a roupa ou subir uma rua mais íngreme. O cansaço é constante”, refere a presidente da APDI.
E, ainda que o tratamento da DII e a vigilância periódica possam ser formas de prevenção, Ana Sampaio alerta para a necessidade de uma maior sensibilização. “Muitas vezes, quando o doente comenta com o médico que está cansado, este pode desvalorizar, uma vez que o cansaço é comum, sobretudo nos dias agitados de hoje. Mas este é um cansaço diferente, que se manifesta até nas pequenas circunstâncias e nem sempre é fácil transmitir essa ideia. É preciso que haja mais conversa entre doente e médico, mas é preciso também uma maior valorização por parte do médico.”
No dia 19 de maio, Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, a APDI vai assinalar a data com um concerto, às 15h, no Largo do Intendente, em Lisboa, aderindo ainda à campanha que visa tornar o invisível visível, através da iluminação, a roxo, dos monumentos de várias capitais de distrito do País.
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