Quatro medidas contra o peso das mochilas e dores de costas nas crianças

O peso excessivo das mochilas associado a más posturas e a hábitos de vida pouco saudáveis, estão na base dos problemas de costas mais frequentes na população infantil. Neste regresso às aulas, a campanha “Olhe pelas suas costas” diz-lhe como os prevenir.

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Liliana Lopes Monteiro
25/08/2019 19:07 ‧ 25/08/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Regresso à escola

"As posturas inadequadas à secretária, bem como o excesso de carga na coluna, causam desequilíbrios musculares, mais graves na infância, uma vez que os músculos das crianças não estão preparados para suportar pesos excessivos", explica Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador da campanha nacional 'Olhe pelas suas costas'. 

Estudos recentes indicam que a prevalência de lombalgias ou dores lombares, embora mais baixa nas crianças (1-6%), dispara consideravelmente nos adolescentes (18-51%), aproximando-se da prevalência nos adultos. Nos últimos anos, a prevalência de lombalgia na população infantil tem apresentado um aumento significativo, crescendo de 2-11% para 27-51%, dependendo da idade e da população avaliada. Há também estudos que indicam que a prevalência ao longo da vida em indivíduos até aos 20 anos se situa aproximadamente em 70 a 80%.

“Sabemos que as crianças que desenvolvem lombalgia em idade precoce estão mais propensas a sofrer de lombalgia crónica mais tarde”, alerta o neurocirurgião, acrescentando que “é muito importante combater o sedentarismo instalado no dia a dia das crianças e jovens.”.

“O excesso de peso contribui também para as dores nas costas, devido ao aumento da carga que a coluna tem que suportar” refere o especialista.  Apesar da obesidade infantil mostrar uma tendência decrescente em Portugal, os mais recentes dados do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), da Organização Mundial da Saúde, revelam que 32% das crianças (7 anos) do sexo feminino apresentavam excesso de peso (incluindo obesidade), o mesmo acontecendo em 29% das crianças do sexo masculino, dados referentes a 2015-2017. “Os hábitos de vida saudáveis devem ser incutidos desde a infância, através da educação para a saúde com o controlo da alimentação e promoção do exercício físico”, conclui o neurocirurgião.

As doenças especificas da coluna da criança e do adolescente, como a escoliose idiopática e espondilólise podem afetar até cinco pessoas em cada 100, sendo por isso necessário estar alerta e consultar um especialista se as dores nas costas  se prolongarem no tempo ou forem incapacitantes.

Para um regresso às aulas com uma coluna saudável, a campanha 'Olhe pelas suas costas' partilha quatro recomendações a ter em conta:

1. Evitar sobrecarregar a mochila escolar

É o principal 'inimigo' das crianças na escola: o peso das mochilas escolares não deve exceder 10% do peso corporal da criança. A mochila deve estar bem adaptada nos ombros e à região lombar e o seu tamanho tem de corresponder à idade da criança.

2. Adotar uma postura adequada na sala de aula e enquanto estuda

É na escola que crianças e jovens passam a maior parte do dia. Quando sentados, a postura deve ser: pés a tocar no chão, joelhos em ângulo de 90º e costas bem apoiadas contra o encosto da cadeira. Quando ao computador, é importante que os ecrãs estejam ao nível dos olhos. À medida que a criança cresce é necessário adequar a altura da cadeira. Os pais devem estar alerta também à postura que adotam a jogar videojogos.

3. Praticar exercício físico de forma regular

Combater o sedentarismo é essencial para a saúde da coluna, principalmente na infância. As recomendações internacionais apontam para a prática de 60 minutos diários de atividade física moderada e para a prática de atividade física intensa três vezes por semana, no caso das crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos.

4. Controlar o peso

Existe uma ligação entre obesidade e lombalgia, daí que seja necessário controlar o peso. A obesidade e o excesso de peso limitam a qualidade de vida e são fatores de risco para problemas de coluna e outros problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares ou problemas de natureza emocional.

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