Em Portugal, o cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequente no homem (superior ao cancro da pele e ao cancro do pulmão), registando-se aproximadamente quatro mil casos novos por ano, segundo dados divulgados pela rede de hospitais privados CUF.
Estima-se ainda que um em cada seis homens terá diagnóstico de cancro da próstata ao longo da sua vida, mas só um em cada 35 virá a falecer devido a esta doença.
A sobrevivência estimada ao fim de cinco anos após o diagnóstico é aproximadamente 100%, aos 10 anos cerca de 93% e aos 15 anos de 76%.
Apesar da alta incidência e da elevada mortalidade associada, a deteção precoce aumenta as chances de cura e controle da doença em até 90%. Daí a importância da realização de exames regulares para todos os homens a partir dos 50 anos, já que a doença é na maioria das vezes assintomática e silenciosa no estágio inicial, de acordo com informações da American Cancer Society.
Como ocorre noutros tipos de tumor, os mecanismos que determinam a multiplicação desordenada das células da próstata não são completamente conhecidos, embora se saiba que há o envolvimento genético e se questione a participação das hormonas masculinas no crescimento do tumor. De qualquer forma, o avanço da idade está comprovadamente associado ao aumento da probabilidade de desenvolver cancro da próstata, assim como o histórico familiar, um dos principais fatores.
Nesse sentido, quem tem parentes diretos que afetados pela doença, como pai, irmãos ou avós, apresenta um risco de adquiri-la entre três a dez vezes maior do que o restante da população masculina.
Principais sintomas que merecem uma consulta médica
No estágio inicial, o cancro da próstata tende a progredir lentamente e quase sempre sem sintomas e silencioso – o que como salienta e reforça a American Cancer Society, aumenta a importância do rastreamento periódico para permitir o diagnóstico precoce.
Os sinais clínicos, em geral, que podem ser confundidos com o crescimento normal e benigno da próstata, surgem numa fase mais avançada da doença quando o crescimento do tumor pode provocar complicações locais e também fora da próstata, e incluem:
- Dificuldade em iniciar a passagem da urina;
- Dificuldade em interromper o ato de urinar;
- Urinar em gotas ou jatos sucessivos;
- Necessidade de fazer força para manter o jato de urina;
- Necessidade premente de urinar de imediato;
- Sensação de dor na parte baixa das costas ou na pélvis (abaixo dos testículos);
- Sangue na urina ou no esperma;
- Dor durante a passagem da urina;
- Dor quando ejacula;
- Dor nos testículos;
- Dor lombar, na bacia ou nos joelhos;
- Sangramento pela uretra.
O papel da genética
Estima-se que entre 5% a 10% dos casos dos tumores na próstata sejam de origem hereditária. Já existe um teste denominado Painel Cancro de Próstata Hereditário que sequencia os genes relacionados ao risco de desenvolvimento da doença.
A partir do conhecimento do perfil genético do indivíduo é possível ter um plano de acompanhamento personalizado onde o pilar de abordagem segue em conjunto com a monitorização regular.
Tratamento
Com base no estadiamento do cancro da próstata, é possível determinar o tratamento mais adequado:
Estadio I e II – neste estadio as opções de tratamento podem incluir a cirurgia ou radioterapia, ou apenas um follow-up apertado;
Estadio III – neste estadio as opções de tratamento podem incluir a cirurgia ou radioterapia e eventualmente a terapêutica sistémica hormonal ( hormonoterapia) que consiste na administração de antiandrogénios;
Estadio IV – neste estadio as opções de tratamento podem incluir a terapêutica sistémica hormonal (hormonoterapia), sempre que haja evidência de doença não abordável por cirurgia ou radioterapia, e ainda a quimioterapia.
A equipa clínica multidisciplinar, constituída entre outros especialistas pelo oncologista médico, radioterapeuta e cirurgião, avaliará o seu caso em particular, e determinará o melhor tratamento a seguir.
No caso do cancro da próstata, o tratamento cirúrgico habitual é a prostatectomia radical, que consiste na remoção cirúrgica da próstata e inclui ainda linfadenectomia, ou seja, a remoção dos gânglios linfáticos locais.