Alerta! As raízes da obesidade são profundas e é urgente cortá-las
Os números confirmam a preocupação dos especialistas: segundo um estudo do Instituto Ricardo Jorge divulgado no início deste mês, mais de metade (62%) dos portugueses são obesos ou pré-obesos. E segundo a SPEO estes números tendem a aumentar de ano para a ano.
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Lifestyle Dia Mundial da Obesidade
O Dia Mundial da Obesidade passa a partir de 2020 a comemorar-se no dia 4 de março e tem este ano como mote 'As Raízes da Obesidade são Profundas'. A Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO) subscreve o alerta e reforça: “em Portugal as raízes da obesidade tendem a aprofundar-se e é urgente cortá-las”.
Os números confirmam a preocupação dos especialistas: segundo um estudo do Instituto Ricardo Jorge divulgado no início deste mês, mais de metade (62%) dos portugueses são obesos ou pré-obesos. E segundo a SPEO estes números tendem a aumentar de ano para a ano.
“Sabemos que o Ministério da Saúde fez um esforço para aumentar o número das consultas e cirurgias de obesidade. Apesar de meritório, não é suficiente”, explica Paula Freitas, presidente da SPEO. “É urgente prevenir e estabelecer uma estratégia de combate à obesidade que dê frutos até ao final desta década que agora iniciamos”.
Paula Freitas deixa exemplos concretos: “ainda há muito espaço para se melhorar no acompanhamento destes doentes. É preciso um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, apostar na promoção de uma melhor educação para a saúde e promoção correta da perda de peso. Existe também a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamento existentes no nosso país. Há que dotar os profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários de conhecimentos sobre o tratamento global da obesidade, mas também de meios físicos e económicos”.
“Nos cuidados hospitalares é preciso aumentar o número de consultas para doentes com obesidade sem critérios para cirurgia de obesidade. E para que estas consultas tenham maior sucesso é necessário comparticipar os fármacos para o tratamento médico da obesidade, já que atualmente existe uma muito baixa acessibilidade, nomeadamente nas populações economicamente mais desfavorecidas, que são aquelas que têm uma maior prevalência de obesidade”, reforça a especialista
A SPEO defende ainda a necessidade de a obesidade passar a ser tratada como a doença que é. Paula Freitas, questiona: “se as outras doenças metabólicas, cardiovasculares e até neoplásicas associadas à obesidade são tratadas no sistema nacional de saúde, sendo os fármacos para o seu tratamento comparticipados, porque é que o os fármacos para a obesidade não o são? É incompreensível. Estamos a negar o tratamento de uma doença numa fase precoce, mas, posteriormente comparticipa-se o tratamento das múltiplas doenças associadas? Até do ponto de vista meramente económico consideramos que faz sentido apostar no tratamento numa fase inicial quando as complicações ainda não se instalaram”.
“Dado que, em Portugal a prevalência de obesidade na população adulta tem vindo a aumentar e uma vez que o nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a obesidade como uma doença, a SPEO gostaria de ver a obesidade a ser tratada como a patologia grave que é”, reforça a presidente da SPEO.
Entre 2020 e 2050 o excesso de peso e as doenças associadas vão reduzir a esperança de vida em cerca de 3 anos na média dos países da OCDE e da União Europeia a 28. Em Portugal, a estimativa aponta para uma redução de 2,2 anos nesse período, segundo o relatório The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention, que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente.
A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que represente também um grande “fardo” do ponto de vista económico, pelos seus custos diretos e indiretos.
Esta doença complexa e multifatorial é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingido proporções epidémicas.
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