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Bebés com doença cardíaca tratados com células do cordão umbilical

Foi realizado um ensaio clínico pioneiro nos EUA, que concluiu que a aplicação de células estaminais do sangue do cordão umbilical no coração de bebés com síndrome da hipoplasia do coração esquerdo é segura. Os investigadores estão agora a planear outro ensaio clínico para avaliar a eficácia desta metodologia num conjunto mais alargado de doentes.

Bebés com doença cardíaca tratados com células do cordão umbilical

Neste estudo, dez bebés receberam um tratamento experimental com células estaminais do seu próprio sangue do cordão umbilical, armazenadas à nascença. Durante a segunda cirurgia corretiva, por volta dos quatro meses de idade, as células de cada bebé foram injetadas no lado direito do coração, com o intuito de torná-lo mais forte e, assim, conseguir suportar a sobrecarga a que está sujeito.

O resultado esperado é o fortalecimento do ventrículo direito, o que, de acordo com estudos prévios em modelo animal, poderá resultar da libertação de moléculas, por parte das células administradas, capazes de promover a proliferação de células do coração e a formação de novos vasos sanguíneos. A hipótese que se coloca é a de que as células do sangue do cordão umbilical consigam estimular o processo de reparação “natural” do coração e, simultaneamente, prevenir a inflamação e a fibrose.

Os resultados dos ecocardiogramas mantiveram-se estáveis durante seis meses após o tratamento experimental, o que sugere que este não comprometeu a função cardíaca e não foram registados eventos adversos significativos relacionados com o tratamento.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “os resultados do estudo, embora preliminares, indicam que este método de tratamento é seguro, o que significa que poderemos vir a assistir à implementação de estratégias de medicina regenerativa, como complemento às abordagens atuais, no sentido de prolongar o bem-estar e qualidade de vida dos doentes com síndrome da hipoplasia do coração esquerdo”.

A síndrome de hipoplasia do coração esquerdo é uma doença cardíaca congénita rara, em que o lado esquerdo do coração se encontra gravemente subdesenvolvido. É possível detetar esta malformação por ecografia durante a gravidez, estando previstas três cirurgias corretivas nos primeiros anos de vida. Apesar destas intervenções permitirem restaurar a capacidade do coração para receber sangue dos pulmões e bombeá-lo para o resto do organismo, o ventrículo direito fica extremamente sobrecarregado, levando a insuficiência cardíaca. Por este motivo, tem-se procurado desenvolver estratégias para fortalecer o lado direito do coração utilizando células estaminais, de forma a prolongar o seu bom funcionamento.

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