A nova pesquisa acerca das possíveis consequências danosas desses fármacos, surge após ter sido divulgado um estudo no ínicio do mês de junho que apontava que a toma do analgésico ibuprofeno podia aumentar em até 80% a taxa de sobrevivência de pacientes gravemente doentes com o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, e reduzir a necessidade de internamento nos cuidados intensivos.
Na altura, o trabalho científico havia sido realizado por uma equipa de cientistas da Universidade King's College, em Londres, no Reino Unido, e contrariava a tese proposta por Oliver Veran, médico e ministro da saúde francês. Este havia anteriormente sugerido que o ibuprofeno poderia de facto agravar as infeções. E tal levou várias entidades de saúde em todo o mundo, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a aconselhar, ao invés, a toma de paracetamol.
E eis que agora, conforme reporta um artigo publicado no jornal britânico The Sun, uma equipa de investigadores da Coreia do Sul afirma que estes medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) podem sim aumentar o risco de morte em 65% em indivíduos infetados com o coronavírus SARS-CoV-2.
Os especialistas coreanos apuraram ainda que utilizar estes fármacos pode aumentar em 85% o risco de incidência de ataques cardíacos e de doença renal.
Cientistas da Universidade Sungkyunkwan em Seoul, afirmaram que as drogas "devem ser usadas com precaução" em doentes com Covid-19.
Resultados preliminares
Este estudo mais recente foi publicado no MedRvix - um arquivo online - e não numa revista científica, sendo que ainda terá de ser revisto por um grupo dos seus pares.
Para efeitos daquela pesquisa, os cientistas analisaram 1,824 pacientes com Covid-19 internados em hospitais e apuraram que aqueles a quem haviam sido prescritos AINEs nos setes dias prévios antes do ínicio do estudo apresentavam uma maior probabilidade de morrerem vítimas da doença.
Isto porque, os cientistas consideram que os ditos fármacos podem estar a potenciar o ataque de mais vírus através de um recetor conhecido como enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2).
A equipa de cientistas, liderada pelo aluno de doutoramento Han Eol Jeong, disse: "a regulação da ACE2 induzida pelos AINEs pode teoreticamente aumentar a infecciosidade do SARS-CoV-2, piorando assim o estado dos doentes e resultando nos casos mais graves na falência de vários órgãos".
Os especialistas coreanos apontam ainda que é possível que essa família de drogas farmacológicas enfraqueça o sistema imunitário.
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