Uma equipa de matemáticos da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, e da Universidade de Estocolmo, na Suécia, concluíram que 43% da população tem de ser infectada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 para finalmente alcançarmos a tão desejada imunidade de grupo, avança a revista Galileu.
O estudo, publicado na revista Science, recorre ao uso de um modelo que classifica as pessoas tendo em conta a faixa etária e o índice de atividade social.
A imunidade de grupo acontece quando um determinado número de indivíduos se torna imune a uma infeção viral, conseguindo assim diminuir a sua transmissão e no fim neutralizar o vírus.
Esse processo ocorre quando a maioria da população já foi imunizada ou teve a doença - por exemplo, o fim da epidemia do SARS e do MERS foi conquistado através da imunidade geral da população.
Como aponta a Galileu, estudos prévios determinaram que a imunidade de grupo para o SARS-CoV-2 necessitaria de que 60% das pessoas em todo o mundo fossem infectadas.
Contudo, a nova pesquisa salienta que essa taxa não pode ser aplicada no contexto da pandemia da Covid-19, isto porque ainda não foi descoberta uma vacina.
"Ao adotar essa nova abordagem matemática para estimar o nível de imunidade de grupo a ser atingido, descobrimos que ela pode ser reduzida para 43% e que essa redução se deve principalmente ao nível de atividade e não à estrutura etária [da população]", contou num comunicado Frank Ball, co-autor da pesquisa e investigador da Universidade de Nottingham.
Por outras palavras, para Ball, quanto mais ativo socialmente um indivíduo é, maior é a possibilidade de ser infetado e de infetar outros. Dessa forma, o nível da imunidade de grupo é mais diminuta quando a propagação da patologia ocorre naturalmente, e não através da imunização.