Afinal, ao contrário do que se pensava, os casos mais graves de Covid-19 podem não resultar numa reação mais forte do sistema imunitário. Estes são os resultados de um estudo alemão, publicado na revista Cell.
Para chegar a esta conclusão, foram recolhidas amostras de sangue de 53 homens e mulheres com Covid-19. No grupo controlo, foram consideradas amostras de pacientes com outras infeções virais do trato respiratório e de indivíduos saudáveis. Através da análise da atividade dos genes e da quantidade de proteínas ao nível celular, foi possível caracterizar os glóbulos brancos que circulam no sangue e têm papel importante no sistema imunitário.
De acordo com a Galileu, o estudo focou-se nas células mieloides, que incluem neutrófilos e monócitos, e, além de defendem o organismo contra infeções, influenciam na formação de anticorpos e outras células que favorecem a imunidade. "Descobrimos que essas células imunitárias estão ativadas, ou seja, prontas para defender o paciente contra a Covid-19 no caso de estados ligeiros da doença e também estão programadas para ativar o resto do sistema imunitário. Em última análise, isso leva a uma resposta imune eficaz contra o vírus", diz um dos investigadores do estudo, Antoine-Emmanuel Saliba.
Porém, o mesmo não acontece em casos graves de Covid-19. Nestes casos, segundo o estudo, os neutrófilos e monócitos são apenas parcialmente ativados e não funcionam adequadamente. O coautor da pesquisa, Leif Erik Sander, comenta, citado pelo site brasileiro: "encontramos células consideravelmente imaturas que têm um efeito inibidor na resposta imune".
Ainda não se sabe ao certo porque é que isto acontece, mas o fenómeno pode ser observado noutras infeções graves. No caso da Covid-19, o mecanismo pode levar a uma resposta imune insuficiente, levando ao agravamento da inflamação no tecido pulmonar.