A meningite é o termo que designa a inflamação das meninges, que são uma espécie de capa que recobre o nosso cérebro e medula espinal. Para dentro das meninges, existe um líquido estéril, que serve como uma almofada de água para proteger essas estruturas tão importantes. E são as meninges que servem de filtro e garantem, entre outras funções, que nenhum microorganismo consegue atingir esse líquido. No entanto, há situações em que isso não se consegue, seja porque o microorganismo em causa é demasiado agressivo, seja porque as defesas do organismo podem estar menos competentes em determinado momento. Nesses casos, pode surgir uma infeção, que se designa por meningite.
Existem diferentes tipos de meningites, mas as principais são as víricas e as bacterianas. As primeiras são muito menos preocupantes, porque a probabilidade de causarem complicações é extremamente baixa. Não precisam de nenhum tratamento específico, uma vez que o organismo consegue resolver a infeção sozinho. É necessário apenas controlar os sintomas e aguardar, na maioria dos casos.
As meningites bacterianas são muito diferentes. A maior parte é provocada por uma bactéria chamada meningococo, particularmente pelo tipo B. Tem uma mortalidade significativa (7%) e uma probabilidade de provocar sequelas bem maior (20%). Os sintomas são muito pouco específicos nas primeiras horas, sendo fácil a confusão com uma gripe ou outra infeção mais comum e incluem febre, vómitos, irritabilidade ou prostração. Podem ainda surgir convulsões e manchas na pele, que não desparecem quando se carrega nelas. O aspeto mais importante é, no entanto, a velocidade com que o quadro evolui. Rapidamente a criança começa a apresentar um agravamento do seu estado geral e uma deterioração progressiva do seu bem-estar. Todos esses são sinais de alarme, que indicam a necessidade de uma observação médica urgente. O tratamento inclui sempre internamento com administração endovenosa de antibióticos, uma vez que se trata de uma situação que mata em praticamente 100% dos casos se não for tratada. Quanto mais precocemente for iniciado o antibiótico, melhor o prognóstico. A maior parte das vezes é possível a cura, embora 1 em cada 5 sobreviventes possa apresentar sequelas. Elas podem ser diversas, incluindo atraso do desenvolvimento, défice cognitivo, epilepsia, défices motores ou amputações, por exemplo.
Uma vez que se trata de uma doença potencialmente muito grave, é importante reforçar a ideia de que a prevenção é sempre a melhor opção. E a única forma de o fazer é através da vacinação! O meningococo pode habitar, transitoriamente, o nariz de pessoas saudáveis (particularmente adolescentes e adultos jovens), sem provocar doença. A partir daí, pode ser transmitido por esses portadores a pessoas que pertençam aos chamados grupos de risco, aumentando a probabilidade de surgir uma meningite. O principal grupo de risco para a meningite meningocócica são as crianças com menos de 2 anos, particularmente no primeiro ano de vida, nos primeiros meses. No entanto, não existe nenhuma idade em que o risco de desenvolver esta doença seja zero, pelo que devemos, sempre que possível, apostar na prevenção de todas as faixas etárias.
Em jeito de conclusão, gostaria apenas de realçar que a meningite não é uma única doença, uma vez que podemos ter variados tipos de meningite, consoante o microorganismo que a provoca. O risco não é igual para todas, mas não deixa de ser uma doença potencialmente devastadora, pelo que, perante uma suspeita de meningite, todas as crianças devem ser observadas por um médico com urgência.