Um em cada três profissionais de saúde na linha de frente contra a Covid-19 apresentam níveis severos de 'burnout', revela um estudo da Universidade Portucalense, desenvolvido pelo REMIT (Research on Economics, Management and Information Technologies). A exaustão é provocada pelos altos níveis de contágio, e consequente ruptura do setor de saúde.
O estudo inquiriu 196 profissionais de saúde, entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, pico da pandemia do novo coronavírus em Portugal. Dos investigados, 77% são mulheres, 73,3% tem menos de 40 anos, e 53,1% tem filhos. Em termos de profissão, 73% são enfermeiros, 24,5% são médicos, sendo que 55,6% exercem a sua profissão há mais de 11 anos e nos últimos seis meses trabalharam em média 47,6 horas, em que o número máximo registado foi de 140 horas semanais.
O estudo intitulado 'Resiliência e Burnout em Organizações de Saúde' foi liderado pelos investigadores Sofia Gomes e Pedro Ferreira, e expõe três componentes do 'burnout' evidentes nos profissionais de saúde inquiridos:
1) 58,2% apresentam elevada exaustão emocional (esgotamento emocional traduzido por um grande cansaço no trabalho, acompanhado de uma sensação de vazio e pela dificuldade em lidar com as emoções dos outros);
2) 54,6% apresentam uma elevada perda de realização pessoal (sentimento de insucesso profissional);
3) 33,7% dos inquiridos apresentam um elevado nível de despersonalização (atitude mais distanciada na prestação de cuidados);
Segundo o explicado num comunicado enviado às redações, "a análise conclusiva dos investigadores é de que níveis altos de burnout conduzem habitualmente a menor envolvimento com o trabalho e índices inferiores de produtividade e performance, e identificam a resiliência como factor determinante no combate à esta síndrome".
“Quanto maior o nível de recuperação das adversidades e adaptação a situações de tensão e stress, maiores os níveis de realização pessoal, e consequentemente, menores os níveis de exaustão e de despersonalização”, informam os investigadores no relatório.
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