"A superpopulação e a densidade da Índia tornam-na a incubadora perfeita para esse vírus registar mutações", afirmou à BBC News Ravi Gupta, professor de microbiologia clínica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Desde 15 de abril, que a Índia tem reportado aproximadamente 200 mil casos graves por dia, valor exponencialmente superior em comparação ao pico de 93 mil casos diários registados em 2020. Sendo que a taxa de mortalidade também aumentou.
Todavia, os cientistas argumentam que a nova onda de casos naquele país pode dever-se a grandes concentrações de pessoas e à falta de medidas preventivas, nomeadamente o uso de máscaras, carência de higiene adequada ou a prática de distanciamento social.
De acordo com Jeffrey Barrett, do Wellcome Sanger Institute, no Reino Unido, é possível que haja uma relação de causa e efeito com a nova variante B.1.617, porém ainda não existem evidências suficientemente sólidas.
O especialista nota que a variante é conhecida desde o final do ano passado, e como tal infere: "se está por trás da onda na Índia, demorou vários meses para chegar a este ponto, sugerindo que é provavelmente menos transmissível do que a variante de Kent B117".
As vacinas são eficazes no combate contra a mutação indiana?
Conforme reporta a BBC News, os cientistas creem que as vacinas existentes ajudarão a controlar a nova variante e retardarão a sua disseminação.
Ainda que, destaca um artigo publicado na revista científica Nature por Ravi Gupta, algumas variantes escaparão sem dúvida ao efeito aniquilador das vacinas atuais.
Ou seja, alterações nas vacinas serão necessárias de modo a torná-las mais eficazes.
"Para a maioria das pessoas, essas vacinas podem significar a diferença entre ficar assintomático ou levemente doente e acabar no hospital sob risco de morte", referiu à BBC Jeremy Kamil, virologista da Louisiana State University, nos Estados Unidos.
"Por favor, tome a primeira vacina que lhe oferecerem. Não cometa o erro de duvidar e esperar por uma vacina ideal", salienta.
É mais infeciosa ou perigosa?
Neste momento, os cientistas ainda não sabem se a estirpe B.1.617 é de facto mais destrutiva. Kamil explica que uma das suas mutações apresenta semelhanças a outras variantes, tais como a detetada na Áfica do Sul ou no Brasil.
Os investigadores consideram que essas duas mutações podem auxiliar o vírus a fugir dos anticorpos presentes no sistema imunológico que combatem ativamente o coronavírus, que podem advir da ocorrência de uma infeção prévia ou da toma de uma vacina.
Atualmente, para os cientistas de todas as variantes descobertas, a mais alarmante é aquela identificada no Reino Unido, que já se propagou pelo menos para 50 outros países.
"Duvido que a variante indiana seja mais infeciosa do que a variante do Reino Unido. Não devemos entrar em pânico", conclui Kamil.