Investigadores da Universidade de Illinois e da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, detetaram um biomarcador presente nas plaquetas humanas que pode ser utilizado para identificar a depressão em exames sanguíneos. A descoberta, potencialmente revolucionária, foi divulgada na revista científica Molecular Psychiatry e citada pela revista Galileu.
Segundo o novo estudo, o biomarcador pode auxiliar a discernir a eficácia de medicamentos psiquiátricos no tratamento de doentes com o transtorno mental.
Os investigadores analisaram pesquisas prévias feitas em animais e em seres humanos, que revelaram que, quando estamos clinicamente deprimidos, ocorre a redução da adenilil ciclase - uma molécula produzida por neurotransmissores como a serotonina e a adrenalina, responsáveis por regularem o humor.
Ora, nos quadros de depressão, a produção dessa molécula desce pois a proteína Gs alfa, que permite os neurotransmissores fabricarem a adenilil ciclase, é retida por uma matriz abundante em colesterol na membrana celular. Ou seja, como se 'navegasse em barcos' num 'rio' de gordura.
De acordo com a revista Galileu, o estudo identifica nas plaquetas humanas o biomarcador para essa jornada de translocação da Gs alfa nos 'barcos'. Sendo que os académicos esperam usar exames de sangue para mostrar se a proteína está ou não nas Gs alfa. De forma, a que os exames possam indicar se os antidepressivos estão realmente a funcionar aproximadamente uma semana após o começo do tratamento.
Pesquisas anteriores mostraram que os doentes que apresentaram uma melhoria na depressão tinham a Gs alfa fora dos 'barcos de lípidos'. No entanto, aqueles que estavam a ser tratados com antidepressivos, mas que continuavam com sintomas, a proteína ainda ficava presa nesse trajeto.
"Como as plaquetas acabam numa semana, veria uma mudança nas pessoas que iriam melhorar", disse Mark Rasenick, líder do estudo, num comunicado.
"Seríamos capazes de ver o biomarcador que deveria pressagiar um tratamento bem-sucedido", acrescentou.
Atualmente, são necessárias várias semanas, às vezes meses, para saber se antidepressivos estão a funcionar devidamente. Simultaneamente, cerca de 30% das pessoas não melhoram, sublinha Rasenick, o que faz com que muitas vezes se presuma erroneamente que nada irá funcionar e com que o paciente perca a esperança de melhorar.
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