A prevenção da doença cardíaca é essencial e cabe a cada um de nós cuidar do seu coração, através da adoção de um estilo de vida saudável.
No entanto, existem doenças cardíacas que surgem mesmo havendo uma forte aposta na prevenção, como o caso das doenças congénitas ou genéticas. Por outro lado, o aumento da esperança média de vida traduz-se num inevitável envelhecimento do coração que pode condicionar sintomas e eventualmente levar à necessidade de tomar medicação ou de intervenção.
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O ecocardiograma é um dos meios auxiliares de diagnóstico mais utilizados no âmbito da Cardiologia e tem um importante papel na deteção precoce da doença cardíaca. Através da utilização de ultrassons, permite gerar imagens do coração em tempo real. É uma técnica que tem sofrido uma evolução muito significativa nas últimas décadas, tornando-a extremamente informativa e de fácil utilização.
O que avalia o ecocardiograma?
O ecocardiograma permite visualizar o coração enquanto está a bater e avaliar as suas diversas componentes: a função do músculo cardíaco (miocárdio), o funcionamento das válvulas cardíacas, os fluxos de sangue nos vasos que levam e trazem o sangue para o coração (veias e artérias), a membrana que envolve o coração (pericárdio). Através de técnicas específicas (estudo Doppler, avaliação de deformação miocárdica, etc), é possível avaliar e caracterizar com pormenor as alterações da morfologia e função do coração, despistando assim a presença de doença. Algumas técnicas mais recentes permitem inclusivamente obter imagens tridimensionais do coração, aproximando ainda mais as imagens obtidas da realidade anatómica.
Dra. Carla de Sousa© DR
Quando se deve realizar?
Este exame poderá ser realizado sempre que se pretenda estudar a estrutura e função cardíacas. São exemplos disso a presença de sintomas cardíacos (dor torácica, falta de ar, palpitações, desmaios), circunstâncias em que há risco de doença cardíaca (presença de fatores de risco cardiovascular como hipertensão e diabetes mellitus, historial familiar de doença cardíaca) ou quando há suspeita de doença cardíaca (alterações no exame clínico, por exemplo presença de um sopro, ou alterações nos resultados de outros exames cardíacos).
É também o exame de eleição para fazer o seguimento de doentes com patologia cardíaca, avaliando a sua resposta às medidas terapêuticas ou a progressão da doença para identificar o momento correto para referenciar para intervenção.
Em que consiste o exame?
Do ponto de vista operacional, o ecocardiograma é um exame inócuo e indolor, que não implica qualquer risco para a pessoa. Pode, por isso, ser repetido as vezes que forem necessárias ao longo da vida.
O doente fica deitado para o lado esquerdo, com o membro superior esquerdo elevado (servindo de apoio à cabeça), sendo posteriormente aplicado um gel na região do tórax para a realização do exame. Durante cerca de 15 a 30 minutos, um médico ou um técnico de cardiopneumologia com diferenciação em ecocardiografia, recolhe as imagens que permitem avaliar a estrutura cardíaca de várias perspetivas.
Durante o curso do exame, geralmente há lugar a uma entrevista clínica, com o objetivo de recolher informação relevante para o exame em questão.
Posteriormente, as imagens são analisadas e os achados integrados no contexto clínico individual, sendo efetuado um relatório detalhado com a informação obtida.
A deteção precoce é fundamental!
Este exame tem um importante papel na identificação precoce de muitas doenças cardíacas permitindo, ainda, selecionar o tratamento mais adequado. Está igualmente indicado para o diagnóstico de cardiopatias congénitas mesmo antes do nascimento do bebé.
Em caso de dúvidas ou perante qualquer sinal ou sintoma suspeito procure o seu médico, que o irá orientar da melhor forma tendo em conta o seu caso específico. Nunca é demais alertar para a necessidade da deteção precoce da doença cardíaca.
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