Um grupo de cientistas da Escola Superior de Medicina Tropical de Liverpool, no Reino Unido, afirma que os indivíduos com sintomas graves de Monkeypox, uma doença viral rara semelhante à varíola, podem continuar infetados durante um período que pode chegar às 10 semanas.
Esta investigação, publicada na revista científica The Lancet Infectious Diseases, teve por base a análise de sete casos registados no Reino Unido entre 2018 e 2021. Entre estes doentes, os cientistas encontraram um indivíduos que testou positivo para a doença mais de 70 dias depois de apresentar os primeiros sintomas. O homem, com cerca de 40 anos, terá sido infectado na Nigéria e posteriormente hospitalizado no Reino Unido durante 39 dias.
No entanto, seis semanas após a alta médicas, as lesões ulcerativas voltaram a manifestar-se quando o homem teve relações sexuais. Os investigadores relatam que o individuo também apresenta os gânglios linfáticos inchados. Perante as suspeitas, foi feito um novo teste que comprovou que o homem continuava infetado. Porém, os autores do estudo indicam que o normal é que o vírus desapareça em quatro semanas.
Recorde-se que o vírus Monkeypox foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
O primeiro caso humano de infeção com o vírus Monkeypox foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.
Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a Monkeypox.
Sinais de alerta
Os indivíduos que apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, devem procurar aconselhamento clínico. A doença pode evoluir para broncopneumonia, sépsis ou encefalite, ou à infeção da córnea que pode conduzir à perda de visão. Com menos frequência, pode até levar à morte.
A Organização Mundial de Saúde refere que o período de incubação do vírus é geralmente de seis a 13 dias. Porém, os sintomas podem manifestar-se até 21 dias depois da infeção pelo vírus.
Se notar sintomas suspeitos, deve abster-se de contatos físicos diretos, recomenda a Direção-Geral da Saúde (DGS). Isto porque, a doença é transmissível através de contacto com animais, como macacos e roedores (incluindo aqueles que são mantidos como animais de estimação) e que podem ser portadores de Monkeypox. É também transmitida através de contacto próximo com pessoas infetadas ou com materiais contaminados, como roupa. Contudo, "habitualmente, não se dissemina facilmente entre os seres humanos", ressalva a DGS.
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