Meteorologia

  • 04 NOVEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 16º MÁX 20º

Peste negra criou pressão seletiva e modificou sistema imunitário humano

Investigadores explicam como é que a peste negra modificou o genoma e o sistema imunitário da população atual.

Peste negra criou pressão seletiva e modificou sistema imunitário humano
Notícias ao Minuto

19:06 - 19/10/22 por Lusa

Lifestyle Peste Negra

A peste negra, considerado o acontecimento mais devastador da história, não só acabou com metade da população europeia em menos de cinco anos, como modificou o genoma e o sistema imunitário da população atual, publica hoje a revista Nature.

Segundo o estudo científico, os mesmos genes que um dia protegeram as pessoas contra a peste negra estão hoje associados a uma maior suscetibilidade a patologias autoimunes, como a doença de Crohn e a artrite reumatoide.

A peste negra é considerada a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351.

Leia Também: Dentes de pessoas enterradas há 700 anos revelam origem da peste negra

Os especialistas acreditam que a bactéria 'Yersinia pestis', que resulta em várias formas de peste (septicémica, pneumónica e, a mais comum, bubónica), tenha sido a causa da doença.

Peste negra foi o primeiro grande surto europeu de peste e a segunda pandemia da doença, criando uma série de convulsões religiosas, sociais e económicas, com efeitos profundos no curso da história da Europa.

Os autores do estudo, realizado pelas universidades de Chicago (Estados Unidos), de McMaster (Canadá) e pelo Instituto Pasteur (França) estudaram o impacto da peste bubónica que há quase 700 anos acabou com 30 a 60% da população da Europa, Ásia e norte de África.

Desde aquele tempo tem-se especulado que aquela pandemia poderá ter exercido uma pressão seletiva sobre os humanos, mas isso é considerado pelos especialistas difícil de demonstrar estudando as populações modernas, porque os humanos têm sido confrontados com muitas pressões seletivas.

Para este estudo, a equipa de investigadores sequenciou amostras de ADN de ossos antigos de mais de 200 indivíduos de Londres e da Dinamarca que morreram antes, durante e após a passagem da peste negra, no final da década de 1340.

De 300 genes relacionados com a imunidade, os cientistas selecionaram quatro, que, dependendo da variante, protegeram ou aumentaram a suscetibilidade da Y. pestis.

A equipa concentrou-se num gene com uma associação particularmente forte com a suscetibilidade: o ERAP2, que ajuda o sistema imunológico a reconhecer a presença de uma infeção.

Indivíduos que possuíam duas cópias de uma variante genética específica, designada rs2549794, foram capazes de produzir cópias completas do transcrito ERAP2 e produziram mais proteína funcional, refere o estudo.

Segundo o artigo da Nature, no laboratório, a equipa mostrou que a variante rs2549794 afetava a capacidade das células humanas vivas de ajudar a combater a peste e que os macrófagos que expressavam duas cópias da variante eram mais eficientes em neutralizar Y. pestis do que os macrófagos.

"Esses resultados apoiam a antiga evidência de ADN de que o rs2549794 é protetor contra a praga", de acordo com Javier Pizarro-Cerda, do Instituto Pasteur.

Porém, com o decorrer do tempo, o sistema imunológico evoluiu para responder a patógenos e o que antes era um gene protetor contra a peste está agora associado a uma maior suscetibilidade a doenças autoimunes. É o ato de equilíbrio com o qual a evolução brinca com o genoma humano atual, apontam os autores.

Este estudo é uma primeira abordagem de como as pandemias podem modificar os genomas e passar despercebidas nas populações modernas.

Leia Também: OMS mantém a Covid-19 como emergência de saúde pública global

Recomendados para si

;

Receba dicas para uma vida melhor!

Moda e Beleza, Férias, Viagens, Hotéis e Restaurantes, Emprego, Espiritualidade, Relações e Sexo, Saúde e Perda de Peso

Obrigado por ter ativado as notificações de Lifestyle ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório