Cirrose hepática: O que é, sintomas, causas e a relação com o álcool

Para a mais recente edição da rubrica Médico Explica, falámos com José Presa, médico e presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado, sobre a cirrose hepática, uma doença que afeta o fígado e é, muitas vezes, causada pelo consumo excessivo de álcool.

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Margarida Ribeiro
27/12/2022 09:05 ‧ 27/12/2022 por Margarida Ribeiro

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Médico Explica

A época festiva é caracterizada pelos excessos, não só no que diz respeito ao que se adiciona ao prato, mas também ao que se coloca no copo. A falta de cuidado, nestas e outras alturas, pode ter consequências na saúde e algumas, como a cirrose hepática, estão diretamente relacionadas com o fígado e com o consumo de álcool em excesso.

Por isso, o Lifestyle ao Minuto, falou com José Presa, médico e presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), para esclarecer todas as dúvidas que existem sobre esta doença que afeta muitos portugueses, "embora não haja números concretos".

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De acordo com o médico, a cirrose hepática "trata-se de um distúrbio terminal de várias doenças que atingem o fígado, que primeiro provocam inflamação e depois fibrose (cicatrizes)". 

É a fase final da doença hepática crónica, termo que se refere a qualquer forma de doença hepática avançada, em que o fígado foi exposto, de forma persistente, a uma ou várias formas de agressão.

Já quando se fala de consequências, a maior é a a hipertensão portal, que resulta nos "sinais e sintomas desta entidade clínica como ascite (líquido na barriga), varizes esofágicas (causa de hemorragia digestiva) e a encefalopatia hepática, que cursa com síndrome confusional ou sonolência". Além disto, segundo o médico, também aumenta o risco de cancro do fígado.

Infelizmente, é, "no geral, assintomática, até fases muito avançadas da doença", acrescenta. Isto significa que é importante estar atento e ir ao médico assim que algo se manifestar. 

O diagnóstico, normalmente, é clínico, fazendo-se através de análises e exames de imagens. Por vezes, é necessário recorrer a exames endoscópicos, explica o médico. 

Notícias ao Minuto Dr. José Presa© Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado  

É uma doença com diferentes causas, sendo que o consumo de álcool, em excesso, é a mais conhecida. Aliás, em "Portugal é a causa mais frequente de doença hepática, pois o consumo médio de álcool, per capita, foi de 12,1l." 

O médico destaca ainda o último relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, feito em 2020, e o qual relata que "houve aproximadamente 37.000 internamentos relacionados com o álcool".

O álcool é um fator de risco porque "no seu metabolismo vai gerar subprodutos, que são lesivos diretamente para as células hepáticas, gerando também inflamação e fibrose", acrescenta. 

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Existem, no entanto, outras causas virais, nomeadamente, o vírus da hepatite C que, no passado, "provocava muitos casos de cirrose e carcinoma hepatocelular", mas agora "com o tratamento disponível a partir de 2014, conseguimos um rápido declínio destes casos". Algo que comprova a importância de ser testado e tratado se for positivo.

Também a hepatite B é uma causa que "só é evitável pela vacinação e que faz parte do nosso programa nacional de vacinação". Outra das causas, que é cada vez mais comum, é a doença hepática causada pelo fígado gordo que, em alguns doentes, pode evoluir para cirrose, sugere o médico. 

Esta última condição "é prevenível pelo emagrecimento e pelo controlo da diabetes". Quando está relacionada com os vírus, existe tratamento próprio, e quando é causada pelo consumo de álcool o melhor é mesmo parar de beber. Todos são tratamentos eficazes se forem cumpridos à regra. 

Quando se é diagnosticado com esta doença, normalmente, é necessário adaptar a alimentação. O médico recomenda "uma dieta com baixo teor de sal, pobre em gorduras saturadas e carnes vermelhas, rica em vegetais, pescado e fruta (duas a três peças ao dia)".

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